O antes&depois do Surf em Peniche

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Peniche é hoje completamente diferente do que era em 2009, no ano em que recebeu pela primeira vez uma etapa da elite do surf mundial

Uma visita a Peniche hoje, para quem conhecesse a cidade há 20 anos, não deixa margem para dúvidas. A zona citiadina, mas também toda a área até Ferrel, por exemplo, conheceu um desenvolvimento grande O florescimento de negócios e a vida que o concelho tem hoje são diferentes de outrora.
A realização das etapas da elite mundial do surf, desde 2009, foi um dos grandes (se não o grande) pilares desse desenvolvimento, que extravasa as fronteiras do concelho.
Francisco Spínola é o presidente da World Surf League para a Europa, África e Médio Oriente e é ele que, à Gazeta das Caldas, recorda o processo de trazer para Peniche esta etapa da elite mundial do surf. “A Ripcurl já organizava provas no concelho de Peniche e vimos o potencial”, lembra. “Acreditámos que seria possível”, disse. Todos os anos havia uma prova móvel, o Ripcurl Pro Search, que mudava de sítio a cada edição. Enquanto trabalhava na Ripcurl pensou que seria uma oportunidade de inscrever Portugal e Peniche como anfitrião. “A prova correu de tal forma bem, as ondas foram tão boas, que os surfistas e a WSL viram em Peniche o potencial para a prova ficar”.
Depois foi juntar uma série de apoios para tornar possível a realização e que “permitiram que uma prova one shot pegasse de estaca em Portugal e hoje é inimaginável não se realizar em Portugal”.
Francisco Spínola realça o impato económico da prova e revela que, tal como se fez noutros anos, estão a preparar um novo estudo sobre o tema. Recorda “o que era Peniche antigamente e o que é hoje em dia, e não só Peniche, porque o evento ultrapassa em larga escala Peniche e o Oeste, as principais zonas de surf de Portugal beneficiaram muito com a notoriedade e o impacto mediático brutal que a prova trouxe”, nota.
Por outro lado, o “surf trouxe uma quebra de sazonalidade brutal e isso foi fundamental”. Ao contrário da afluência balnear, focada em julho e agosto, “o surf traz o oposto, porque julho e agosto são normalmente os piores meses de surf do ano. Na altura em que as taxas de ocupação estavam praticamente a zero, o surf veio criar aqui uma nova fonte de receita para o comércio, hóteis e para tudo um pouco”, conta. Acresce que surgiu uma série de negócios associados ao surf, como as escolas de surf e surfcamps, entre outros, onde se encontra “uma taxa de empregabilidade jovem brutal”. Um fator importante. “Antigamente em Peniche os jovens quando não iam estudar iam para a pesca, por exemplo”, disse. “O surf traz uma vantagem competitiva real para o país, porque dificilmente se consegue replicar a qualidade das ondas da nossa costa”. ■

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