O 9º ano e agora?

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 Vítor Lapa
diretor dos Núcleos de Caldas da Rainha e Peniche do Centro de Formação Profissional da Industria Metalúrgica e Metalomecânica (Cenfim)

O 9º ano e agora? Esta é a questão que se coloca aos milhares de alunos que nesta fase estão a frequentar o 9º ano de escolaridade. E qual a resposta correta? Não existem respostas corretas ou erradas, podem fazer-se escolhas mais ou menos acertadas, mas só o futuro nos poderá trazer alguma certeza.
Acima de tudo, o importante é que os alunos possam fazer uma escolha informada, ou seja, que tenham na sua posse informação sobre as áreas de ensino disponíveis, as áreas profissionais e cursos profissionais existentes, tanto na sua escola como noutras escolas e centros de formação do concelho e região.
Para além do conhecimento da oferta formativa, onde se incluem os cursos do ensino regular e os cursos profissionais, é fundamental perceber a vocação do aluno e se a sua vontade está mais direcionada para a continuidade dos estudos ou se pondera a hipótese de integrar o mercado de trabalho após terminar o secundário, deixando para essa altura uma decisão sobre a candidatura ou não ao ensino superior.
Atualmente existe um concurso próprio de acesso ao ensino superior para alunos do ensino profissional, que não obriga à realização dos exames nacionais, possibilitando que um maior número destes jovens possa dar continuidade aos seus estudos.
Embora um dos objetivos do estado português seja que metade dos alunos que concluem o ensino secundário o façam pela via profissional, aproximando-se da média dos países europeus mais industrializados e mais fortes economicamente, persiste na opinião pública e, infelizmente, nalguns profissionais de educação, o estigma que o ensino profissional é para alunos com poucas capacidades e que não têm condições de ingressar no ensino superior.
Nada mais errado! Só posso atribuir esta opinião ao desconhecimento, pois quem está ligado ou passou pelo ensino profissional terá seguramente uma opinião bem diferente.
Não existem modalidades de ensino melhores ou piores, tratam-se de sistemas de ensino/aprendizagem distintos que servem públicos com características e objetivos diferenciados, mas que no fundo se complementam na sua missão de formar a população.
O importante é a qualidade do ensino, seja regular ou profissional, e o empenho e dedicação que os seus profissionais colocam ao serviço dos nossos jovens conduzindo-os ao sucesso.
É do conhecimento geral, a escassez de profissionais qualificados para alguns dos principais sectores de atividade como por exemplo o Turismo (Hotelaria e Restauração), a Construção Civil e a Indústria no seu geral.
No setor da Metalurgia, Metalomecânica e Eletromecânica, para o qual o CENFIM forma profissionais qualificados, estima-se a necessidade de cerca de 30 000 trabalhadores.
Contudo, a modernização do sector, que hoje é muito mais informatizado que pesado, obriga à contratação de pessoas qualificadas e especializadas, o que dificulta o recrutamento por parte das empresas que se vêm impedidas de expandir os seus negócios por falta de mão de obra especializada. Esta é uma das razões para que a empregabilidade dos jovens que se formam nesta área seja praticamente de 100% e que os seus salários se situem acima da média nacional.
Para se resolver esta asfixiante falta de mão de obra qualificada para os diversos sectores de atividade é imprescindível a valorização do ensino profissional, para que os jovens olhem esta modalidade de ensino como uma oportunidade de futuro e não apenas o último recurso face às supostas “incapacidades e insucesso no ensino regular”.
Cabe às Escolas, através das suas Direções, assegurar que aos alunos chega o máximo de informação disponível, e aos serviços de orientação escolar e vocacional apoiar os alunos e os seus encarregados de educação a fazer as escolhas mais acertadas considerando as suas capacidades, vocação, perspetiva profissional e empregabilidade. Esta é uma tarefa muito difícil, pois é uma idade de poucas certezas e muitas indecisões, mas uma coisa é certa, a escolha terá que ser do jovem e da sua família, pois trata-se da sua vida e da sua felicidade.
Devemos TODOS, Autarcas, Diretores de Escolas e Centros de Formação, Comunidade Educativa e Formativa e Famílias, deixar os interesses corporativos e pessoais de lado e, de uma vez por todas, colocar o interesse dos nossos jovens em primeiro lugar, dando-lhes a oportunidade de decidir o seu futuro!
Portugal agradece.

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