Vau – campos agrícolas e de golfe, junto ao mar e à Lagoa de Óbidos

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Lugares
Aldeia do Vau e Bom Sucesso

Pontos de Interesse
Lagoa de Óbidos, Praia do Bom Sucesso, Igreja matriz, Capela N. Sra Bom Sucesso, Quinta do Bom Sucesso, fontanário, casas tradicionais e moinhos de vento

Equipamentos públicos:
Polo da Unidade de Cuidados de Saúde Púbicos de Óbidos

Equipamentos de ensino:
Escola primária e jardim de infância

Associações
Associação Recreativa e Cultural Vauense; Associação de Pescadores e Mariscadores Amigos da Lagoa de Óbidos; Associação Proprietários da Quinta do Bom Sucesso; Centro de Apoio Social do Vau

Datas festivas
Nossa Senhora da Piedade – 18 de Dezembro; Nossa Senhora do Bom Sucesso – no primeiro domingo após o 15 de Agosto; Festa tradicional anual do Bom Verão (8 dias a seguir à Páscoa)

Principais atividades económicas
Agricultura, pesca, comércio e turismo

Freguesia é hoje conhecida pelos resorts com campos de golfe, mas foi a agricultura, a pesca e a caça que levaram à fixação de pessoas

“A partir do século XII, o lugar do Vau começou a despertar os interesses das rainhas e seus herdeiros, do próprio rei, assim como de algumas instituições eclesiásticas, nomeadamente os mosteiros de Santa Maria e Alcobaça e das Donas de Chelas, testemunhados nas diversas aquisições de propriedades levadas a cabo por estes” nesta zona, refere Carlos Guardado Silva, na obra As Origens da Freguesia do Vau.
Situado na margem esquerda da Lagoa de Óbidos, o Vau tem a particularidade de unir os campos agrícolas de excelência com a facilidade de pescar e de caçar. Estes factores terão contribuido decisivamente para a fixação de pessoas que aqui habitavam e “que dividiam o seu tempo entre o amanho das terras e das culturas ou entre a pesca na lagoa e no mar”.
Segundo Pinho Leal, citado pelo site da freguesia, o lugar do Vau “pertenceu, nos primeiros tempos à freguesia de São Mocharro, acrescentando que paulatinamente aumentando a população, se construiu, então, uma pequena ermida, da invocação de Santo António de Lisboa, passados alguns anos, foi restaurada e ampliada, tendo sido o retábulo da Capela mor pintado por Josefa de Óbidos”.

O Vau pertenceu às freguesias de S. João Baptista do Mocharro e da Amoreira antes de ser freguesia em 1747. Depois foi anexada ao Sobral da Lagoa

Da freguesia de S. João Baptista do Mocharro o Vau passaria para a freguesia da Amoreira, antes de se tornar uma freguesia, no século XIII, num processo de desanexação que causou celeuma. O padre João Teixeira Monteiro, que era pároco da Amoreira, “com embargos e toda a qualidade de obstáculos a que pode recorrer, tentou anular a decisão do prelado”, mas não foi bem sucedido.
Assim, foi a 12 de janeiro de 1747 que nasceu a freguesia do Vau, com cerca de 200 pessoas. Segundo Pinho Leal, conservou-se como freguesia independente durante 129 anos, até 1879, quando foi anexada ao Sobral da Lagoa. Apenas oito anos depois, em 1887, voltaria a ser freguesia.
Em 1755 o grande terramoto fez estragos. “No terramoto de 55 teve munta perda o lugar, e a igreja, na qual cahio hum remate de retabolo de Santa Quiteria sem fazer mal a gente, a qual via andar a Santa a saltar na pianha sem cahir; as paredes ficarão fendidas e o teto ficou só sobre os olivaes e a mais madeyra quebrou; tem dois sinos hum cahio por huma escada de pedra, mas não quebrou: Já está reedeficada com todo o aceyo pocível concorrendo os freguezes com o trabalho, e pedindo esmolas, e buscando algum dinheyro emprestado”, diz a memória da freguesia.
É também nesta freguesia obidense, mas no mar, perto da “Aberta” da Lagoa de Óbidos, que estão ainda hoje os vestígios do S.S. Roumania, o vapor inglês que ali naufragou em 1892, causando dezenas de mortos. Esse foi um dos episódios mais marcantes desta freguesia na História.
A ligação à lagoa é uma das grandes particularidades desta freguesia, que beneficia desse facto. As várias atividades náuticas que este espelho de água proporciona, assim como a biodiversidade de fauna e flora que conserva fazem deste um local de eleição para os amantes da natureza.
O Vau também ficou conhecido pela caçada a um lobo, que ocorreu nos anos setenta e pelas suas ginjeiras, de onde sai o fruto para a famosa Ginja de Óbidos e também pelos vários campos de golf que existem na freguesia atualmente. Nos últimos anos o comércio, a restauração e o turismo, têm vindo a adquirir uma importância crescente.

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A origem do Vau
“Conta-se que o lugar do Vau deve a sua origem à grande amizade existente entre dois irmãos”, um deles um monge que vivia no Convento do Vale Benfeito e o outro, de nome António de Barros, que vivia na vila de Óbidos. “As visitas que o irmão obidense fazia eram sempre muito morosas e difíceis, pois havia que calcorrear caminhos que não são os de hoje e atravessar as várzeas da Quinta da Luz, muitas vezes inundadas, quase sempre a vau”, conta-se. ■
Segredos escondidos

As cabanas dos pescadores

 

As cabanas dos pescadores na margem Sul da Lagoa de Óbidos são um segredo escondido que muita gente desconhece.
As cabanas que ali existem não têm o formato tradicional em cunha, nem são feitas com os materiais que originalmente eram utilizados. Inicialmente estas eram erguidas com materiais vegetais que por ali se encontravam, como a madeira dos eucaliptos, esteiras de buinho e canas. Nessa altura eram usadas como habitação e fazia-se uma fogueira no meio. Estes pequenos espaços davam guarida aos pescadores durante grande parte do ano.
Atualmente, ninguém habita nestas cabanas e também já não se faz fogo no interior. Mas ainda são um local para guardar alguns apetrechos, para descansar e para fazer uns petiscos, entre as pescarias nas águas da Lagoa de Óbidos e um bom local para fotografar.

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