
A Câmara das Caldas da Rainha celebrou o Dia Europeu Sem Carros, no dia 22 de Setembro, com viagens gratuitas no Toma. Embora o número de passageiros tenha sido superior ao de um dia normal, a maioria dos passageiros desconhecia a iniciativa da autarquia.
O PS das Caldas critica que se celebrou a imobilidade em vez da mobilidade.
No Dia Europeu Sem Carros, os passageiros do Toma puderam viajar durante o dia, num número ilimitado de voltas, sem pagar bilhete. Nas linhas verde e laranja a adesão foi significativa, com o pequeno autocarro azul quase sempre cheio, com bastantes mais utilizadores do que nos restantes dias, garantiram os motoristas.
Contudo, a maioria dos passageiros desconhecia que na quinta-feira o Toma era grátis. Os aparelhos de leitura de cartões estavam tapados porque a tendência de praticamente todos os utentes era esticar o braço para validar a sua viagem. Os motoristas davam depois a boa notícia: “pode guardar o cartão, hoje não paga”.
Os mais curiosos perguntavam-lhes qual o motivo da “esmola” e estes explicavam que a iniciativa era da autarquia, que estava a celebrar o Dia Europeu Sem Carros. Uma resposta que os mais atentos também encontravam num pequeno poster de divulgação, colado um dia antes atrás da cabine do condutor.
Mas esta informação limitava-se ao interior do autocarro pois nas paragens do Toma não existia nenhuma publicidade acerca desta iniciativa.
Foi precisamente ao ler um dos posters que Isabel Ferreira, 53 anos, soube que na quinta-feira não teria que pagar bilhete. Para esta passageira, que utiliza o Toma mais que uma vez por dia, “a ideia foi boa, mas continuamos a ver muitos carros na rua, o que comprova que ainda há muito a fazer para consciencializar as pessoas”.
Na paragem da Rua Heróis da Grande Guerra, uma das mais movimentadas, Elvira Santos, Francisco Santos e duas Maria Odete contam que são passageiros habituais deste serviço, mas que não sabiam que hoje a viagem era de borla. Quando lhes explicamos a iniciativa, elogiam a ideia e realçam “que o Toma foi a melhor coisa que a Câmara fez nas Caldas”. Alguns deles, seniores com mobilidade reduzida, garantem que é graças ao pequeno autocarro que conseguem dirigir-se ao centro da cidade.
Já a Santa Casa da Misericórdia das Caldas aproveitou da melhor maneira os percursos gratuitos e levou 20 utentes a passear de Toma, divididos em dois grupos de 10 nas linhas verde e laranja.
Sandra Pinheiro, animadora social desta instituição, disse à Gazeta das Caldas que “os idosos gostaram muito do passeio. Alguns já não têm autonomia para sair à rua sozinhos e a viagem acabou por ser uma oportunidade para acompanhar a evolução da cidade, mas também recuar ao passado, aos tempos em que eles faziam o seu dia-a-dia por aquelas ruas”.
Esta não é a primeira vez que a Santa Casa recorre ao Toma para fazer visitas guiadas à cidade. Foram inclusive transportados passageiros em cadeiras de rodas.
CÂMARA INCOMPETENTE, ACUSA PS
Além do Toma gratuito, a Câmara incluiu no seu programa de comemoração da Semana Europeia da Mobilidade a corrida nocturna “Não fazemos nem mais um… km” (que costuma realizar-se todas as quartas-feiras) e uma recolha de sangue.
Os vereadores do PS criticaram o programa da autarquia, afirmando que “apresentar aos munícipes um conjunto de três eventos, alguns deles de pertinência abundantemente equívoca, demonstra que a Câmara Municipal das Caldas não confere a este certame europeu e a esta temática qualquer importância”. Os socialistas acrescentam que é “especialmente lamentável assistir a tal exercício de negligência e incompetência”, tendo em conta que o presidente Tinta Ferreira foi recordado sobre a pertinência do tema com antecedência.
“Juntamo-nos ao números dos concelhos que não querem saber da mobilidade para nada”, refere o comunicado, que também realça que o argumento apresentado por Tinta Ferreira – as empresas contactadas não quiseram participar – é inaceitável pois os poucos contactos efectuados foram realizados nos últimos 15 dias. O PS afirma que o programa apresentado é produto de um “ridículo e precipitado improviso” e que nas Caldas celebrou-se a imobilidade em vez do seu contrário.






























