Aos cadernos artesanais que são peças decorativas, Aisha Ferreira junta agora produtos de mesa, almofadas e abajours, tendo como matéria-prima tecidos africanos
Arquiteta de formação, Aisha Ferreira vivia em Londres e trabalhava no escritório de uma empresa de execução de obras. Esse trabalho técnico levou-a a ter de arranjar um passatempo em que pudesse usar a criatividade. Como as pessoas com quem trabalhava eram oriundas de vários países, quando iam de férias traziam-lhe tecidos das suas terras natais, que a jovem não usava no dia a dia, mas aos quais gostaria de dar um destino artístico. Comprou uma máquina de costura e começou por trabalhar com tecidos para fazer encadernações artesanais. “Fui frequentando as feiras, cursos e workshops. Em Londres a comunidade inglesa de encadernadores é grande, devido à sua história de conservação dos livros”, conta a empreendedora. Ainda na capital inglesa, descobriu que a cidade possui grandes mercados de tecidos com motivos africanos. Foi assim que Aisha Ferreira, natural da Guiné-Bissau, foi percebendo que o caminho passaria para criação de peças de decoração tendo por base, na grande maioria, tecidos africanos.
A marca Sense Tree nasce, assim, da sensação que os seus produtos provocam em quem os adquire. “Cada vez que oferecia um caderno, a pessoa tocava nele, para sentir o tecido e depois dizia que era tão bonito por causa das cores e da textura, que nasceu a Sense Tree (árvore dos sentidos)”, também numa alusão às árvores frondosas, como o embondeiro, que são uma marca da paisagem africana.

Depois de perceber que os cadernos, e também caixas, são um objeto de decoração e de preservar as memórias, Aisha Ferreira percebeu que podia desenvolver muitos outros objetos dentro da sua marca, que fizessem parte dessa sua forma de estar. E começou a delinear produtos de life style, para pessoas que gostam de cor, alegria e de estarem ligadas à cultura africana, por serem naturais desse continente ou por o terem visitado e guardarem boas recordações.
Neste momento, a empreendedora está a fazer os caminhos de mesa e individuais e pretende, até ao Verão, lançar as almofadas e os abajours. “Depois, com certeza que virão outros produtos”, salienta. A pandemia veio atrasar um pouco as coisas, mas Aisha Ferreira reconhece que também lhe deu tempo para pensar com calma o que pretende fazer. “É um trabalho que tem um impacto enorme na vida das pessoas, não só nas que compram, mas também nas que o apreciam”, conta à Gazeta das Caldas a empreendedora, que trabalha com dois tipos de tecidos: os panos de tear (também conhecidos como panos de pente), que são originais da Guiné-Bissau e as famosas capulanas. É com eles que cria os produtos de decoração de mesa, almofadas e abajours. Um dos valores inclusivos da Sense Tree é o da identidade, não só com os panos mas também no processo de feitura dos cadernos, em que faz a costura manual e o papel utilizado é sem álcool para poder preservar a escrita durante mais tempo.
Perfecionista no seu trabalho, Aisha Ferreira desenha e concebe todas as peças que saem para o mercado. “Para além de testar o produto em termos de produção, tenho de o testar em termos de uso, para ver como funciona. No caso dos individuais, vou ter de os colocar na máquina de lavar para perceber o comportamento do tecido, e lavar à mão, para ver se as cores se preservam”, exemplifica.
Com ateliê no Caldas Empreende, Aisha Ferreira recebe encomendas através das redes sociais, nomeadamente Facebook e Instagram. Conta ter, até ao final do mês de maio, stock pronto para mostrar no Etsy, uma plataforma americana de e-commerce focada em produtos artesanais, artísticos e vintage.
“O meu trabalho passa muito de boca em boca e a garantia de satisfação é essencial”, conta a empreendedora, cujo objetivo é “poder ter clientes felizes”.

































