
A iniciativa, que começou com uma concentração na Praça 25 de Abril e rumou ao hospital, pretendeu alertar para o “estado caótico” em que se encontra a saúde no Oeste
Marcada para as 20h00 de sexta-feira, a vigília “Pela saúde dos nossos hospitais do Oeste”, organizada pela Comissão de Utentes do CHO, juntou perto de uma centena de pessoas na Praça 25 de Abril, na defesa de melhores condições de saúde para a população. O grupo seguiu depois até ao Hospital das Caldas, onde deu as mãos, num abraço simbólico, frente às Urgências.
Entre os participantes, marcaram presença os presidentes de Câmara das Caldas, Cadaval e Peniche, os deputados caldenses na Assembleia da República, assim como representantes dos diversos partidos políticos, de vários municípios oestinos, e ainda profissionais de saúde.
“Estou aqui pelo estado caótico a que a saúde chegou”, realçou o presidente da Câmara do Cadaval, José Bernardo Nunes, denunciando que no seu concelho estão a trabalhar apenas dois médicos de família, dos sete colocados, e que não sente apoio por parte dos hospitais do CHO. O autarca reconhece que não será fácil arranjar solução para o problema da saúde, mas defende que é necessário as pessoas manifestarem-se e denunciarem o que está mal, pelo que ficou surpreso com a fraca adesão por parte dos oestinos a esta vigília.
José Bernardo Nunes não acredita na construção de um novo hospital no Oeste, porque “não há vontade, nem agora nem há muitos anos”. E lembra que, “nunca, no país, para se fazer um hospital tiveram de ser os presidentes de câmara a indicar a localização. Isso acontece só porque não se quer fazer hospital nenhum, está-se a adiar a decisão”, considera. Humberto Bertino, presidente da Câmara de Peniche, também marcou presença na vigília porque considera que a falta de médicos e de condições de saúde dos centros de saúde e hospitais, é o assunto que atualmente mais preocupa os autarcas. “Nunca estivemos tão mal em termos de saúde desde que foi criado o SNS e temos de mostrar a nossa reivindicação em todos os fóruns que sejam possíveis”, disse, acrescentando que os autarcas tinham prevista uma reunião na OesteCIM, esta quarta-feira, para avaliar o estudo que está a ser desenvolvido e falar sobre o estado a que chegou a saúde na região.
António Reis veio de Torres Vedras para participar na concentração. Preocupa-o não só o hospital das Caldas mas também o da sua terra, que “passa exatamente pelas mesmas dificuldades”. Defende, por isso, que todo o Oeste “tem de se reunir para resolver este problema, que é dos cidadãos”. Considera que o número de participantes na vigília foi o suficiente para mostrar que os cidadãos estão preocupados e exigem uma mudança e revelou que também irá fazer uma iniciativa semelhante em Torres, dentro de um mês, para se fazerem ouvir.
O enfermeiro no Hospital das Caldas, Paulo Francisco Neto, também participou no abraço, destacando que está “do lado das pessoas que precisam de um hospital”. O profissional de saúde sente na pele o que é “um hospital com uma estrutura física completamente ultrapassada” e defende um hospital novo no Oeste. Considera que as pessoas que participaram são as que estão mais “mobilizadas e despertas para o problema” e está confiante que, a partir de agora, mais se venham a identificar com esta necessidade.
Rosa Amorim, diretora do Serviço de Medicina nas unidades das Caldas e Peniche, participou na vigília na “qualidade de cidadã e futura utente do hospital”, precisou. Defende que é preciso melhorar a saúde no Oeste e só vê um caminho para o conseguir: a criação de um novo hospital.
A profissional de saúde esclareceu que esta concentração não é pelas condições dos profissionais do centro hospitalar, mas pela melhoria dos cuidados prestados à população. Acredita que não tenha sido bem divulgada e que, por isso, apareceram poucas pessoas, mas também entende que estava “um pouco politizada”, o que na sua opinião não deve acontecer, defendendo união em torno desta causa.
Vítor Dinis, porta-voz da Comissão de Utentes do CHO, considera que foi um “primeiro passo importante para que cada vez haja mais união e que o governo olhe para nós de forma diferente”. Segue-se agora um pedido de audiência ao Presidente da República e já foi pedida também reunião aos parlamentares, que foi adiada devido à discussão do orçamento. “Espero que não seja necessário recorrer depois à União Europeia”, conclui ■






























