Constantemente somos aconselhados a poupar, a fazer férias cá dentro (mas a juventude a trabalhar lá fora), a caminhar, a não fumar, tudo “pela sua saúde”.
Por essa razão, os nossos passeios cada vez mais são circunscritos à cidade e arredores.
Mesmo assim, valem a pena, pela ocupação da cidade, combatendo-se desta forma a sua aparente desertificação. Incluídos estão neste roteiro cá dentro, a Mata Rainha Dª Leonor e o Parque D. Carlos I.
Pena é que a par destas duas manchas verdes emblemáticas, não despontem mais jardins ou pequenas zonas verdes na cidade, que fizessem concorrência a tantas rotundas, que tão úteis e indispensáveis se tornaram na maior fluidez do trânsito, provocando um contraste propositado ao betão e ao alcatrão.
Não deveríamos viver somente à custa do inevitável verde da periferia, nem dos afamados verdes do Parque e da Mata.
Talvez se as ruas tivessem algumas árvores plantadas, a ideia da desumanização da cidade e da sua desertificação se esbatesse um pouco.
Em contrapartida, a bem do comércio tradicional a cidade se traveste mesmo com árvores de natal de plástico, e o efeito conseguido alegra as almas consumidoras e panteteia a beleza virtual, que se fosse natural poderia engalanar a cidade todo o ano, desamarrando a idéia permanente da construção massiva.
Mas na procura do verde tranquilizante, a Mata para mim continua a ser o pretexto para caminhar e sintonizar a minha respiração com um dos pulmões da cidade.
Por lá caminhei no passado domingo, até que a minha visão do verde passou para o negro, o caminho que pisava, à minha frente tinha uma passadeira de beatas, eram tantas, como as fotos documentam, o odor tão intenso a tabaco, que por momentos, me senti defraudado no ar que respirava, e bramei porque os crimes contra a natureza neste país são punidos tão morosamente, porque o ser humano não compreende que tudo o que afeta a natureza, afeta-nos directamente, afeta nossos filhos, afeta nossos netos, compromete o hoje e o amanhã.
Desejamos fazer da Mata um cinzeiro? E depois?
Daniel Rabiais










