Ao fim da tarde da passada sexta-feira, 18 de Agosto, um toirão (mustela putorius) – que é um furão selvagem -, que havia sido recolhido na Praça 25 de Abril, nas Caldas, foi devolvido à natureza, no Paul de Tornada, onde existem outros exemplares desta espécie. Mais de 20 pessoas assistiram ao momento. O toirão foi encontrado na Praça 25 de Abril por três jovens amigos que tinham saído do trabalho e estavam a conversar naquela zona. Foi depois transportado pelo SEPNA da GNR das Caldas para o CRAS Montejunto, que o tratou e libertou. O trabalho destas duas organizações foi recentemente dado a conhecer na Gazeta dos Animais.
Três jovens amigos, saídos do trabalho, estavam sentados a um domingo pouco depois da meia-noite perto da igreja a conversar. De repente vêem um bicho, que lhes parecia uma ratazana ou um gato, a correr na Praça 25 de Abril e a vir na sua direcção.
Quando se aperceberam que era um furão, decidiram tentar apanhá-lo porque trata-se de um animal pouco comum e porque pensaram que seria um animal de estimação perdido.
Encurralaram-no junto aos canteiros do tribunal e ligaram para o veterinário, que os encaminhou para a PSP. A força policial encaminhou três agentes ao local, mas foram os jovens quem tomou a dianteira. Um deles foi buscar uma transportadora de gato e ração a casa.
Depois foram cerca de 20 minutos a correr atrás do bicho até o cansar e se deixar apanhar junto às Finanças.
A PSP não se responsabilizou pelo animal, mas os jovens amigos decidiram levá-lo ao veterinário, por volta das 2h30. O animal estava demasiado agitado e, sempre com o seu sentido de sobrevivência, tentou atacar o veterinário.
Os jovens fizeram um post no Facebook para ver se o furão pertenceria a alguém. Como ninguém se manifestou, encaminharam o caso para a GNR que tem a equipa do SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente).
O animal era afinal um toirão (mustela putorius) que é muito semelhante a um furão, mas selvagem. As diferenças são ao nível da pelagem. Este era um macho, adulto, com 47 centímetros de comprimento e tinha uma infecção no ouvido. Estava debilitado e desidratado.
Os toirões são pequenos carnívoros que existem na Europa, Norte de África e Ásia Ocidental. São da família das doninhas e podem atingir um peso superior a um quilo. São muitas vezes capturados para se vender a pele ou para cruzar com furões e para depois os utilizar na caça aos coelhos. Um dos maiores riscos é que, com os cruzamentos entre as duas espécies, esta desapareça.
A equipa SEPNA da GNR recolheu o animal e transportou-o para o Centro de Recolha de Animais Selvagens de Montejunto (CRASM).
Depois de tratado e de ter sido testado se caçava, foi trazido por responsáveis do CRASM para o Paul de Tornada, onde já existem outros exemplares desta espécie. Aí mais de 20 pessoas, entre as quais muitas crianças, esperavam para ver o pequeno animal regressar a “casa”.
Mais de 20 pessoas juntaram-se ao fim da tarde no Paul, para assistir à libertação do animal |Isaque Vicente
A libertação ocorreu num dos trilhos do Paul, já perto do final da tarde. É que, como o toirão é um animal noctívago, está mais activo durante a noite. A ideia é que este procurasse alimento e local para descansar no período em que tem mais energia.
As mais de 20 pessoas que queriam assistir ao momento fizeram meia lua e a caixa onde o animal foi transportado foi colocada com a porta virada para o lado oposto ao das pessoas. Depois de se mostrar aos curiosos, num segundo o animal assustou-se e fugiu, refugiando-se na natureza.
Constança Filipe, de 11 anos, já conhecia o Paul. “Já vim cá várias vezes fazer passeios e gosto, é um sítio giro em que estamos na Natureza”, contou a jovem, acrescentando que “é bom que ainda existam sítios como este onde se pode ajudar os animais e as plantas”.
Sobre a libertação do toirão disse que estava contente porque “o Homem cuidou dele e devolveu-o à Natureza e não o prendeu, por exemplo, num jardim zoológico”.
Um sentimento parecido teve Eduardo Santos, que também tem 11 anos. “Fiquei feliz por vê-lo regressar a casa depois de ter estado doente”, explicou, acrescentando que o toirão “é uma espécie muito gira que nunca tinha ouvido falar”.