Um baile, futebol, tasquinhas e jazz num sábado de Verão no Parque D. Carlos I

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Os convivas acham que este tipo de eventos poderiam ter regularidade no Verão | NATACHA NARCISO

A partir das seis da tarde foram muitas as famílias que vieram passear na alameda principal do Parque D. Carlos I petiscando nas tasquinhas, jogando xadrez, ou dando um pezinho de dança ao som dos BJazz, que actuaram, antes e depois do jogo Portugal-Croácia, no coreto. Depois do jogo terminar e com a vitória de Portugal em França, aquele espaço transformou-se numa pista de dança ao ar livre, tendo dado lugar a mais uma verdadeira festa revivalista dos anos 80, onde foram recordados temas dessa década. Os convivas acham que este tipo de eventos – co-organizado entre a Gazeta das Caldas, o Museu do Hospital e a União de Freguesias – poderiam ganhar regularidade, pelo menos durante o Verão.

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Isabel Lourenço veio ao baile ao fim da tarde com a sua filha e netas. Estava a gostar do ambiente e, antes de irem aos insufláveis, degustaram saborosas panquecas holandesas. “Está um óptimo ambiente”, disse a participante que acha que eventos do género poderiam ter lugar de forma mensal. Joana Tornada também veio acompanhada pela sua filha e achou que o evento “é uma excelente ideia para toda a família”. Depois de ter saboreado um hambúrguer especial na Taskinha do Beco, acompanhou a sua filha até ao insuflável.
Uma das empresas caldenses presentes, a Gramas com Sabor trouxe os seus produtos e fez questão de criar um de propósito para este evento. “Nós trabalhamos os produtos de hoje com os sabores de antigamente”, explicava Isa Nobre, uma das responsáveis dando a conhecer a novidade: uma empada de sardinha com pimento.
Manuel Dias, do Raízes, não podia estar mais satisfeito com a realização deste evento. “É destes e de outros eventos que o parque precisa, por isso era bom que se realizassem de forma regular”, disse o chef que tinha casa cheia para assistir ao jogo de Portugal- Croácia, tendo salientado a presença de vários estrangeiros.
Idealmente no Verão eventos deste tipo deveriam realizar-se quinzenalmente e no Inverno nas datas festivas. O Raízes marcou presença com os Montaditos, pedaços de pão com várias conjugações que fizeram as delicias de quem os provou. Havia as mais diversas propostas desde morcela com uvas no forno, húmus com grão assado, atum com vegetais, entre tantas outras.
Por seu lado, o Maratona trouxe comida saudável e apostou em propostas cruas, feitas com vegetais, frutos e peixe onde usaram a casca dos próprios alimentos. A equipa do Maratona apresentou-se com uma banca em madeira e as iguarias aguardavam para ser servidas numa original bancada de gelo. Não faltou quem se tenha deliciado com ceviche de salmão ou as outras propostas coloridas à base de vegetais ou de frutas. A repetir, sem dúvida.

Jazz animou dia e serão

Ao longo da tarde e no início do serão, os BJazz trouxeram aquele género musical a este baile. Do grupo fazem parte músicos da região que integram também outros agrupamentos como a Orquestra do Monte Olivetti.
David Santos (tuba), Rafael Neves (clarinete), Hugo Santos (trombone), João Ventura (bateria) e Ana Matos (voz) trouxeram standards daquele género musical dos anos 20 até à década de 60 e conseguiram arrancar elogios do público. “O jazz é um pouco elitista e nós tentamos chegar às pessoas, apostando em temas mais mexidos”, disseram os músicos que estiveram à conversa com a Gazeta das Caldas.
Para os BJazz é fundamental sentir a energia do público, algo que aconteceu no parque pois algumas pessoas deram uns passitos de dança e outras aplaudiram os vários solos dos músicos.
Vividas as emoções do jogo Portugal-Croácia, a noite caiu e o Parque ganhou outras cores. O jazz deu lugar ao DJ do We love the 80 e assim que o jogo terminou afluíram ao parque mais pessoas.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, e o presidente da União de Freguesias, Vítor Marques, estavam satisfeitos com a iniciativa e ambos referiram a importância de dinamizar e de atrair público aos eventos locais.

“Eventos sim, sem esquecer tranquilidade”

Dado o sucesso da regata no passado Verão, Gazeta das Caldas voltou a aliar-se ao Museu do Hospital e à Agrupamento de Freguesias para organizar um evento destinado a relembrar os passeios no parque, a música ao vivo no coreto e os bailes que tinham lugar no Casino. E há muitos caldenses que se lembram de tais iniciativas. O Museu do Hospital “está em todas!”, disse a responsável Dora Mendes, acrescentando que “o parque sempre teve grande animação na época de Verão” e por isso faz sentido recuperar uma programação regular de eventos. O museu está aberto a mais propostas desde que estas contribuam para a animação diurna e nocturna do parque, mas que “nunca se esqueça também a vertente da tranquilidade”.

Memórias de outrora

Nos bons tempos do Parque durante os meses de Verão, às quintas e aos domingos, havia concerto da Banda Comércio e Indústria no coreto. Quem o confirma é Madail Mendes que é do Cartaxo, mas que veio para as Caldas ainda menino. Em jovem era um dos que percorria a alameda principal do parque nestes dias e “foi aqui que conheci a minha mulher”. E por isso esta festa, com vista a recordar estes dias e estes passeios, ganham mais importância para este conviva que acha que naquela altura “havia menos dinheiro mas nós divertíamo-nos mais”.

Na sua opinião, eventos como este poderiam ter uma periodicidade quinzenal durante o Verão. Luís Santos também não esquece os bailes do Casino, onde chegou “a actuar mais do que uma vez a Amália Rodrigues, assim como o conjunto do Shegundo Galarza”. Ambos eram já considerados figuras de top a nível nacional.

Luís Santos, da loja Ramiro, também recordou que as senhoras se vestiam bem para passear pela alameda do parque. Na relva havia ainda uma bordadura com pequenos vasos com velas iluminadas que muito contribuíam para criar um ambiente especial.

Já Nazaré Andrezo, também se lembra dos bailes do Casino e também os do Lisbonense e dos passeios ao som da música que se faziam no parque. Por ter gostado de se relembrar desses tempos, a conviva gostaria que este evento se repetisse e promete voltar a participar. Opinião partilhada por Gracinda Elias e Arlete Nunes que recordam com saudade as práticas sociais do parque. A primeira, lembrou que vinha a pé de Santa Rita para ouvir a Banda tocar e para passear pelo principal artéria do Parque.

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