Quase toda a água acumulada na albufeira da barragem de Alvorninha desapareceu durante a noite de 29 de Novembro, depois de alguém ter aberto a comporta, provocando o seu escoamento e aniquilando milhares de peixes que viviam no leito.
Depois de detectada a situação, os responsáveis locais e o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) colaboraram entre si para apanhar algumas centenas de peixes que estavam concentrados a seguir à barragem e transportaram-nos em baldes para a água que restava na albufeira.
Ilídio Magalhães, técnico da Direcção Regional de Agricultura de Lisboa e Vale do Tejo (DRALVT), desconfia que o objectivo tenha sido aproveitar a grande concentração de peixes para os apanhar mais facilmente, “mas não descarto a hipótese de ter havido aqui outro tipo de objectivo“, adiantou. Opinião partilhada pelo presidente da Junta de Alvorninha, Virgílio Leal, que não consegue perceber o que poderia levar alguém a cometer este acto.
“O prejuízo é triplo. Vamos ter menos água acumulada para rega no verão se o inverno não for muito fértil em chuva, foram os milhares de peixes que se perderam e depois a paragem das sondagens que aqui estavam a ser feitas“, referiu o autarca.
Esta não foi a primeira vez que foi despejada a água da barragem durante a noite, mas só agora é que a albufeira ficou quase vazia. Depois das três primeiras descargas efectuadas clandestinamente, foram tomadas algumas medidas extraordinárias de segurança e a GNR começou a patrulhar mais vezes aquela zona, mas nem isso evitou este esvaziamento.
A forma como tudo foi feito indica que houve alguma preparação. Foi necessário abrir condutas em dois locais diferentes. Para aceder à torre elevatória (que fica na parte superior da barragem) tiveram que cortar arame farpado e saltar por cima de uma vedação. Foi também preciso cortar um cadeado e usar uma chave especial noutro local, na conduta de fundo. “Tinha que ser uma pessoa que conhecia isto porque o controlo da válvula é feito em dois locais“, comentou Ilídio Magalhães.
Inaugurada em 2005 e ainda não terminada

A DRALVT é a dona da obra que, embora tenha sido inaugurada em 2005 pelo então primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, ainda não foi dada como concluída porque existem algumas dúvidas quando à sua estanquidade.
Segundo Virgílio Leal, durante o primeiro enchimento “notou-se que havia uma ligeira fuga de água numa das saídas, que se veio mantendo“. Será algo de ínfimo, mas o suficiente para que o LNEC, que acompanhou a obra, necessitasse de fazer novos testes.
Actualmente estão a ser feitas sondagens (que tiveram que ser suspensas durante dois dias por causa do despejo) e, se for garantida a estanquidade da barragem, será finalmente emitida a licença de utilização.
Este verão, pela primeira vez, a água acumulada pela barragem foi utilizada para rega de 50 hectares de terrenos, dos 110 hectares que estavam previstos quando esta estiver a funcionar a cem por cento. “Podemos dizer que a partir de 2011 ela está a funcionar para os fins para o qual foi construída“, disse Virgílio Leal.
Por causa destes testes não foi possível acumular mais água e agora desapareceu grande parte da que restava.
Ilídio Magalhães teme que “se não houver um ano normal de chuva corremos o risco de a barragem não encher e as pessoas ficam sem água para rega“.






























