Até ao final deste mês a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) vai apresentar ao secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, a proposta final de intervenção na Lagoa de Óbidos.
Os responsáveis da APA reuniram a 12 de Março com os autarcas das Caldas e de Óbidos, tal como tinha sido anunciado em Janeiro por Paulo Lemos, quando se deslocou oficialmente à Foz do Arelho por causa da intervenção de urgência na Aberta.
Este encontro estava previsto para se realizar em Janeiro, mas só se concretizou em Março. Em declarações à Gazeta das Caldas, o secretário de Estado do Ambiente, que é caldense, referiu que o balanço da reunião é positivo. “Foram expostas as dúvidas que havia em relação ao projecto inicial, por parte dos autarcas e nós vamos tê-las em consideração antes de tomarmos uma decisão”, afirmou.
Em causa estão “as dúvidas relativamente à solução apresentada pelo LNEC”, nomeadamente a construção de um dique.
Segundo Paulo Lemos, a decisão tem que ser tomada rapidamente para que se possa apresentar uma candidatura a fundos comunitários.
Na reunião, que decorreu nas instalações da Junta de Freguesia da Foz do Arelho, o LNEC apresentou uma nova solução para a construção do dique de guiamento para fixar a embocadura. Nesta proposta o muro surge mais baixo, com uma cota máxima a seis metros do zero hidrográfico, o que quer dizer que teria mais de dois metros acima do nível da água. Também a extensão visível do muro foi reduzida em 50 metros.
Esta solução não agrada às autarquias (juntas de freguesia e câmaras municipais) que defendem uma intervenção sem impactos ambientais. De acordo com o presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, “mesmo com a construção do dique não há garantias, por parte do LNEC, que a aberta não corre o risco de se deslocar”, disse à Gazeta das Caldas.
O autarca explicou ainda que, mesmo com a construção do dique, continuariam a haver custos de manutenção da aberta, o que levou as autarquias a querer outras alternativas.
Na reunião ficou ainda assente que os municípios estão disponíveis para, numa relação tripartida (entre as autarquias e o ministério do Ambiente), encontrarem uma solução de manutenção das dragagens, após a intervenção. Estes custos andam na ordem dos 250 mil euros anuais, um valor “aceitável” para Humberto Marques, que considera que assim será possível evitar custos financeiros e ambientais mais elevados no futuro.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

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1 COMENTÁRIO

  1. Fixar a embocadura da lagoa será o principio do fim.

    A aberta não deixará de migrar por causa disso. Rapidamente a embocadura assoreará e uma nova aberta se abrirá ao lado, reduzindo os pontões àquilo que sempre serão, uns mamarrachos a destruir a paisagem. Depois alguém sugere que se faça também um enrrocamento longitudinal para impedir que a aberta abra ao lado dos pontões…

    Gastam-se mais uns milhões e passados um par de anos a aberta abre uns metros ao lado do enrrocamento. Entretanto alguém discursa e afirma que já foram gastos milhões para chegar até ali, pelo que agora não se pode deitar tudo a perder e é necessário continuar e prolongar o enrrocamento…

    Quando nos dermos conta já não haverá lagoa, já não haverá praia… Haverá apenas um grande tanque de cimento, de aspecto industrial sem qualquer interesse paisagístico ou turístico…

    Tenham em mente que este tipo de obras dificilmente terá retrocesso se algo correr mal, uma vez que os custos de remoção seriam incomportáveis. O que lá meterem lá ficará, para sempre… Não ha volta a trás.

    A lagoa ainda está relativamente selvagem, é dai que vem a sua beleza e é isso que atrai o turismo. Vamos deixa-la assim.

    Que se drague sempre que necessário, que se mantenham caudais saudáveis, mas por favor, “afastem-se do cimento”.

    Em questões complicadas de dinâmica costeira muitas das vezes a melhor coisa a fazer, é mesmo nada fazer.