Alcobaça está ligada ao berço da nacionalidade e detém um papel indelével na história do País, desde a presença da Ordem de Cister neste território. Desde 2013, a freguesia “acolheu” a Vestiaria
A União de Freguesias de Alcobaça e Vestiaria (UFAV) “nasceu” em 2013, por via do processo de reorganização administrativa, mas, na verdade, veio confirmar uma união de facto que se desenrolava há séculos. Oito anos depois, o processo de agregação está consolidado e, segundo a presidente da junta, Isabel Fonseca, resultou positivamente porque “com a fusão ninguém perdeu identidade”.
“A perceção que temos da população é que a agregação correu bem”, assume a mulher que assumiu os destinos da UFAV desde a constituição da freguesia e olha para a fusão com “vantagens” para todas as partes.
“Creio que a notoriedade da Vestiaria junto da cidade cresceu bastante, porque houve respeito pela identidade. Além disso, a nível financeiro a Vestiaria só teve a ganhar, pois passou a dispor de outros meios”, nota a autarca, frisando, ainda, outro aspeto: “Para Alcobaça a fusão também foi positiva, pois, sem a população da Vestaria, seríamos a quinta ou sexta freguesia do concelho em termos de população”.
Com a agregação, as localidades mantiveram a identidade e reforçaram a proximidade
Além disso, a união das freguesias “veio dar um pouco mais de peso político” à sede do concelho e valorizou algumas das “pontes” em comum entre as localidades, nomeadamente a música e a cerâmica, para além da história de séculos de proximidade desde o berço da nacionalidade. E até antes.
Desde janeiro de 2014, meses depois da agregação, a junta passou a ter sede na antiga escola primária da cidade e a sede da extinta Junta de Freguesia da Vestiaria passou a funcionar como delegação da UFAV. “Essa opção, permitida por lei, foi vantajosa para a Vestiaria, cuja população passou a ter mais serviços”, salienta Isabel Fonseca, que reclama a alteração do perímetro urbano da cidade para que Alcobaça ganhe peso. “Há bairros dentro da cidade, mas que pertencem a outras freguesias e, sem querer retirar território a quem quer que seja, esta é uma questão que deve ser analisada”, advoga a autarca.
As origens da cidade
Os primeiros registos do território hoje conhecido como Alcobaça remontam à ocupação árabe, havendo historiadores que defendem que a localidade se chamava “Al Cobaxa”, devido à presença de carneiros na região. Outros investigadores assumem que o nome provém de uma antiga povoação romana chamada “Helcobatiae”.
Porém, os alcobacenses preferem a versão de que o nome da cidade advém da junção dos nomes dos rios Alcoa e Baça, que se unem no centro de Alcobaça, na chamada confluência.
Se subsistem dúvidas sobre a origem do nome, não há qualquer reserva sobre a preponderância que os monges de Cister imprimiram, durante séculos, na região. E com particular enfoque no chamado terreiro, onde foi edificado o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, mandado construir por D. Afonso Henriques para cumprir a promessa da conquista de Santarém aos mouros.
Alcobaça e Vestiaria partilham “pontes” como a música e a cerâmica
O abade São Bernardo de Claraval tomou, assim, posse dos terrenos e iniciou um processo de presença da Ordem de Cister que durou até ao 1834 e que resultou num impulso significativo em vários domínios, nomeadamente na agricultura.
Ainda hoje, a capacidade engenhosa dos monges brancos causa espanto, quanto mais não fosse pelo incrível sistema hidráulico do Mosteiro, que permite que a água do Alcoa, através de um desvio do rio, chegue a vários pontos do monumento, nomeadamente à cozinha. A levada de água possui tem um sistema de controlo de caudais e um braço de retorno ao rio, para além de uma conduta de água potável que chega desde Chiqueda, onde nasce o rio.
Elevada a cidade em 1995, após um longo processo em que um grupo de notáveis alcobacenses se envolveu, Alcobaça tinha visto o Mosteiro ser classificado como património mundial em 1989. Em 2007, o monumento foi eleito uma das 7 Maravilhas de Portugal. E não custa perceber porquê. ■






























