As bandeiras e estandartes colocadas no cimo das muralhas mostram que Óbidos já regressou ao passado. Desde ontem, e até 12 de Agosto (entre quinta-feira e domingo), todos os caminhos vão dar à cerca do castelo, onde decorre o mercado medieval que junta animação, gastronomia e artesanato, num espaço cuidadosamente cenografado.As artes bélicas também estão em destaque com o assalto ao castelo (que decorrerá às sextas-feiras) e uma demonstração de armas medievais. O bilhete este ano é mais barato: custa seis euros, mas os trajados para entrar têm que pagar metade deste montante.O confronto interno está instalado em Óbidos. As forças fiéis a D. Afonso V não aceitam que D. Pedro tenha tomado o castelo e vão tentar assaltá-lo hoje à noite. Os tempos tardios da Idade Média estão este ano na base do assalto ao castelo, uma recriação que envolve 80 participantes e cuja encenação está a cargo do grupo profissional de recriação histórica militar Espada Lusitana, de Lisboa. Hoje à noite será feita a primeira tentativa de conquista, por parte de D. Afonso V que se repetirá nas próximas duas sextas-feiras, até que na última semana de mercado medieval as tropas afectas à Casa de Bragança (D. Afonso V) derrotam as da Casa de Coimbra (afectas a D. Pedro) e o rei volta a colocar o seu estandarte. O assalto começa pelas 22h30 e terá uma duração de 30 a 40 minutos.O grupo Espada Lusitana reúne elementos especialistas em história militar, esgrima histórica e combate cénico, dedicando-se exclusivamente à vertente de combate nas recriações. No assalto ao castelo, irão participar também alguns voluntários, como é o caso da Associação Josefa d’Óbidos e a Guarda do Alcaide (da Associação Espeleológica de Óbidos), que têm recebido formação por parte da Espada Lusitana. João Maia, fundador da Espada Lusitana, destaca mesmo que o seu “cavalo de batalha” em Portugal é a segurança. “Prefiro um espectáculo menos bom mas em que as pessoas estejam em segurança”, disse à Gazeta das Caldas. O especialista considera que Óbidos tem uma “mística brutal” e estão a preparar-se para fazer o melhor assalto ao castelo. O também professor de esgrima considera que este é um dos melhores mercados medievais do país.Este ano estarão também em exposição réplicas em tamanho real de armas medievais, como é o caso do trabuque, da catapulta, do aríete e da balista. As reproduções, que envolvem três toneladas de madeira, são de grandes dimensões, como é o caso do trabuco (arma de cerco) cujo braço tem mais seis metros. A catapulta tem cinco metros de comprimento por 2,5 metros de largura. As peças deverão ficar em exposição na zona dos torneios, com excepção do aríete que ficará na Porta da Vila, já que esta é uma porta “dupla, em cotovelo, e o sentido da porta dupla era para evitar que o aríete conseguisse rebentar a segunda porta”, explicou Bruno Silva. Este o mercado medieval tem a participação de 19 colectividades, mais uma que no ano passado. A novidade são os bombeiros Voluntários de Óbidos que também estarão na cerca do castelo. A animação será garantida por 22 grupos nacionais, envolvendo perto de 200 pessoas, entre bobos, cuspidores de fogo, dançarinos, músicos e jograis, especialistas nas artes divertir os visitantes. De fora da muralha está uma tenda de chá e um mercado árabe, onde também estarão alguns dromedários. Esta edição tem um investimento de 200 mil euros e o preço do bilhete é de seis euros (menos um euro que na edição anterior) e as crianças até aos 12 anos não pagam entrada. Os trajados a rigor tem um desconto de 50% na entrada, pagando apenas três euros (nas edições anteriores a entrada era gratuita). O mercado à quinta-feira funciona entre as 17h00 e as 24h00, à sexta-feira entre as 17h00 e a 1h00, ao sábado entre as 12h00 e a 01h00, e ao domingo entre as 12h00 e as 24h00.
Associação Josefa d’Óbidos com cerca de 500 trajes para aluguer
A Associação Josefa d’Óbidos tem cerca de meio milhar de trajes à disposição dos visitantes do Mercado Medieval. Os fatos estão em exposição na Galeria Casa do Pelourinho e podem ser alugados por seis euros por dia, incluindo o bilhete para o evento. “O objectivo é ter o maior número possível de participantes trajados, para uma atmosfera ainda mais especial”, explica Maria Rosa Freire, desta associação. Esta associação participa pelo terceiro ano no Mercado Medieval. Este ano, alem do aluguer de trajes, também vão participar na animação com as danças da corte e danças do povo. São também responsável pela manutenção de um acampamento militar junto ao castelo.Após uma experiência bem sucedida no Festival Medieval de Elvas, a associação trabalha em parceria com outros grupos de recriação histórica num contexto de teatralização de acontecimentos com uma base verídica. Estes momentos associam música, som, luzes e figurantes trajados a rigor, proporcionando momentos de “perfeita magia”.Vários elementos desta associação irão participar no assalto ao castelo, lado a lado com profissionais de outros grupos.
Fátima Ferreira






























