Todos os treinos são uma surpresa no Crossfit

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2016-05-06 Primeira.inddÉ uma modalidade recente que só começou a ganhar popularidade na viragem deste século. Às Caldas chegou há pouco mais de um mês, mas tem conquistado cada vez mais adeptos que a descrevem como viciante. Chama-se CrossFit e caracteriza-se por aliar movimentos funcionais a um treino de alta intensidade e constantemente variado. Entre os praticantes encontram-se tanto homens como mulheres, jovens e adultos. O CrossFit é para todos, pois permite adaptar o treino à condição física de cada um.

Texto e fotos: Maria Beatriz Raposo

mbraposo@gazetadascaldas.pt

A aula de CrossTraining para os instrutores do Queens Fitness Club estás prestes a começar. CrossTraining? Sim, este ginásio não está autorizado a usar a designação “CrossFit” porque, à semelhança do Zumba ou do BodyPump, trata-se de uma marca registada internacionalmente. Isto significa que a sua utilização implica o pagamento de direitos à empresa mãe, a CrossFit Incorporation. Os ginásios oficiais da modalidade também têm nome próprio. Chamam-se Box e os seus treinadores são acreditados como profissionais certificados. Ainda assim, o CrossTraining assenta nos mesmos princípios do CrossFit, com a diferença que não pode adoptar a denominação original. Ou seja, consiste num treino constantemente variado com exercícios funcionais (que realizamos no dia-a-dia), praticado num nível de elevada intensidade. São desenvolvidas competências relacionadas com a condição física, flexibilidade, equilíbrio, agilidade, coordenação motora, precisão, velocidade, resistência muscular e cardiorespiratória. A percentagem de massa gorda é ainda reduzida à medida que o corpo fica mais tonificado. Basicamente, um atleta de CrossFit não é especializado em nenhuma actividade física em particular, mas está apto a conseguir ser eficiente num vasto leque de modalidades.

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TRÊS FASES DE TREINO
Está na hora da aula. O plano de treino é escrito a caneta no espelho da sala onde vai decorrer a sessão. Excepto o treinador, ninguém sabe quais são os exercícios previstos. Normalmente, os programas de treino estão disponíveis em aplicações específicas e adoptam o nome de mulheres em inglês (Karen, por exemplo).
O aquecimento é composto por cinco exercícios e, embora esteja planeado para ser executado a um ritmo não muito acelerado, os instrutores (que têm maior resistência física) mostram-se dispostos a aumentar a potência logo nos primeiros minutos. E confirma-se: aquilo que é suposto ser apenas a primeira fase do treino já faz transpirar todos os praticantes. Segue-se a segunda parte – Skill – que desafia os alunos a treinarem um exercício técnico. Neste caso o trabalho é feito com uma barra que deve ser levantada com os braços num movimento que é dividido em quatro fases. Aqueles que melhor dominam a técnica vão aumentando a carga da barra (alguns chegam aos 70 quilos), enquanto os mais “verdinhos” treinam com menos peso. “Esta modalidade assenta muito na execução técnica, não só porque esta evita lesões, mas também porque aumenta a eficiência do treino”, explica o treinador Paulo Guilherme, que hoje está do “outro lado” e faz parte da turma de instrutores. A terceira e última etapa da aula junta a técnica à explosão e intensidade e trabalha essencialmente três variantes: levantamento de peso olímpico, movimentos da ginástica olímpica e a condição cardio-respiratória. Designa-se WOD (“Workout Of The Day”) e neste caso é composto por dois exercícios que demoram dois minutos cada um. Nos primeiros 120 segundos os praticantes têm que levantar uma barra do chão e elevá-la de braços completamente esticados e nos dois minutos restantes devem deitar-se de barriga para baixo, levantar-se de imediato, saltar a barra (colocada no chão) e repetir o movimento do outro lado (e assim sucessivamente). O WOD é feito aos pares: enquanto um aluno o executa, o colega contabiliza o número de repetições que este concretiza. No final, os resultados também são apontados no espelho. Embora haja algum espírito competitivo no ar, o trabalho de equipa é superior à vontade de alcançar a melhor marca.
“Há um companheirismo muito grande, todos puxam uns pelos outros e não há ninguém que passe para a fase seguinte do treino sem os colegas terem terminado”, acrescenta Paulo Guilherme. No material de CrossFit incluem-se barras, pesos de borracha (específicos para a modalidade), kettebells, argolas, sistema de TRX, bolas medicinais, pneus e cordas. Daniel Madeira e Ana Martins são dois utentes do Queens Fitness Club que se iniciaram na modalidade há cerca de um mês, quando o ginásio passou a oferecer este serviço. “Há um ano que praticava sozinha as técnicas base do CrossFit, mas agora tenho oportunidade de evoluir muito mais graças ao apoio dos instrutores e dos próprios colegas de aula, que muitas vezes nos incentivam a dar mais quando achamos que já chegámos ao nosso limite”, diz a jovem de 21 anos, revelando sentir-se agora mais confiante no seu dia-a-dia. Para Daniel Madeira, 35 anos, o CrossFit proporciona um treino completo, complexo e desafiante em pouco tempo (aproximadamente uma hora). “Saímos constantemente da nossa zona de conforto, porque mesmo que dominemos uma técnica conseguimos dificultar a sua execução com o aumento progressivo das cargas”, afirma o atleta, salientando que a modalidade é igualmente acessível a homens e mulheres, assim como a mais novos e mais velhos. Além do Queens Fitness Club, a partir do dia 7 de Maio o Balance das Caldas da Rainha também disponibiliza aulas de CrossTraining numa nova extensão do ginásio: a Área 51. O programa da inauguração do novo serviço tem início às 9h15 e termina às 13h15 e inclui três aulas desta modalidade e dois workshops (um dedicado às lesões mais frequentes no CrossFit e outro sobre o regime alimentar mais praticado neste desporto)

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