Vendedores da Praça da Fruta temem descaraterização

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A praça da Fruta tem atualmente bancas de gente que produz na região e de outros que se abastecem noutros mercados

Preços dos espaços que vão a leilão têm escalado e produtores receiam deixar de ter lugar

Quem vende na Praça da Fruta está preocupado com a futura descaracterização do espaço pois consideram que não está garantida a presença dos pequenos, jovens e antigos produtores.

Foi ontem, dia 5 de maio, entregue à Câmara Municipal um abaixo-assinado que pede à autarquia que altere o regulamento, para que o leilão das bancas deixe de ser feito de quatro em quatro anos, “e assim possa ser renovado, ao fim de 12 meses, por períodos iguais e sucessivos”, conforme se pode ler no abaixo-assinado a que Gazeta das Caldas teve acesso.

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Pede-se que vá apenas os espaços que estão vazios, que estiveram a cargo de pessoas que deixaram de ir vender.

O abaixo-assinado pela maioria dos vendedores, foi entregue numa reunião com o presidente da Câmara, Vítor Marques, e deixaram expresso que gostariam que houvesse espaço para os pequenos produtores que já estão há muitos anos na Praça da Fruta, sem terem que sujeitar os seus espaços ao leilão.

“De quatro em quatro anos os espaços da Praça da Fruta vão a leilão”, disse à Gazeta das Caldas, o vendedor Leonel Fidalgo que produz fruta em Óbidos e vende na Praça há oito anos. O problema é que há vendedores, alguns de outras nacionalidades, que estão a ficar com os lugares e a licitação tem vindo a subir e a inflacionar os preços. “Se calhar no próximo leilão ainda vão aparecer mais!”, comentou Leonel Fidalgo, acrescentando que há muitos novos vendedores que só compram nos mercados abastecedores como o MARL e como “têm que lucrar e acabam por descaracterizar a Praça, conhecida por ter cá os pequenos produtores”.

Na sua opinião, e por isso assinou a petição, a Câmara Municipal “deveria colocar quotas para que os produtores terem espaço na Praça da Fruta”. Leonel Fidalgo concretiza: até agora pode-se comprar alguns lugares pelo valor base nos leilões. No entanto, se houver muitos interessados, “como já aconteceu, o preço escala até valores de milhares” e os pequenos produtores “não poderemos pagar esses valores”. O produtor considera que os políticos locais têm que estar atentos para este problema que poderá contribuir para a descaracterização da própria Praça da Fruta.

Para o ceramista Carlos Barroso, seria importante que a autarquia pudesse “garantir lugares para jovens produtores e agricultores”. Para este vendedor, a Praça da Fruta “é conhecida por todos pela venda direta do produtor ao consumidor e isso está a perder-se”. Na opinião do artesão, a Praça da Fruta “é o maior ponto turístico da cidade e se não cuidarem dele, torna-se em algo descaracteristico”.

À Gazeta das Caldas, o presidente Vítor Marques afirmou que compreende a situação das pessoas que vendem há várias décadas na Praça e que “fazem dela o ícone que é neste território”.

O edil caldense diz-se disponível para analisar esta situação e o pedido que lhe chegou na passada segunda-feira através do abaixo-assinado. “Demos indicação aos nossos serviços jurídicos para analisar o pedido”, disse o autarca acrescentando que o como o próximo leilão e hasta pública é só daqui a dois anos, “temos tempo para equacionar este assunto”.
O edil caldense ainda recordou que “somos um país de emigrantes” e por isso “devemos receber bem quem procura uma vida melhor”.

Sobre a licitação dos lugares de venda está informado e sublinha que é importante “valorizar todos aqueles que têm contribuído para a Praça e agora vamos ver se o pedido tem enquadramento legal”, rematou o presidente da Câmara.

 

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