Uma viagem de Verão entre Caldas e Leiria pela linha do Oeste

0
1904

A Linha do Oeste pouco ou nada evoluiu desde o século XIX, aquando da sua inauguração, especialmente em termos técnicos (cantonamento telefónico e no seu percurso sinuoso, sobretudo entre Cacém e Torres Vedras). Nos últimos anos, nesta linha, a CP e a Refer têm vindo a aplicar uma política de cortes (encerramento de estações e supressão de alguns serviços), que espera-se que seja invertida já a partir de Setembro. Tendo as conta as condições em que o serviço actualmente é prestado, Gazeta das Caldas apanhou um comboio entre Caldas e Leiria e foi a saber o que têm os utentes a dizer da linha.A Linha do Oeste pouco ou nada evoluiu desde o século XIX, aquando da sua inauguração, especialmente em termos técnicos (cantonamento telefónico e no seu percurso sinuoso, sobretudo entre Cacém e Torres Vedras). Nos últimos anos, nesta linha, a CP e a Refer têm vindo a aplicar uma política de cortes (encerramento de estações e supressão de alguns serviços), que espera-se que seja invertida já a partir de Setembro. Tendo as conta as condições em que o serviço actualmente é prestado, Gazeta das Caldas apanhou um comboio entre Caldas e Leiria e foi a saber o que têm os utentes a dizer da linha.

Caldas da Rainha, segunda-feira, 5 de Agosto de 2013. A automotora UDD que faz o Inter-Regional 807 (Santa Apolónia – Coimbra) e tem chegada prevista às Caldas às 16h23 circula à tabela. Antes de chegar, ouve-se o aviso do chefe de estação: “Senhores passageiros, dentro de momentos vai dar entrada na Linha número 1 o comboio Inter-Regional, procedente de Lisboa-Santa Apolónia e com destino a Coimbra. Efectua paragens em São Martinho do Porto, Valado, Martingança, Marinha Grande, Leiria, Monte Real, Louriçal, Verride, Alfarelos e Coimbra-B”.
Um aviso semelhante ouve-se quando a automotora azul chega à estação e deixa uma boa quantidade de passageiros vindos de Lisboa, que se cruzam com os que nela entram. No momento da partida para Coimbra circulam nela 28 passageiros, inclusive alguns turistas cujo destino é a praia de São Martinho.
Diana Coimbra é uma desses 28 utentes que viaja na composição. É leiriense e apanhou o comboio em Torres Vedras pois foi visitar o seu namorado que vive na Lourinhã. Embora nunca tenha usado o comboio da Linha do Oeste, tenciona vir a usá-lo mais vezes.
Manuela Jesus, 38 de anos, e Carlos Queirós, de 50, também são de Leiria e fazem a viagem na Linha do Oeste também pela primeira vez, acompanhados pelas três filhas. Por ser Verão, e tal como muitos veraneantes o têm feito ao longo dos anos nesta época, foram passar o dia a São Martinho do Porto tendo, para isso, utilizado os serviços regionais que a CP presta no Oeste.
Ao contrário de Diana Coimbra e da família Queirós, também há quem faça a viagem na Linha do Oeste por questões profissionais. É o caso de Maria Mendes, 65 anos, que diariamente efectua o trajecto Caldas da Rainha – Monte Real e volta, devido a questões profissionais. No entanto, irá deixar de viajar no comboio pois vai entrar para a reforma.
Por seu lado, Marta Santos costuma usar este comboio para se deslocar para Coimbra ao domingo. À sexta-feira usa o inter-regional que parte de Coimbra às 19h00 e chega às Caldas da Rainha às 21h14.  Marta, que prefere sempre usar o comboio nas suas deslocações, diz que há coisas que poderiam ser melhoradas neste serviço como, por exemplo, os horários, ideia com que Carlos também concorda. Marta aponta ainda o conforto do material circulante como uma coisa a melhorar. E refere que quando os regionais eram feitos com máquina e carruagens, o serviço era bem mais confortável do que é agora. Por exemplo, nos últimos tempos, houve situações em que as automotoras que só têm uma carruagem (neste caso as Allan) iam cheias e com pessoas de pé. Relatou também avarias ao nível do ar condicionado e da própria iluminação.
Actualmente, tanto o IR 807 ( Lisboa – Coimbra), como o IR 802 (Coimbra – Caldas da Rainha), são os únicos comboios que ligam o Oeste directamente a Coimbra. O IR 807 é também o único que não exige que um passageiro que queira fazer uma viagem entre o sul e o norte de Caldas da Rainha tenha de fazer transbordo nesta estação. Todos os outros comboios a norte das Caldas da Rainha têm origem e/ou destino na Figueira da Foz, obrigando a quem, vindo do Oeste, quiser dirigir-se para Coimbra a fazer transbordo no apeadeiro de Bifurcação de Lares. Por outro lado, quem vem do sul para o norte de Caldas, tem sempre de efectuar transbordo nessa estação.
Este cenário deverá vir a mudar em Setembro, quando a CP alterar os horários em vigor. Prevê-se que os regionais Caldas da Rainha – Figueira da Foz sejam suprimidos e, em sua substituição seja criado um serviço regional mais rápido, ou seja com menos paragens, entre Caldas da Rainha e Leiria. Além disso, deverá ser criado um serviço de passageiros rápido entre Torres Vedras e Coimbra.
Marta já conhecia algumas destas alterações e refere que, por precisar de se deslocar a Coimbra, dá-lhe muito jeito que hajam mais ligações àquela cidade.
Outro problema que, segundo Marta e Maria deve ser resolvido, é também o problema dos atrasos. Estes podem acontecer por variadas razões, sendo que as principais são a avaria do material circulante e o facto de o trajecto ser feito em via única. Isto obriga a que só possa passar um comboio de cada vez na via e, decorrente desse facto, têm de se fazer cruzamentos de comboios nas estações guarnecidas.
Marta ainda refere o facto de algumas estações estarem desguarnecidas. Actualmente a norte das Caldas da Rainha, só as estações de Martingança, Leiria, Monte Real, Louriçal e Amieira têm pessoal da Refer. A norte das Caldas, Leiria é hoje a única estação que tem bilheteira aberta. No caso da estação de São Martinho do Porto, a sua também abre ao público no período de verão. No entanto, com as mudanças de horários previstas para Setembro, prevê-se o encerramento da estação de Monte Real e a reabertura da estação da Marinha Grande. No entanto esta informação não está ainda confirmada.
O percurso feito pela automotora entre as Caldas e Leiria (onde chegou com um minuto de atraso) foi feito sempre a apitar. Por ser Agosto, São Martinho foi a estação que registou maior movimento de passageiros.
Tal como Gazeta das Caldas constatou, as pessoas queixam-se do desconforto das automotoras e dos horários. Estes últimos vão mudar em Setembro.

Tiago Mota
tmota@gazetadascaldas.pt

- publicidade -