Fernando Pessoa é uma das mentes mais brilhantes e complexas da literatura portuguesa. Na Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste a professora de português desafiou os alunos a transpor essa complexidade para uma ementa de almoço e o resultado foi… poesia culinária.

Esta foi a primeira sessão do projecto Afinidades do segundo semestre (a 16 de Fevereiro). Neste projecto multidisciplinar os alunos finalistas dos cursos de Cozinha e Pastelaria e Restauração e Bar pegam num tema e trabalham todos os aspectos do almoço, desde a ementa, às bebidas, sem esquecer a decoração da sala.
Os três principais heterónimos de Fernando Pessoa – Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis – foram desta vez a fonte de inspiração.
Catarina Rodrigues, professora de português, explicou que o tema foi proposto logo no primeiro dia de aulas e despertou nos alunos uma grande vontade para pesquisar e conhecer a obra de Fernando Pessoa, que foi aplicado na confecção e estética dos produtos apresentados.
A refeição começou com um cocktail de recepção que tinha três opções. “O Mestre” foi inspirado em Alberto Caeiro e tinha xaropes de coco e arando e sumos de ananás e lima. Ricardo Reis Reis inspirou um Carpe Diem, com Vinho do Porto, rum, angostura e xarope de louro. E Álvaro de Campos recomendava O Triunfal, com whisky, singeverga, sumo e espuma de tangerina.
À mesa, tudo começou com a Ode Marítima, a viagem de Álvaro de Campos à Ásia, com uma sopa de algas rica em especiarias e com camarão. Depois o Guardador de Legumes, foi uma audaz reinterpretação do Guardador de Rebanhos de Ricardo Reis. E Carnivoramente terminou a parte dos salgados com um sumptuoso e triunfal bife Wellington.
A sobremesa, um Pote Estoico, acompanhou Ricardo Reis na sua viagem ao Brasil, com sabor a caipirinha, goiaba e maracujá.
Entre degustações os alunos de Operações Turísticas e Hoteleiras fizeram a animação, recitando alguns versos que introduziram cada elemento da refeição.
Catarina Rodrigues diz-se “orgulhosa” pela forma como os seus alunos encararam o projecto. A professora acredita que esta experiência fez os alunos perceberem “que uma disciplina teórica como o português faz sentido numa escola como esta, é preciso ter conhecimento da cultura portuguesa para se inspirarem”.






























