
Há 50 anos sem interrupção que os viajantes das Caldas da Rainha se juntam num almoço de confraternização. Mas o almoço deste ano, que será realizado a 17 de Dezembro, não terá o ‘prato principal’ servido no restaurante – para comemorar o meio século desta iniciativa vai ser inaugurada uma estátua que será colocada na entrada norte da cidade.
O monumento, feito em chapa de aço corten de 12 milímetros, vai retratar o aperto de mão entre vendedor e cliente e é obra de João Brochado, um dos elementos da comissão organizadora do almoço deste ano. Será colocado na rotunda que liga as Rua Dr. Artur Figueiroa Rêgo e Prof. Abílio Moniz Barreto com a Avenida Artur Capristano, junto ao McDonald’s.
O autor da estátua conta que a obra significa o aperto de mão como símbolo do fechar de negócio. “É um acordo de cavalheiros, tem um grande significado para o vendedor, não estamos a retratar ninguém, mas toda uma classe, é uma homenagem ao vendedor”, disse.
João Brochado não quis divulgar ainda a imagem da estátua, mas adianta que terá formas simples e que “quem olhar para ela compreende facilmente o que é”.
A colocação do monumento foi já aprovada pela Assembleia Municipal, num processo que João Brochado adiantou ter sido fácil, e será realizada na quinta-feira anterior ao almoço, durante a madrugada, para não perturbar o trânsito.
A homenagem ao vendedor com uma estátua foi um objectivo desta comissão, composta ainda por Carlos Silva, Mário Araújo, Joaquim Fonseca, logo após o 49.º almoço.
A obra é feita “por carolice pois não somos uma associação, nem uma organização com fins lucrativos e grande parte do material foi-nos oferecido”, adianta João Brochado.
Meio século de histórias
Este é um marco assinalável para uma confraternização que começou em 1961, ideia de cinco pioneiros que se encontravam regularmente na estrada, quando viajavam a visitar clientes.
Júlio Pessoa, Rosendo Teles, Jaime Nicolau, Francisco Verdasca e Joaquim Branco, todos já falecidos, resolveram então fazer um almoço para juntar todos os caixeiros viajantes das Caldas, que eram muitos na altura, conta António Próspero, que participou nesse primeiro encontro e hoje é membro honorário das comissões que anualmente organizam o almoço.
“Caldas da Rainha era um grande centro comercial, havia dezenas de armazéns de mercearias, tecidos, armazéns de miudezas, e dezenas de vendedores residiam nas Caldas e trabalhavam com casas de fora das Caldas”, recorda António Próspero.
Depois desse primeiro almoço, todos os anos se criavam comissões para o do ano seguinte. O segundo ano foi o mais concorrido, com mais de 120 participantes. Depois o número foi decaindo, fruto das mudanças dos tempos e também do ramo empresarial da própria cidade.
“Os armazéns fecharam, o comércio foi transformado e também há menos estabelecimentos porque as grandes superfícies acabaram com o pequeno retalho”, nota António Próspero.
Os almoços serviam, como ainda hoje, para trocar experiências e colher até ensinamentos uns dos outros, até porque naquela altura não havia a formação profissional que há hoje. “Havia alguma rivalidade, mas havia união, defendíamo-nos uns aos outros, inclusivamente quando íamos a um cliente e estava lá outro vendedor cumprimentávamos e voltávamos depois para não atrapalhar a venda do colega”, destaca.
Hoje também aprende com os mais novos as especificidades que a profissão exige. “Têm xis tempo para atender cada cliente, no meu tempo era como se fossemos da família do cliente, às vezes até jantávamos com eles, hoje tempo é dinheiro”, nota.
Ver esta iniciativa chegar ao meio século e ser imortalizada numa estátua deixa António Próspero um misto de sentimentos. “Fico triste quando olho as fotografias e percebo que 80% dos meus amigos já desapareceram, por outro lado encontro-me com estes indivíduos mais modernos e o tempo ajuda a ultrapassar essa tristeza desses grandes amigos que tinha e que até viviam isto com mais intensidade que eu”, refere.
Programa
10h00 – Concentração junto ao Palácio da Justiça
11h00 – Romagem ao cemitério antigo (junto à Secla) em homenagem à memória dos colegas já falecidos
11h30 – Homenagem à Rainha D. Leonor, fundadora da cidade
12h00 – Partida da caravana automóvel com destino à rotunda McDonald’s
12h30 – Inauguração da estátua ao vendedor com a presença da Banda Comércio Indústria
13h00 – Almoço no Restaurante Cortiço
Valor da inscrição 17,50 euros






























