Uma manifestação com enxadas e forquilhas ditou o fim do princípio do nuclear em Portugal

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1973

antonioQuarenta anos depois ganha força a ideia de que uma manifestação espontânea das gentes de Ferrel, em 15 de Março de 1976, foi decisiva para que Portugal não viesse a ter nenhuma central nuclear. Isso mesmo foi recordado no passado domingo, numa sessão evocativa que juntou 200 pessoas naquela vila do concelho de Peniche e durante a qual se descerrou uma lápide que perpetua este acontecimento às gerações futuras.
Dizem que na História não há “ses”, mas o presidente da Câmara, António José Correia, não tem dúvidas que, se houvesse central nuclear, Peniche não teria hoje “o melhor peixe do mundo”, os seus afamados hortícolas e o próprio surf não teria a mesma essência se aquele mar tivesse como fundo as torres de refrigeração de um reactor nuclear.

Chamava-se Crealmina a mulher que às 7h00 da manhã do dia 15 de Março de 1976 tocou o sino a rebate para juntar o povo para a manifestação. E fê-lo com tanta gana que o badalo se partiu. Mas a mulher agarrou na peça e continuou a martelá-lo. Veio praticamente toda a gente de Ferrel, mas também vizinhos de Peniche, do Baleal, da Atouguia, do Lugar da Estrada.
O povo juntou-se e como as dúvidas sobre os alegados benefícios da central nuclear que se iria construir em Ferrel eram menores do que as certezas dos seus malefícios, foi toda a gente em manifestação até ao local onde uma equipa de técnicos tinha montado uma antena meteorológica para medir ventos, temperaturas e humidades.
“Vamos partir esta merda já!” era uma das palavras de ordem. Eram mais de 700 pessoas, em tractores, camionetas, motorizadas e até de burro. Levavam foices, forquilhas, ancinhos, cajados e estavam dispostos a tudo.
A GNR presente com alguns efectivos não criou problemas. Vivia-se o pós 25 de Abril. Não houve confrontos. Nem mesmo quando o povo partiu a vedação e barras de ferro e pedaços da rede metálica foram transportados para Ferrel, onde fizeram jeito em muitos quintais e arribanas.
A manifestação fora espontânea. Não houve televisão, nem telejornais, nem comunicação social presente. Os partidos políticos ignoraram o assunto. Os movimentos ecológicos, ainda incipientes, só acordaram na altura. Só o jornal O Arado realizado por jovens activitas do Lugar da Estrada, que estudavam em Lisboa, esteve presente e fez a reportagem. A Gazeta das Caldas deu também a notícia, através de uma mensagem que lhe foi trazida pelo ferrelense Joaquim Jorge.
Por isso, como recordaram os oradores da sessão de domingo, esta manifestação foi o princípio do fim do nuclear em Portugal. Mas também se pode dizer de outra maneira: foi o fim do princípio do nuclear. Porque o nuclear em Portugal não passou disso mesmo – de um princípio, de um arranque imediatamente abortado.

FESTIVAL PELA VIDA CONTRA O NUCLEAR

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Dois anos depois, e por iniciativa da Gazeta das Caldas que na altura editava o suplemento Pela Vida, realiza-se o Festival Pela Vida Contra o Nuclear, que colocaria Ferrel nos noticiários nacionais e em algumas pequenas notas de revistas internacionais. Vieram activistas do estrangeiro e figuras nacionais como José Carlos Costa Marques, Cláudio Torres, Rui Vieira Nery, Nuno Ribeiro da Silva, António José Saraiva, Delgado Domingos, Luís Coimbra, Ribeiro Teles, Manuel Braga da Cruz. Para cantar vieram Zeca Afonso, Sérgio Godinho, José Mário Branco, Fausto (com a sua Rosalinda), Adriano Correia de Oliveira, Vitorino, o GAC entre outros.
Nessa segunda manifestação, em 1978, já havia um pelotão da GNR a guardar o local. Os ânimos exaltaram-se, mas não houve confrontos. A Guarda guardou a estação meteorológica e o povo partiu o estaleiro que seria o princípio das obras de prospecção da central nuclear. Nunca mais ali se fez nada. Alguns manifestantes ainda aproveitaram para plantar batatas naqueles terrenos – muito férteis – que hoje estão repletos de hortas vistosamente amanhadas.
O futuro viria a dar razão aos que se opunham ao nuclear. No ano seguinte dar-se-ia o grave acidente nuclear de Three Mile Island (1979), nos Estados Unidos da América com a evacuação de milhares de pessoas das zonas em redor da central. E em 1986 o acidente de Chernobyl, com um cortejo de mortes que hoje se estima em 100 mil, chamava a atenção para os perigos desta tecnologia. Mais recentemente, em 2011, um terramoto seguido de maremoto no Japão fez estoirar a central nuclear de Fujushima, próxima do mar.
Mas em 1976, os sucessivos governo constitucionais e mesmo alguns partidos da oposição saídos do 25 de Abril acreditavam nas virtudes do nuclear e sublinhavam que uma central destas era uma fonte de progresso para a região. Havia mesmo uma dicotomia entre o nuclear bom e o nuclear mau, para certas pessoas, caso tivesse proveniência do Ocidente ou dos países de Leste. Infelizmente ambos os modelos têm os seus esqueletos no armário (Three Mile Island e Fukushima por um lado e Chernobyl, por outro).
António José Correia, hoje presidente da Câmara de Peniche, era então um jovem estudante de Economia em Lisboa e editava, com um grupo de amigos penichenses, a publicação local O Arado. “A nossa primeira preocupação foi obter informação. Fomos ter com o professor Delgado Domingos, com o Afonso Cautela para tentar perceber o que era isto. E partilhávamos a informação no Arado. Hoje fala-se em empreendedorismo, mas nós já na altura éramos muito empreendedores: tínhamos uma motorizada, uma máquina fotográfica e imprimíamos o jornal em duplicador no Instituto Superior Técnico”, conta o hoje presidente da Câmara de Peniche, eleito pela CDU.
Num país saído de uma revolução, as comissões de moradores tinham então poderes que só mais tarde seria assumidos pelas juntas de freguesia. António José Correia conta que foi através destas organizações das aldeias em redor de Peniche que foi criado o movimento que iria dar origem à manifestação.
Outro autarca que no passado domingo participou activamente nas comemorações dos 40 anos da marcha de Ferrel, foi o próprio presidente da Junta de Freguesia, Silvino João. Na sua alocução recordou Fausto e a sua canção “Se tu fores ver o mar – Rosalinda” (“E em Ferrel lá p’ra Peniche / vão fazer uma central /que para alguns é nuclear / mas para muitos é mortal”).
E contaria à Gazeta das Caldas, à margem do evento que, em 1978, quando a luta contra a central já beneficiava do apoio de ecologistas e grupos da esquerda mais radical, “um anarquista holandês, com boina à Che Guevara, chegou-se ao pé de mim e disse-me ‘tenho aqui o suficiente para rebentar com aquilo tudo’. E mostrou-me um saco com explosivos. Tive que o convencer que não era preciso ir tão longe”.

“Somos todos habitantes de Ferrel”

José Luís de Almeida e Silva, director da Gazeta das Caldas, falou no papel do ferrelense Joaquim Jorge, que na altura trabalhava num banco nas Caldas e trazia as notícias para o nosso jornal. E contextualizou o momento histórico: a Alemanha, que até tinha ajudado Portugal no período difícil saído da revolução de Abril, queria fornecer o reactor nuclear ao país. Na época ainda não tinham acontecido os grandes acidentes nucleares, mas sublinhou que já havia quem alertasse para os perigos desta tecnologia.
Recordou ainda a frase que se tornou moda: “Somos todos habitantes de Ferrel” (inspirada na frase do Presidente Kennedy “somos todos cidadãos de Berlim”). E concluiu que o que se passou em Ferrel há 40 anos “foi muito importante para o país, para a Europa e para o mundo”, apelando a que os jovens perpetuem a memória destes acontecimentos que foram bem mais importantes do que hoje possam pensar.
O ambientalista António Eloy recordou que à época o próprio PCP era defensor da energia nuclear, desde que as centrais fossem soviéticas. E aproveitou a cerimónia para apelar a uma exigência ao governo português: “que exija ao governo espanhol que encerre a central de Almaraz a escassos 100 quilómetros da fronteira portuguesa”. E explica porquê: “é velha, tem a mesma idade da de Ferrel se esta tivesse sido construída, está mais do que amortizada e teve problemas nos últimos 35 anos. Está na altura de a fecharem em vez de quererem prolongar o seu ciclo de vida”.
Mariano Calado, autor do livro “As Bruxas de Ferrel” leu um excerto do seu livro onde relata, de forma épica, a marcha de há 40 anos. O seu livro, aliás, serviria de inspiração para uma performance realizada pelo Grupo de Teatro de Ferrel no palco da enorme tenda onde também figura uma exposição com documentos dos anos setenta sobre a luta anti-nuclear.
Numa peregrinação ao local onde não chegaria a ser construída a central, António José Correia era um homem feliz. Num dia que já parece de Primavera, céu e mar a perderem-se de azul, os contornos da Berlenga, do Baleal e do cabo Carvoeiro bem desenhados no horizonte, o autarca de Peniche diz que a sua     terra não seria a mesma se o nuclear tivesse ganho. Uma hora antes, na sua intervenção, dirigira-se ao palanque com um enorme repolho nas mãos e umas latas de sardinha. “São os elementos diferenciadores de Peniche: produtos hortícolas de qualidade, o melhor peixe do mundo e o cluster do surf, que não teria a mesma essência nem projecção mundial se os surfistas tivessem de coexistir com uma central nuclear”. E mais: por ironia do destino, naquele mesmo local, está hoje submergido um equipamento inovador e experimental que aproveita a energia das correntes marítimas para produzir electricidade com capacidade para abastecer uma pequena aldeia.

O “NÃO” ao suicídio nuclear, FERREL 15 de Março de 19761
O dia 15 de março de 1976 inscreve-se na história como momento fundador de um movimento ecologista e ambientalista, em Portugal. Sendo que a luta antinuclear2 , também referida na época como «A guerra contra o átomo “pacífico”3» , esteve na origem deste movimento.
A mobilização da população de Ferrel e o “Não” à instalação de uma central nuclear nos terrenos a norte da povoação constituiu uma forma de luta e de recusa efetiva à política energética assumida no plano económico pelo Governo4 . Os meios de comunicação locais e regionais, dos quais se destacam o Baluarte, o Arado, A Voz do Mar e a Gazeta das Caldas5 , desempenharam um papel fundamental no esclarecimento, contribuindo para o debate que se entendeu necessário em torno da opção nuclear. É a atenção e a preocupação da questão nuclear da opinião pública que transforma um problema de matriz ambiental em problema social6. De fato, foi esta mediatização do problema ambiental, permitiu a tomada de consciência da opinião pública7.
O Frente Ecológica (no Nº7) – Boletim do Movimento Ecológico Português (M.E.P.), de março-abril de 1976, considera que «A luta de Ferrel contra o nuclear é a luta do povo português contra o tecno-fascismo»8.  Esta feição nacional do problema é manifestada na expressão criada pelo Grupo de Estudos Viver é Preciso, em junho de 1978, «SOMOS TODOS MORADORES DE FERREL»9.
As razões desta recusa estão expressas no Comunicado [Á população] datado de 15 de março de 1976, Moinho Velho10 . Nomeadamente, preocupação com a poluição, os perigos para a saúde, os perigos que comprometem a atividade agrícola e piscatória, sem esquecer o “aumento da dependência económica e política do nosso País em relação ao País vendedor da Central e ao que irá preparar o urânio para o seu funcionamento (…) ”. E ainda que “foram enviados pela população de Ferrel em 5 do corrente mês telegramas” aos órgãos de informação, dizendo o seguinte: “POPULAÇÃO DE FERREL APOIADA POVO CONCELHO PENICHE E CONCELHOS LIMÍTROFES (ÓBIDOS, BOMBARRAL, CALDAS, LOURINHÃ E TORRES VEDRAS) PROTESTAM CONTRA A INSTALAÇÃO CENTRAL NUCLEAR E LUTARÁ POR TODOS OS MEIOS LEGAIS CONTRA SUA CONSTRUÇÃO – COMISSÃO DE MORADORES DE FERREL”. Na sequência destes acontecimentos foi constituída uma Comissão com a “finalidade de divulgação da luta das povoações e contribuir para o alargamento Anti-Nuclear”11.
Pela primeira vez, a sociedade portuguesa contemporânea se debate acerca do tema do ambiente enquanto problema social. Num momento particularmente sensível para a transição democrática esta sociedade revelou uma mudança de valores que marca o século XX português. Do ponto de vista sociológico, emerge um conjunto de valores pós-materialistas nomeadamente de participação política e de liberdade de expressão12.

Inês Grandela Lourenço
Tiago de Oliveira Alves
Associação Patrimonium – Centro de Estudos e Defesa do Património da Região de Peniche

  1. Inês Grandela Lourenço e Tiago de Oliveira Alves, investigadores da Associação PATRIMONIUM – Centro de Estudos e Defesa do Património da Região de Peniche. Peniche, 8 de março de 2016.
  2. Também caracterizada como “luta ecológica”, “antimonopolista” e “anticapitalista”, in Frente Ecológica – Boletim Nºs 4 e 5, 20 de fevereiro de 1975, pp.42-43.
  3. O século, 30 de março de 1976, Ano 96, Nº 33613, pp.6.
  4. Sucessivos Governos Provisórios e pelo Governo do Constitucional do PS, eleito em 1976.
  5. Representante do grupo ambientalista internacional “Sol Sorridente”, em Portugal.
  6. YEARLEY, Steven, A causa verde; uma sociologia das questões ecológicas, Oeiras, Celta Editora, 1992.
  7. SCHMIDT, L., Portugal Ambiental, Casos & Causas, Oeiras, Celta Editores, 1999.
  8. Frente Ecológica, Nº7, março-abril de 1976.
  9. SOMOS TODOS MORADORES DE FERREL, Grupo de Estudos Viver é Preciso, 8 de junho de 1976. avozportalegrense.blogspot.pt/2011/04/antonio-martino-de-azevedo-coutinho_18.html
  10. O jornal local «O Arado», noticia logo no dia 16 de março de 1976 a manifestação em Ferrel: “a primeira acção vigorosa contra a central nuclear projectada para norte daquela localidade” (em formato digital, www.cm-peniche.pt)
  11. Comunicado – Á população, 15 de março de 1976, Moinho Velho. Documento em formato digital (PDF), em www.cm-peniche.pt.
  12. CARVALHO, Nuno, A construção do ambiente como problema social: Anos 70 – Anos 90, Dissertação doutoramento, FCSH-UNL, Lisboa, 2003, pp.43.
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2 COMENTÁRIOS

  1. Gostei de recordar tempos e acções em que também participei. Gostei de reavivar pormenores de que já não me lembrava. Parabéns por este tabalho

  2. Estes artigos contêm muitas imprecisões. Nada sei sobre uma manifestação ocorrida em 1976, o que é estranho, pois, na época, mantinha algum contacto com José Luís e a Gazeta das Caldas, com a qual tivera algumas pequenas e insignificantes colaborações. O que posso testemunhar foi o ocorrido em 1978. No ano anterior, formara-se em Lisboa em grupo que se designou NON – Não à Opção Nuclear, por iniciativa de JAM ou JL, já não recordo, mas em cuja primeira reunião, numa sala cedida pela cooperativa do ex-trabalhadores da Rádio Renascença estiveram presentes, além dos referidos e de mim, CG, NG, JC, MR, ML, F, M.e M. Esse grupo viria a contar, mais tarde, com algumas dezenas de activistas, entre os quais o referido no artigo António Elói, além de JPF, MF, C, M, R, entre tantos outros. Colaborações estabelecidas desde logo membros da Cooperativa Árvore, através de José Carlos Costa Marques, depois com José Luís Almeida e Silva, Luís Coimbra, Delgado Domingues e AJR.
    O Festival das Caldas da Rainha ocorreu no dia em que se fez uma pequena manifestação em Ferrel. Não participei nesta, pois ficara a organizar o que se passaria na Casa da Cultura das Caldas da Rainha. Não me dei conta da presença de activistas estrangeiros ou perigosos anarquistas, como não me lembro da presença de Vitorino ou José Mário Branco. Pedro Barroso (com uma canção sobre Riachos), Fausto com a sua Rosalina, José Afonso e Sérgio Godinho estiveram presentes, trazidos por MA, um activista da CLAP do Alviela.
    Os testemunhos de JL e JAM, condutores do “pão de forma” e do R4 que estiveram em Ferrel, garantiram que não houve qualquer apoio significativo da população local. Os manifestantes eram gentes de Lisboa e Porto, sobretudo.
    Os partidos políticos opunham-se a qualquer contestação à opção pelo nuclear, com excepção do PPM. Havia pessoas com ligações a partidos, como MA à UDP ou um de que não recordo o nome que era ligado ao PCP. Mas estavam lá quase às escondidas. No ano seguinte, quando se organizou em espectáculo de propaganda ambientalista e anti-nuclear no Parque Eduardo VII, em que então participou Vitorino, os Trovante foram anunciados com outro nome, pois a produtora a que estavam ligados, pertença do PCP, não os autorizava a participar. Nesse evento participou ainda o grupo Xutos e Pontapés, no que creio ter sido o seu primeiro concerto público. Membros de partidos que se reclamavam do comunismo chegaram a atacar manifestantes ecologistas. A hostilidade foi patente, segundo me disseram (não estive presente) numa manifestação ocorrida no ano seguinte em Ferrel. O PCP defendia a construção de uma central nuclear, desde que encomendada à URSS. Nesse sentido organizou uma exposição de propaganda, que decorreu na antiga FIL. Algumas pessoas, entre as quais me encontrava, com LFC, escreveram algumas frases de contestação nos muros do recinto.
    Os activistas do NON eram quase todos pessoas sem filiação partidária. JL era militante libertário (não gosta de bombas, era pacifista) e participara no MEC, pelo que tinha já uma história de militância em prol do ambiente. Eu tinha tido uma pequena experiência num grupúsculo ambientalista dos tempos de liceu, organizado por MA, inspirado no Sierra Club. ML era uma adepta da comunidade de Lanza del Vasto, um arauto da não violência. Como se pode deduzir, quase tudo gente muito pacífica, sem qualquer intuito de protagonismo político (daí eu omitir os nomes, pois há os que hoje são médicos, farmacêuticos, professores, músicos conhecidos etc., não tendo eu autorização para os nomear).
    Os senhores presidentes da Câmara e da Junta não tiveram qualquer papel na organização dos eventos de 1978. Se estiveram presentes, não sei, houve algumas centenas de participantes no Festival pela Vida (não milhares), pelo que não posso testemunhar algo sobre isso.