Vaga de frio lançou alerta também sobre a região Oeste

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Frio tem-se feito sentir na região, na semana em que recordamos o último nevão nas Caldas, 17 anos depois

Os cachecóis e luvas, gorros, casacos e sobretudos que vemos vestidos em quem passa pela rua não deixam margem para dúvida. O frio está aí! Mas será que esta vaga de frio, que deixou a região em alerta amarelo do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) fez os termómetros baterem recordes negativos? A resposta é-nos dada por Paulo Azevedo, que em 2015 criou a Meteocaldas. Nos últimos oito anos, o dia mais frio, com temperaturas a rondar os zero graus no centro da cidade, foi 8 de janeiro de 2021. Depois, com 2 graus, temos 8 de fevereiro de 2018 e 20 de janeiro de 2017. Todos valores abaixo do que tem sido registado neste mês de janeiro.
O antigo engenheiro eletrotécnico salienta que “há três fatores que condicionam o tempo: o jetstream, o vórtice polar e a existência de anticiclones e depressões”. Neste caso, localmente, a direção do vento é também um fator importante. É que, devido ao anticiclone, o vento está a vir de Leste ou Nordeste e, por isso, é frio e seco e raramente traz chuva. “Normalmente, no Inverno temos ventos do Oeste ou Sudoeste, com chuva e humidade”, realça. Esse foi o cenário no início deste mês, com humidade elevada.
A existência do anticiclone também tem influência na ausência de nuvens. “Temos tido dias cheios de sol e, como não há nuvens, quando cai a noite, o calor acumulado no solo vai para a atmosfera e desaparece”.
Paulo Azevedo deixa um desafio curioso: “num dia com cerca de 15 graus, num local abrigado do vento, ao sol, durante a tarde, façam a experiência de colocar um termómetro e verão que regista valores acima dos 35 graus, palavra da Meteolitoral!”.
O trabalho deste entusiasta é olhar para as diferentes cartas meteorológicas e interpretá-las. Nem sempre as cartas coincidem, mas neste caso dizem exatamente o mesmo: o anticiclone não vai sair daqui e, portanto, não haverá chuva e o frio vai ficar. Ainda assim, nota, no fim-de-semana haverá uma ligeira subida das temperaturas e menos geada, de manhã, nos campos ao redor da cidade das Caldas. Nos últimos anos, além da evolução para Meteolitoral (que ocorreu há cinco anos, em 2018), Paulo Azevedo tem ajudado vários interessados a montar estações meteorológicas amadoras na região. “Entre Óbidos e Tornada existem oito estações, temos, por exemplo, uma no centro da cidade das Caldas, uma na Encosta do Sol, uma na Quinta da Boneca, uma nas Gaeiras, entre outras”. E assim é possível ler as diferenças entre o centro da cidade e os campos ao redor, com diferenças que atingem os sete graus.
Na página que criou, depois de aprender sozinho a programar, e na qual investe cerca de 12 horas diárias, recebe cerca de 5000 visitantes por dia. “Este site é o meu orgulho!”, exclama. ■

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