Um jovem caldense cidadão do mundo. Ou, pelo menos, da Europa. Assim se pode definir o Dr. António Vieira, nascido nas Caldas da Rainha há 26 anos e a residir actualmente em Basileia (Suíça) depois de ter já vivido na Bélgica e na Eslovénia.
O contacto com vários culturas e o cruzamentos de visões díspares sobre a União Europeia deu-lhe a motivação e o conhecimento para se lançar numa tese de mestrado sobre o eurocepticismo suíço, que lhe valeu na Universidade Nova de Lisboa a brilhante nota de 19 valores.
No seu trabalho, este investigador estudou a correlação entre o sentimento de nacionalidade dos suíços e o seu eurocepticismo, chegando à conclusão que não é pelo facto de serem ricos que os suíços não querem pertencer à União Europeia, mas sim para preservarem muito a sua identidade.
Esta incursão pela “alma suíça” levou-o ainda a descortinar no seu sistema político algumas virtudes que deveriam servir de exemplo à pesada burocracia com que se move o processo de decisão na UE. Enquanto na Confederação Helvética os cidadãos têm uma voz activa e uma participação democrática intensa e próxima do poder, os europeus dos 27 assistem a tomadas de decisão realizadas por elites políticas que lhes são distantes e com os quais nem sempre se identificam.
Zé Povinho confessa-se grato por esta aprendizagem das idiossincrasias suíças que o Dr. António Vieira tão bem explanou nas páginas da Gazeta. E, por isso, só pode felicitá-lo e desejar-lhe que prossiga em mais amplos voos.
O Oeste não tem tido grandes protagonistas no poder central que lhe dêem alguma atenção, ou atenção idêntica à que outras regiões têm quando essa oportunidade lhes calha.
Não é que Zé Povinho seja muito apreciador destas predilecções com base na proximidade dos responsáveis, mas entende que as outras regiões mais mexidas e influentes têm tido os benefícios correspondentes, enquanto que o Oeste e as Caldas da Rainha vêem desde há quase um século outras regiões e cidades passarem à frente, às vezes com menos condições e mérito.
Mas também é certo que o desempenho local ou regional não tem sido, com coerência e argumentação condizente, merecedora muitas vezes de tal distinção ou apenas de alguma atenção.
No entanto, o que se está a passar neste momento mostra à evidência que este é um dos períodos mais obscuros para a região, porque maltratada pelo poder central. São as acessibilidades ferroviárias, as estruturas de dinamização turística, a organização judiciária e provavelmente a prazo a estruturação do sistema de saúde (para não falar das sempre esquecidas termas), em que as decisões dos diferentes ministérios penalizam duramente o Oeste.
Um episódio é sintomático. Enquanto o ministro adjunto vem defender a organização territorial baseada nas NUT´s III, em que o Oeste já tem um papel importante, outros membros do governo, nomeadamente a ministra da Justiça, volta à organização do território do século passado.
Parece mesmo que no governo cada um dita a lei para seu lado, apenas tendo como objectivo querer mostrar serviço ao chefe máximo das Finanças, Dr. Vítor Gaspar, não contando o primeiro ministro Passos Coelho nada para pôr os pontos nos iis. Provavelmente o Dr. Passos Coelho é mais sensível aos problemas e aos desafios de Trás-os-Montes, onde ele tinha algum protagonismo autárquico. Mas o Oeste, pelos vistos, é região que parece ignorar.
Zé Povinho lamenta que o primeiro-ministro não queira manter disciplina e coerência entre os seus ministros sobre a organização do território.






























