Vestal, uma das fábricas de faiança de Alcobaça

0
1263

A fábrica, fundada em 1947 na Vestiaria, chegou a ter 150 funcionários. Até 1960, exportava para Inglaterra

A fábrica Vestal foi fundada em Fevereiro de 1947 por António Branco, Joaquim Batista Branco, Veríssimo de Almeida e Acácio Bizarro.
Esta unidade industrial surgiu na Vestiaria e dedicou-se à produção a chamada louça artística de Alcobaça, que já tinha sido iniciada por fábricas como a Olaria de Alcobaça e a Raul da Bernarda, sobretudo a partir da década de 30.
“As fábricas imitavam-se entre si”, conta Jorge Pereira de Sampaio, investigador de cerâmica da região de Alcobaça, explicando que, a dada altura, se tornaram muito famosos pratos com quadras populares. A tendência foi iniciada pela Olaria e seguida pela Raul da Bernarda e pela Vestal. Por esta última, passaram vários pintores como Almeida Ribeiro, António José, Luís Cipriano da Silva e Joaquim Pereira Assunção (conhecido por Marcos). Também fez parte da equipa de colaboradores Luís Ferreira da Silva, o artista plástico que, mais tarde, escolheu viver e trabalhar nas Caldas. Até 1960, esta fábrica desenvolveu-se e chegou a ter 150 funcionários.
Inicialmente, as peças da fábrica eram assinadas Vistal ou Olaria Vistal, mas, segundo Jorge Pereira de Sampaio, a fábrica viu-se forçada a mudar o nome para Vestal, após protestos da Vista Alegre pelo facto de a fábrica da Vestiaria ter um nome muito similar. Já nos anos 1950, na Vestal e noutras unidades de Alcobaça, faziam-se peças que imitavam decorações italianas e francesas e foram feitas muitas peças que se dirigiam sobretudo para exportação para Inglaterra.
“A Vestal foi a única fábrica que até aos anos 1960 manteve a linha da louça artística de Alcobaça”, explicou Jorge Sampaio acrescentando que, a partir de 1968, os seus fornos artesanais foram substituídos por elétricos o que acabou por introduzir modificações nos tons de azul, próprios das decorações da típica louça local. “Na verdade, os fornos artesanais, a caruma, davam tons mais quentes à decorações”, explicou o historiador. A fábrica da Vestiaria laborou ao longo de 54 anos, deixou de funcionar em 2002 e foi dada como falida em 2011. ■

- publicidade -