Sílvia Abreu vive nas Caldas há 20 anos e já deu o seu testemunho várias vezes. Foi vítima de violência doméstica em casa dos pais, padrão que se repetiu com ex-marido. Hoje em dia organiza sessões por todo o país para esclarecer diversos públicos sobre esta dura realidade que ainda hoje prolifera na sociedade portuguesa e procura alertar os outros para um problema grave da sociedade

Sílvia Abreu tem 43 anos e conhece bem o que é a violência na família e com o pai dos seus filhos. Viveu vários anos sujeita a situações de violência, física e psicológica e hoje usa a sua experiência para ajudar outras pessoas, esclarecendo vários públicos sobre este flagelo social. “A violência acompanha-me desde sempre”, nota a mulher, acabada de regressar do Faial (Açores) onde fez sessões do projecto “Recuso ser vítima”. A autora explicou à Gazeta das Caldas que tudo se desenrolou após ter dado o seu testemunho público aquando da apresentação do livro “Vidas Suspensas”, da jornalista Rita Montez em Outubro de 2018. Logo de seguida foi convidada para dar uma palestra na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro. “A sessão foi um sucesso, com o auditório cheio de professores e de alunos, todos em silêncio enquanto partilhei a minha história de vida”, disse Sílvia Abreu, acrescentando que nestes momentos de partilha “parece que há magia e há quem peça conselhos e há quem também conte a sua história. A mensagem é que a violência se vence com Amor”.
Representar em palco
Numa segunda parte, interactiva, Sílvia Abreu usa ferramentas ligadas ao teatro-fórum para representar situações que explicam melhor os contextos relacionados com vítimas e agressores. Alguns dizem que já viveram situações semelhantes e representam quais são as melhores estratégias para lidar com o assunto. Desde esta primeira sessão nunca mais cessaram os convites e tem estado em escolas de Norte a Sul do país. Fez sessões relacionadas com o Gabinete de Apoio à Vítima, associações contra a violência (AMVC e UMAR), câmaras municipais e a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens. A sua mensagem já chegou a centenas de pessoas. Chega aos jovens, aos seniores e também organiza palestras para técnicos sobre este problema social que prejudica tudo e todos nas sociedades.
“Há uma tendência para que os padrões se repitam e que a violência se vá perpetuando nas famílias”, disse a autora. Sílvia Abreu, presidente da associação Tocar n’Alma, que organiza iniciativas relacionadas com a arte terapia e com o desenvolvimento pessoal.
A mensagem dirigida aos jovens passa pela “necessidade de estudar, de viver os seus sonhos e que não é preciso ser apenas produto das suas circunstâncias”.Quem vive situações de violência “não se deve devolver o que nos fazem mas sim dizer Basta! E pedir ajuda sair daquela situação”, referiu. Nas sessões explica-se também que os primeiros sinais de um agressor (a) aparecem desde cedo e pede para que se esteja atento(a) se o seu companheiro (a) tem oscilações de humor extremas, se tem ciúmes obsessivos, se tem um discurso destrutivo, se tenta isolar, se controla o telemóvel ou a forma de vestir dos companheiros (as). “É preciso ter atenção pois são sinais de alerta típicos”, disse Sílvia Abreu que acha que quem quer sair destas situações deve pedir ajuda e “permitir ser ajudado(a)”. Sílvia Abreu pode ser contactada através do email recusoservitima@gmail.com.
































