Vítor Hugo Lopes, de 28 anos, é natural da Benedita, onde estudou até ao final do secundário. A Escócia foi o destino escolhido para realizar os estudos em Medicina que entretanto já terminou, encontrando-se actualmente no segundo ano da especialidade de Radiologia Clínica, num hospital em Londres (Inglaterra). “Neste momento estou contente com o desafio que escolhi”, disse o jovem médico á Gazeta das Caldas, numa entrevista concedida durante a sua carta estadia na terra natal, para celebrar o seu aniversário e o Dia da Mãe.
Fátima Ferreira
Março de 2006. Vítor Hugo Lopes ainda frequentava o 12º ano na Benedita e deslocou-se à Escócia para fazer uma entrevista de ingresso na Universidade de St. Andrews, para frequentar o curso de Medicina. Viria a ser admitido, saindo de Portugal aos 18 anos para apenas cá voltar nas férias, apesar de nesse mesmo ano também ter sido aceite numa faculdade portuguesa de medicina. “Queria experimentar um mundo novo, falar outra língua, viver noutro sítio”, diz o jovem médico, recordando que o processo de admissão na faculdade na Escócia é mais individualizado, com uma entrevista ao candidato e análise do seu perfil humano e de interacção com os outros, aliada a uma parte técnica, de comentário de um artigo científico e a interacção com os entrevistadores. “É algo mais abrangente do que um currículo ou um processo escrito”, salienta, referindo-se ao caso português. Os três primeiros anos foram passados em St. Andrews, na Escócia, e os três seguintes em Manchester, no Reino Unido. No último ano da licenciatura optou por Estudos Europeus e o último semestre foi passado em Madrid, no âmbito do programa Erasmus. Depois, Vítor Hugo Lopes concorreu para o internato geral (dois anos) em Londres. Agora está no segundo ano da especialidade em Radiologia Clínica. “Foi uma descoberta tardia”, diz o jovem médico que inicialmente pensou em seguir Oftalmologia. “São duas especialidades visuais”, conta. A Radiologia Clínica é uma especialidade fundamentalmente de diagnóstico e há várias modalidades de Imagiologia, como é o caso das radiografias, ecografias, ressonâncias, TAC, fluoroscopia e medicina nuclear. Os exames feitos são depois analisados por estes especialistas, bem como a realização de reuniões multidisciplinares, sobretudo para debater casos malignos e mais complexos. Vítor Hugo Lopes passa parte dos seus dias a analisar os exames e a debater com outros clínicos sobre o tipo de exames a realizar com os seus pacientes.
UMA PROFISSÃO QUE É TAMBÉM UMA VOCAÇÃO
Em pequeno Vítor Hugo Lopes queria ser investigador e como havia médicos que se dedicavam também a esta área, pensou que seria uma boa opção. “Aos 17 anos é muito difícil perceber se uma pessoa tem vocação”, refere o jovem, que faz um balanço muito positivo da sua escolha, tanto mais que a faculdade que frequentou era muito intercultural, o que se revelou uma experiência enriquecedora. Fora do país há 10 anos, diz que hoje voltava a fazer o mesmo. “Sinto-me muito feliz por ter tido o apoio da minha família para fazer algo que era muito pouco comum na altura”, conta. Considera que a vida de médico não é fácil pois exige muito da pessoa, tanto a nível físico como intelectual. Também dependendo da especialidade e da carreira que segue, há compromissos a que não pode ir nem ter tanta disponibilidade quanto seria desejável, destacando que esta é uma profissão mas também uma vocação. Por outro lado, é uma carreira “muito polivalente”, acrescenta. A investigação, que era um sonho de criança, poderá ser uma das suas bases de trabalho no futuro porque “um médico tem que ser um profissional, um académico, professor e sempre em actualização”. A semana passada, os médicos fizeram pela primeira vez uma greve geral em Inglaterra, em 68 anos de Serviço Nacional de Saúde, por causa dos cortes neste serviço e as condições de trabalho dos médicos internos. Vítor Hugo Lopes reconhece que os médicos são tidos como uma classe privilegiada, mas por outro lado, este é uma profissão que implica muita responsabilidade, experiência e exigência do trabalho.
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