Uma assinatura da Gazeta das Caldas que remonta a 1934

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Os filhos de António Sales Henriques (Maria José e José da Costa) e a nora (Carlota) com o recibo de 1934 e a capa da primeira edição que o pai terá recebido após a assinatura | Isaque Vicente

A partir de um recibo de 1934 de uma assinatura de seis meses da Gazeta, os filhos de António Sales Henriques recordaram a relação que o pai tinha com este jornal e que fizeram questão de preservar. A sua nora ainda hoje recorta e guarda artigos do seu interesse

Um recibo datado de 10 de Março de 1934, que atesta o pagamento de 12 escudos, correspondente a seis meses de assinatura da Gazeta das Caldas, é o ponto de partida desta conversa com os filhos do então assinante do jornal, António Sales Henriques. A filha, Maria José (85 anos) e o filho, José da Costa (um ano mais novo), contam que, nessa época, o pai seria o director de estradas do distrito de Setúbal, o que explica os motivos para que quisesse receber o jornal no 2º andar do nº47 da Rua Passos Manoel, em Lisboa. “Foi nesse prédio que nasci!”, exclamou José da Costa, recordando que o pai “era um leitor assíduo da Gazeta das Caldas e era um caldense ferrenho, pelo que vínhamos todos os fins-de-semana cá”.
António Sales Henriques foi assinante a vida toda e os filhos fizeram questão de manter esse hábito. Mesmo vivendo em Lisboa, foram sempre “recebendo as notícias desta zona através das páginas da Gazeta. José da Costa tornou-se assinante quando, nos anos 80, a sua esposa tinha que se deslocar frequentemente a Bruxelas por motivos profissionais. Dessa forma, Carlota tinha uma forma de levar as notícias das Caldas até à Bélgica. Uma curiosidade: é que quando José se licenciou, em 1962, a Gazeta fez notícia desse facto!
Quando recebem o seu jornal de sempre, a primeira coisa que procuram é a coluna do Zé Povinho. Depois, procuram a necrologia e as notícias da região, assim como os textos de escritores e cronistas. No caso de José Carlos há outra curiosidade. É que a sua esposa, Maria Carlota Reis Sales Henriques, ainda hoje recorta e guarda artigos sobre temas que lhe interessam. “Actualmente até já digitalizo e guardo no computador”, contou esta curiosa, que guarda um espólio de artigos relacionados com a história local e com outros temas. Depois de lerem a Gazeta guardam para os filhos verem o que se passa na região, que “eles gostam muito de ler”. Mas de seguida, conta José, é “impedido de deitar uma Gazeta fora!”. É “obrigado” a guardar os jornais para a esposa ver se lhe interessa algum recorte. Carlota guardou, por exemplo, as crónicas do juiz Carlos Querido e agora está a coleccionar os artigos sobre as freguesias das Caldas.
No aniversário estes amantes da Gazeta deixaram uma mensagem de continuidade. “Que continue a escrever sobre a cidade e a região, a mostrar as diferentes opiniões e a apresentar assuntos interessantes”, desejou Carlota. “Que continue a ser um testemunho da memória caldense e a trazer um elemento humorístico, sendo ainda um veículo de igualdade, mostrando que todos os homens são irmãos, salientando o valor da humanidade”, disse Maria José. Já José Carlos apelou a que a Gazeta “continue a ser um testemunho duma imprensa livre, independente de partidarismos”.

12 ESCUDOS EM 1934

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Para ter um termo de comparação do custo do jornal, pesquisámos nos anúncios daquele ano os preços de então. Um almoço no restaurante Bomjardim, em Lisboa, custava 5 escudos e incluía dois pratos à escolha, pão, vinho e fruta. O jantar custava mais um escudo (o equivalente a três meses de assinatura do jornal). O estabelecimento anunciava na Gazeta para “muito respeitosamente convidar os senhores caldenses a uma visita ao seu acreditado restaurant, que fica a dois minutos da estação do Rocio, onde encontram todo o conforto moderno e aceito”. Outro anúncio vendia pares de sapatos na Sapataria Portuense nas Caldas por três escudos. “Ali o freguez não paga o luxo”, diz a publicidade.

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