Num tempo em que a sociedade portuguesa se divide, Caldas da Rainha dá o exemplo com a pacífica aprovação de uma proposta de “consenso mínimo” emanada de uma comissão da Assembleia Municipal, defendendo a fusão das associações que gerem o CCC, a Expoeste e o Centro da Juventude.
Estas associações “sem dono”, geradas nos mandatos do anterior presidente, Fernando Costa, porque não gostava de empresas municipais, foram a solução para entidades dirigidas por patrões emprestados ao município, que pagava.
O novo presidente da Câmara, Tinta Ferreira, já diz que, se pudesse integrar os colaboradores das associações na autarquia (o que é ilegal), propunha a sua extinção. Mesmo assim, aceita a sua fusão, com o argumento de melhorar a eficácia e eficiência na gestão de recursos e de pessoas, podendo optimizar os custos.
Em boa hora o MVC – Movimento Viver o Concelho levou esta proposta por diante, conseguindo recolher o apoio de todas as forças partidárias, o que pode ajudar a criar uma nova forma de gerir equipamentos e cerca de três dezenas de pessoas da Culturcaldas (CCC), da ADIO (Expoeste) e da ADJ (Centro de Juventude).
Esta solução promete ser mais produtiva e barata para todos os contribuintes locais. Provavelmente terão que pensar mais largo, pois agora com a integração na Câmara do Hospital Termal, Parque e Mata, Pavilhões do Parque (tendo ficado de fora, por acaso, os Museus da Cerâmica e José Malhoa), o património municipal vai crescer e não existem recursos humanos suficientes.
Tem razão o MVC ao defender que a criação de uma única associação para a gestão dos equipamentos municipais, servirá melhor na definição de um plano integrado de comunicação, um plano de sustentabilidade, a elaboração de uma política cultural e um novo modelo de gestão. Só foi pena o tempo perdido até agora.
O a
ctual executivo de Alcobaça herdou um conflito gerado por uma decisão dos seus antecessores de 2008, presididos pelo falecido presidente, Gonçalves Sapinho, em criar uma PPP para construir no concelho seis centros escolares.
Nesse ano estava o mundo em vésperas da grande crise económica e financeira mundial. E os autarcas de Alcobaça, tal como a maioria dos governantes que entraram nestes negócios, não sonhavam as reais consequências das suas decisões, que ainda hoje se estão a pagar bem caras.
Mas o intrincado processo em que o município alcobacense caiu parece mais complicado e sem saída possível, do que tudo o resto que aconteceu por esse mundo fora.
O Tribunal de Contas recusou liminarmente esses actos e inviabilizou o plano de recuperação dos empréstimos entretanto concedidos. E agora, oito anos depois, ninguém sabe o que fazer.
As finanças penhoraram o edifício do Centro Escolar de Alcobaça, devido a uma dívida ao fisco que já atingia os 246 mil euros e pretendia pôr à venda em leilão o direito de superfície sobre o imóvel.
Zé Povinho sabe que faltou o bom senso no início do processo em 2007 e 2008, mas no final a solução adoptada parece ainda mais complicada para o património público.
Alcobaça está mesmo metida numa camisa de forças de que dificilmente se conseguirá desenvencilhar. Não deveria haver alguma boa alma que conseguisse ajudar a resolver este problema em defesa do interesse comum?































