Veículos a gasolina continuam a ser os mais vendidos no país, mas os eletrificados já representam a maioria das novas matrículas
O panorama do mercado automóvel já mudou. Se ainda há pouco mais de 10 anos os automóveis 100% elétricos ainda eram algo de um futuro longínquo, a obrigatoriedade de reduzir as emissões de carbono e restantes gases com efeito de estufa obrigaram a uma repentina mudança no mercado automóvel, que já é mensurável no nosso país.
Segundo dados da Associação de Comércio Automóvel de Portugal (ACAP), os veículos com algum tipo de eletrificação – o que inclui os 100% elétricos (BEV), híbridos (HEV) ou híbridos plugin (PHEV) – veículos que combinam motores de combustão com motores elétricos e baterias que podem ser recarregadas através de uma tomada – já representam 47,1% das vendas, superando assim as novas matrículas dos automóveis com motores exclusivamente a gasolina, que representam 39,6% das vendas. Estes são dados para os primeiros cinco meses deste ano.
Outro dado curioso é que os automóveis elétricos a bateria atingiram nos primeiros cinco meses de 2023 uma quota de mercado de 15,6%, superando a venda de automóveis com motores exclusivamente a gasóleo, que representam 13,4% do total.
Trata-se de um marco assinalável, tendo sobretudo em conta que os motores diesel eram até há não muito tempo da preferência da maioria dos automobilistas portugueses, pela sua fiabilidade e baixo consumo de combustível, o que se associava, também, ao custo mais reduzido do próprio gasóleo face à gasolina.
Os números apontam para em 2023 se venha a fixar um novo recorde de vendas de automóveis elétricos a bateria. Segundo a Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), em 2020 o total deste tipo de veículos matriculado em Portugal atingiu os 8137, em 2021 subiu aos 14057 e no ano passado atingiu os 20 mil. Já o número combinado de BEVs e PHEVs atingiu nos primeiros cinco meses do ano os 24 mil, face ao 36 mil comercializados em todo o ano passado.
Ainda de acordo com a UVE, a Tesla é a marca que mais elétricos vende em Portugal, mesmo combinando BEVs e PHEVs. Nos 100% elétricos, a marca de Elon Musk supera as vendas dos três competidores seguintes, a Volkswagen, a BMW e a Peugeot. A Mercedes-Benz fecha o top 5. Nos PHEV, é a BMW que lidera, seguida de perto pela Mercedes-Benz. Peugeot, Volvo e Land Rover completam o top 5.
De janeiro a maio deste ano venderam-se em Portugal 88 mil novos automóveis ligeiros de passageiros, destes, 41 mil são eletrificados, 34900 a gasolina, 13900 são híbridos, 13700 são 100% elétricos, 11800 são a gasóleo e 9700 são híbridos plugin.
Ainda de acordo com a ACAP, o mercado automóvel está em franca retoma no corrente ano. Face a igual período do ano passado, os mais de 88 mil automóveis ligeiros de passageiros novos vendidos em Portugal correspondem a um crescimento de 46,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
O mês de maio foi particularmente positivo para setor. Foram matriculados 19816 automóveis, com um crescimento homólogo de 54,6% face ao mesmo mês de 2022.
Na globalidade do mercado automóvel, juntando aos ligeiros de passageiros os pesados de passageiros e os ligeiros e pesados de mercadorias, foram colocados em circulação em Portugal 101.510 novas viaturas, mais 40,4% do que nos primeiros cinco meses de 2022.
Estes números significam uma recuperação do setor, mas este ainda fica aquém dos registos anteriores à pandemia.
A comparação com 2019 indica que o início deste ano ainda fica 16,4% abaixo do último ano pré-pandemia, no mesmo período.
Quanto ao mercado na região, o Instituto Nacional de Estatística ainda só disponibilizou os dados referentes a 2021, mas estes indicam uma forte queda das vendas face a 2019.
Em 2020, foram matriculados no Oeste 5.008 viaturas, uma queda de 36,5% face ao ano anterior. Em 2021 o mercado estabilizou, mas ainda com perdas na ordem dos 1%, com o total a cair abaixo das 5000 viaturas. As quebras foram ainda maiores quando limitada a amostra aos ligeiros de passageiros, Em 2020 o mercado deu um tombo de 38,9% e agravou mais 4,6% em 2021. Os dados nacionais apontam a uma recuperação em 2022, que deverá ter, então, continuidade neste ano, se a região seguir a tendência nacional. ■

































