Marilena Nardi (Itália)

“O cartoon é um termómetro da democracia de um país”
A italiana Marilena Nardi recebeu o grande prémio desta edição do WPC, e também foi a vencedora na categoria de cartoon editorial, com “liberdade de expressão”, publicado no jornal de Barcelona Illegal Times, em Dezembro de 2017. O seu desenho, que mostra uma figura por detrás de uma tesoura, fala sobre a censura e a necessidade de liberdade de expressão.
Embora feliz por ter sido distinguida, Nardi não escondeu a tristeza pelo facto dos três desenhos enviados a concurso terem sido publicados fora do seu país, na França e Espanha, entre eles um (o vencedor) na Catalunha, para uma edição especial dedicada à questão catalã. “Não conseguiram enviar um único desenho da Itália”, disse, lamentando o facto do seu país estar a atravessar uma crise, que não se verifica apenas nos jornais e nas instituições, mas sobretudo, a nível cultural.
“Acredito na importância do desenho satírico, do cartoon editorial, acho que é um tipo de termómetro da democracia de um país”, disse, acrescentando que se a “sátira está a faltar é uma indicação de que o país está doente”.
Nardi dedicou o prémio a todos os colegas que não têm possibilidade de desenhar e expressar livremente a sua opinião. F.F
Cau Gomez (Brasil)

“O meu desenho agora já pertence a todo o mundo!”
“O meu cartoon fala sobre a intolerância, sobre o Racismo”, disse o brasileiro Cau Gomez, vencedor do segundo prémio da categoria do Cartoon Editorial. “É utópico o brinde feito entre alguém que representa a supremacia branca e os negros oprimidos”, referiu o artista que quis chamar a atenção para o assunto do ódio e da desigualdade que ainda se constata nos dias de hoje. Para o cartoonista brasileiro, os seus trabalhos pedem a quem os vê mais tempo de modo a reflectir sobre os tema que propõe. “Sinto que o desenho já não é meu, agora é de todo o mundo”, rematou.
O cartoonista veio para Portugal acompanhado por Letícia Belém, 40 anos. Foi jornalista 19 anos e hoje trabalha para projectos de marketing político nas redes sociais. Na sua opinião, o WPC é dos concursos “mais importantes do mundo” até porque valoriza o cartoon como arte. A caricatura “é um modo de registo da História, com humor, ironia e crítica”, afirmou a jornalista que veio a Portugal pela quinta vez. Letícia Belém afirmou ainda que adorou conhecer caricaturistas de outros países do mundo “pois são pessoas de grande talento e com uma sensibilidade muito grande em relação à realidade”. A ex-jornalista comentou ainda que no Brasil se assiste ao fecho das redacções e como tem sido difícil a sobrevivência do jornal impresso do outro lado do Atlântico. “Vivemos numa era das fake news, em que a informação é manipulada por quem tem poder e não por jornalistas”, Este últimos veem-se obrigados a reinventarem-se e para sobreviver têm que passar para o digital. N.N.

Hicabi Demirci (Turquia)

“É muito prestigiante participar nesta competição”
Hicabi Demirci, da Turquia, ficou em terceiro lugar na categoria de cartoon editorial. O trabalho apresentado mostra uma mulher deitada e cheia de nódoas negras. Ao colo está uma criança a colocar-lhe um livro na cabeça. Uma sátira que, de acordo com o autor turco, chama a atenção para as dificuldades que as mulheres têm em obter educação no seu país, assim como para a violência a que estão sujeitas por parte dos maridos e famílias, tanto a nível físico como psicológico. “A educação das mulheres será o futuro da Turquia”, disse à Gazeta das Caldas o autor, que fez o cartoon agora premiado há cerca de um ano e foi publicado no Vecernje Novosti.
Hicabi Demirci esteve pela primeira vez em Portugal para participar no evento e destaca o verde que por cá encontrou, bem como as cidades “muito organizadas, os edifícios altos e as ruas estreitas”. Relativamente ao evento, o cartoonista realçou a boa organização e salientou que é “muito prestigiante participar nesta competição”. F.F.






























