Uma exposição, patente na Casa dos Barcos, no Parque D. Carlos I, mostra o percurso do partido que este ano assinala o seu centenário e apresenta alguns objetos da “luta” e atividade política local
A foice e o martelo (símbolos do partido), esculpidos em madeira assumem um lugar de destaque na exposição, assim como a sua história, que remonta aos anos 40 do século passado, ao início da guerra e fuga de muitos judeus da perseguição nazi, também para as Caldas. A utilização intensiva que passou a ser feita dos serviços do posto de correios levou a que este tivesse de ser ampliado. Durante os trabalhos os operários esconderam, num buraco que fizeram na parede e depois taparam com reboco, uma foice e martelo em madeira, com palavras de ordem anti-fascista e de confiança no futuro. “Operário carpinteiro José Pedro Ferreira Godinho, que fez isto ao acaso e que é o que nós desejamos numa aclamação dos operários deste edifício e todos em comum. Viva a foice e o martelo”, ou “Esmeraldino Parente pede para que todos os operários se revoltem contra a burguesia. Viva o símbolo do trabalho”, são apenas algumas das frases escritas na peça, que viria a ser encontrada em 1977, durante as obras de instalação do estúdio de dança da Casa da Cultura e depois entregue ao PCP. Encontra-se agora exposto na Casa dos Barcos, na exposição comemorativa do Centenário do PCP, que foi inaugurada a 23 de maio e pode ser visitada até ao final do mês, a partir das 15 horas.

Tipografia clandestina na Fanadia
Entre os elementos locais que integram a história do partido, está também o registo de que laborou, entre 1947 e 1948, uma tipografia clandestina do Avante na Fanadia. Esta funcionaria, à semelhança de muitas outras espalhadas pelo país, numa casa, normalmente alugada, e o trabalho era feito de noite, para não levantar suspeitas. “Havia um prelo manual, que muitas vezes era transportado dentro de uma mala como se fosse bagagem individual, e o jornal era impresso em papel bíblia porque era mais fino e assim era possível conseguir maior quantidade de exemplares ocupando um menor espaço”, explicou José Carlos Faria à Gazeta das Caldas. A composição do jornal era feita manualmente e os jornais depois distribuídos clandestinamente, geralmente de bicicleta. Uma delas, do “camarada” José Augusto Pimentel, propriedade do Museu do Ciclismo, também se encontra exposta nesta exposição.
É ainda possível apreciar uma obra original do artista plástico José Santa-Bárbara. Trata-se do esboço de um desenho preparatório para a pintura “Pequeno retrato de uma grande figura”, numa referência ao histórico comunista, Álvaro Cunhal.
Pelas paredes da Casa dos Barcos, no Parque D. Carlos I, encontram-se dispostos perto de duas dezenas de painéis que contam a história do PCP, desde a sua fundação, a 6 de março de 1921. Durante a inauguração, Rui Braga, membro do secretariado do Comité Central do PCP, salientou que nesta exposição está muita da história do país e do seu povo. Conta muita da história do partido que nasceu “para ser uma organização diferente a afirmar um projeto político distinto e oposto ao das classes políticas”, referiu. O dirigente comunista destacou ainda a importância atual e futura do partido, na “luta pelos direitos e melhoria das condições de vida e avanço para uma sociedade mais justa”.
A iniciativa está integrada nas comemorações do centenário do partido, que terminam a 6 de março do próximo ano.






























