Contrariar a ideia de que Óbidos é uma Disneylândia, muito visitada por turistas mas onde mora muito pouca gente, foi um dos objectivos a que se propuseram os alunos da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa e do Massachusetts Institute of Technology (MIT) de Boston nos Estados Unidos, que estiveram em Óbidos durante a última semana de Outubro.
E para que as pessoas se fixem na vila, uma das propostas avançadas é a criação de forma estratégica de alguns equipamentos de comércio. Por outro lado, como as ruas são muito estreitas e as pessoas gostam de ter o automóvel à porta, os alunos estudaram a possibilidade de incluir na vila um pequeno veículo desenvolvido pelo MIT – o city car.
“Estes carros passam também por uma utilização partilhada, em que a pessoa não precisa de ser proprietárias da viatura, mas sim de ter um veículo disponível”, explicou o professor José Pinto Duarte.
Conhecedor da região, o docente considera que esta apresenta problemas “muito interessantes” para os alunos abordarem. “Sabemos que a população portuguesa está maioritariamente localizada entre Lisboa e Porto e há uma grande tendência de urbanização destas áreas”, disse, adiantando que Óbidos quer contrariar essa tendência.
O desafio proposto passa por fazer com que as aldeias tenham as qualidades naturais dos espaços rurais e, ao mesmo tempo, tenham acesso a todo o tipo de amenidades a que estão habituados os habitantes nas grandes cidades. Isso poderá ser feito, de acordo com José Pinto Duarte, através do desenvolvimento de novas tipologias de ocupação do território, morfologias de aglomerados, das habitações e, ao mesmo tempo, de sistemas de mobilidade diferentes que permitam tornar este modelo sustentável.
Outros alunos pegaram em algumas aldeias para propor tipologias que passam pela ideia de casa-trabalho. “Antes era comum as pessoas terem a oficina por baixo e morarem por cima, mas com a industrialização passaram a deslocar-se e trabalham fora do local onde habitam”, recorda o docente, adiantando que as novas tecnologias vêm permitir que as pessoas voltem a trabalhar em casa.
Os estudantes abordaram também tipologias de habitação que possam responder às expectativas das pessoas de hoje em dia, como possuírem espaço para utilizarem como a sua própria horta. Também conceberam soluções para espaços de trabalho do Parque Tecnológico, de modo a potenciar a criatividade.
Tendo em atenção os resorts turísticos que se estão a ser criados no litoral do concelho, destinados maioritariamente à segunda habitação, os jovens estudantes propuseram-se alterar essa tendência. Defendem que sejam locais de trabalho e que tenham uma ligação com os restantes aglomerados, numa “simbiose entre o que já existe e o que é colocado de novo”.
Dada a dispersão entre os aglomerados do concelho, a proposta passa pelo estudo de novos sistemas de mobilidade urbana, que deverão ser apoiados pelas novas tecnologias. No fundo, “criar sistemas inteligentes que conseguem optimizar o uso de recursos e tornar possíveis coisas que de outra forma não o seriam”, resumiu.
O docente destaca ainda que Óbidos possui “uma paisagem lindíssima, história, boa gastronomia, coisas a que as pessoas dão valor quando escolhem um lugar para viver”.
Neste encontro centralizado no desenvolvimento do planeamento urbano e soluções de mobilidade-on-demand (MoD) para Óbidos os alunos portugueses têm feito a análise do local e do planeamento urbano, enquanto os estudantes do MIT têm evidenciado os sistemas de mobilidade e a interface com os edifícios.
Entre as mais valias estão a sustentabilidade, a poupança de energia e benefícios para a comunidade, como um menor congestionamento e a criação uma comunidade mais sustentável.
Os alunos irão continuar agora a explorar estes temas em projectos de investigação e no próximo semestre será feito um novo workshop.































