Um turista brasileiro de 68 anos faleceu ao final da tarde do passado domingo, 6 de Novembro, depois de cair de uma altura de mais de oito metros na cerca do Castelo de Óbidos.
Segundo Carlos Silva, adjunto do comando dos bombeiros voluntários de Óbidos, desconhecem-se os motivos da queda do do turista, que estaria nessa altura já a descer da muralha.
“Desequilibrou-se e tanto quanto sabemos deve ter tido morte imediata. Os familiares que estavam com eles eram médicos e fizeram logo manobras de reanimação, mas não houve nada a fazer”, contou o bombeiro.
A VMER das Caldas também interveio, mas o óbito acabou por ser declarado no local.
O vice-presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, lamentou o acidente e sublinhou que, embora as muralhas sejam “um património do Estado”, o que não permitirá avançar com obras de fundo, o executivo camarário tem vindo a fazer algumas intervenções. “Logo em 2002 encetámos três medidas para tentar minimizar ao máximo o risco”, adiantou o autarca. Foi instalada iluminação pública e sinalização de aviso a quem circula nas muralhas. Intervieram também ao nível da regularização do pavimento. “Naquela época tínhamos saliências nas pedras com quase 20 centímetros e procurámos que o piso ficasse o mais direito possível”, disse.
Só que na zona onde se deu o acidente, a placa de um dos acessos está tapada por uma das estruturas dos eventos que se realizam na cerca do Castelo e tem as letras completamente desgastadas, enquanto a outra quase não se lê a parte do aviso que está escrita em português.
Questionado sobre a falta de visibilidade das placas de aviso neste local, Humberto Marques referiu que durante os eventos a passagem nas muralhas naquela zona está interdita ao público. Só que a estrutura mantém-se mesmo quando não há eventos. Quanto à outra placa, “lê-se (o aviso) em inglês, mas não se lê a parte final em português”, acabando por admitir que a Câmara terá que fazer uma análise da sinalização existente. “Mas por mais sinalização que exista, isso não vai resolver na totalidade possíveis ocorrências”, adiantou ainda, referindo que as pessoas devem ser responsáveis e encostarem-se às ameias da muralha quando caminham. “Trata-se mais da responsabilidade individual de cada um, do que da responsabilidade do Estado”, disse.
Em relação ao risco, embora ache que quando se fala em vidas humanas se deva lamentar qualquer acidente mortal, salientou que a vila recebe mais de um milhão e meio de pessoas por ano. “Se considerarmos os acidentes que tivemos nas muralhas, é mais seguro andar nas muralhas do que andar de avião”, afirmou.
Milhares passam pelas muralhas
Em Maio de 2010 tinha havido também uma queda grave nas muralhas de Óbidos. Outro idoso, um turista japonês de 77 anos, ficou gravemente ferido depois de ter caído de uma altura de cinco metros.
Todos os dias dezenas ou centenas de pessoas passeiam pelas muralhas de Óbidos. Gazeta das Caldas falou com um grupo de estudantes da escola Josefa de Óbidos que disseram não ter qualquer receio porque sabem que devem ter cuidado.
Daniel Ferreira, das Gaeiras, comentou que “as pessoas devem ter consciência de que andar na ponta não é seguro”. No entanto, admitiu que os estrangeiros possam não se aperceber do perigo. Kelly Penteado, do Olho Marinho, recorda-se de andar nas muralhas desde pequena e também disse não ter medo, até porque gosta de alturas. De qualquer forma, na sua opinião, poderiam colocar uma protecção e mais avisos para alertar as pessoas que não são de Óbidos.
O nosso jornal falou ainda com um turista de Lisboa, que passara o fim-de-semana em Peniche e dedicou a passada segunda-feira a um passeio a Óbidos. Acompanhado da sua mulher e das duas filhas, de quatro e sete anos, Miguel Gonçalves começou por não se aperceber do risco existente, antes de subir.
Antes só reparou que não havia uma protecção lateral, mas depois admitiu que aquela zona não era muito segura. “É demasiado estreito para a irregularidade do piso. Basta haver uma pequena distracção para acontecer alguma coisa”, considera. Miguel Gonçalves acha que devem ser colocados mais avisos, principalmente para as pessoas que tenham uma mobilidade mais reduzida, como os idosos, saberem o perigo que podem correr.































Quem é, ou são, os responsaveis???
O que será necessário para que se não volte a repetir….
Quem conhece e já passeou pelas muralhas é forçado a pensar que mais tarde ou mais cedo isto viria a acontecer.
E agora?
Muito infeliz declarações que induzem a conclusão do tipo: “a culpa é da vitima”. Ao invés de pensarmos no risco numérico, talvez devêssemos imaginar (impossível saber) a dor desses familiares, antes de concluirmos que é assim mesmo, sempre vai haver uma ocorrência…