Reconstituição do Padrão de Tornada sucedeu-se ao furto do original, em novembro de 2020
No âmbito das comemorações do 15 de Maio, realizou-se a inauguração da reconstituição do Padrão de Tornada, cujo original foi roubado a 27 de novembro de 2020, sendo o seu paradeiro desconhecido. A cerimónia teve lugar na tarde de 14 de maio, por trás do Primeiro Cemitério Paroquial (Cemitério Velho), onde o antigo padrão também estava colocado. Por questões de segurança, o novo padrão foi preso ao muro.
Segundo a pesquisa efetuada por Joana Beato Ribeiro, natural do Reguengo da Parada, a pedido da União de Freguesias de Tornada e Salir do Porto, este padrão “terá sido mandado fazer pelo cura Clemente Martins, de Tornada, para assinalar algumas passagens do rei D. Afonso VI, em 1660, precisamente nesta localidade”. A descoberta espantou a historiadora, que sempre ouvira o avô contar a lenda de Tornada, que associa o padrão à passagem da rainha.
Foi na investigação do médico Fernando da Silva Correia (1893-1966), cujo arquivo pessoal se encontra a analisar para a tese de doutoramento, que Joana Ribeiro se deparou com aquela teoria, fundamentada numa inscrição patente na face traseira do padrão, que recentemente já não era visível, e em elementos da coroa do rei D. Afonso VI também descritos pelo médico e visíveis nas fotografias (recentes) cedidas por Rosa Machado à união de freguesias.
As referências à investigação do médico podem ser verificadas no sexto volume da “História de Portugal” (1934, p. 102) de Damião Peres, bem como na revista “Álbum das Caldas” (1933, número 4, s.p.), como refere a placa informativa colocada junto da obra.
“Na minha opinião, este padrão recupera a memória, não recupera a autenticidade”, afirmou a investigadora, defendendo a importância de cuidar do património material e imaterial.
A reconstituição do monumento foi efetuada pela empresa Gárgula Gótica, da Batalha, e foi orçada em cerca de 6000 euros, tendo contado com o apoio da câmara. Na reconstituição não consta a inscrição referida por Fernando Correia, por falta de espaço, e recorreu-se às fotografias de Rosa Machado, e à pesquisa acerca dos padrões e elementos do brasão e da coroa de D. Afonso VI.
“Acho que é um momento importante para os habitantes de Tornada, é a reposição da história que está a acontecer aqui hoje, devolver-lhes o que é deles”, rematou o presidente da União de Freguesias de Tornada e Salir do Porto, João Lourenço. ■






























