Em Portugal há um apaixonado por tubarões. João Correia, biólogo marinho, nadou com tubarões nas Bahamas, foi o responsável pela captura e transporte de todos os peixes do Oceanário de Lisboa e tem vários livros escritos sobre o tema. No passado dia 8, esteve no Josefa d’Óbidos Hotel para partilhar a sua experiência, numa tertúlia, que pretendeu mostrar que é possível desconfinar em Óbidos, com segurança
Foi no cinema que começou a paixão de João Correia pelos tubarões. Um amigo deu-lhe a cassete com “Tubarão”, o filme de Steven Spielberg, e o jovem ficou fascinado pelo emprego de Matt Hooper, o biólogo marinho especialista nestes peixes. E decidiu seguir-lhe os passos. Estudou Biologia Marinha e, depois de muitas respostas negativas a pedidos de estágio, recebeu um convite para estagiar nas Bahamas e estudar tubarões. A partir daí, o seu percurso tem estado sempre ligado a estes animais.
De regresso a Portugal, foi trabalhar para o Jardim Zoológico de Lisboa, para tratar dos tubarões que ali estiveram em exposição temporária. Foi também nesse ano de 1995 que conheceu aquele que viria a ser o seu mentor, Mark Smith, com quem aprendeu “tudo sobre manutenção de tubarões em cativeiro”, recordou o docente da Escola Superior de Turismo e Tecnologias do Mar (ESTM). O mentor viria a tornar-se director do Oceanário de Lisboa e convidou o biólogo marinho para integrar a sua equipa, durante 12 anos.
Actualmente, além de leccionar, João Correia tem uma empresa, a Flying Sharks, que fornece animais marinhos vivos para aquários de todo o mundo.
Na conversa no passado sábado, no Josefa D’Óbidos Hotel, moderada por Marta Pimpão, directora-geral da Oppidum e licenciada em Biologia Marinha, o orador falou sobre a sua experiência de captura de peixes, garantindo que têm todos os cuidados para a sua segurança e que a empresa assenta em premissas sociais e ambientais. A missão da Flying Sharks é a de “promover a educação ambiental através da exportação de animais marinhos vivos para aquários públicos de todo o mundo, contribuindo para aumentar a consciência pública sobre o estado dos oceanos”.
João Correia partilhou diversas histórias, algumas delas de menos sucesso, como a dos bacalhaus que deviam vir integrar o Museu Marítimo de Ìlhavo, mas que, por terem estado expostos a temperaturas negativas durante o percurso, chegaram congelados ao destino. Mais feliz foi uma operação que a sua empresa fez para o grande aquário de Istambul, na Turquia, em 2010, em que dois aviões foram carregados com 3100 peixes, dos quais apenas perderam três. Essas espécies foram capturadas em Peniche, Olhão, Funchal e Horta.
FLYING SHARKS RESPONDE À PANDEMIA COM PRODUTOS DE DESINFECÇÃO
A pandemia levou a que a empresa tivesse que se adaptar de modo a garantir trabalho para a equipa de oito elementos. Inicialmente pensaram em comercializar tapetes e desinfectantes para os pés, mas acabaram a vender máscaras e álcool gel, entre outros produtos de protecção e desinfecção.
O evento, denominado “Ginja & Sharks” e que o Josefa d’Óbidos Hotel pretendeu ligar o tradicional produto turístico, a ginjinha de Óbidos, a uma tertúlia, de modo a contribuir para a prática de bookcrossing, para o empreendedorismo e para a divulgação da vila e da região Oeste.
Carlos Martinho, um dos proprietários desta unidade hoteleira, destaca que têm vindo a fazer várias iniciativas no sentido de promover o espaço, cumprindo as exigências da Direção-Geral de Saúde (DGS), e na sequência do que a própria vila de Óbidos tem vindo fazer, criando rotas de circulação e locais de desinfecção para os visitantes.
“Também achámos por bem criarmos pequenos vídeos para as plataformas digitais, para darmos a conhecer o que estamos a fazer”, disse o empresário, acrescentando que esta aposta está a dar frutos.
Carlos Martinho pretende continuar a apostar neste tipo de eventos que promove, não só a sua unidade, como a vila como lugares seguros para se estar. Contou com o apoio da autarquia e de outros patrocinadores para a sua organização, orçada em cerca de 600 euros.
PORTUGUESES SÃO OS PRINCIPAIS CLIENTES
As reservas entre Março e Junho foram quase todas anuladas, apenas 5% transitaram para mais tarde, e passaram a receber marcações durante o mês de Julho. Mas agora já não do turista inglês, brasileiro, israelita e italiano, que era frequente nesta altura do ano, para passar a acolher essencialmente clientes portugueses, espanhóis e franceses.
“Nunca tivemos tantos portugueses como temos neste momento”, conta Carlos Martinho, destacando que os clientes lusos estão a superar as suas expectativas. Aos fins-de-semana o hotel está com uma ocupação na ordem dos 70 a 80% e durante a semana andará nos 10 a 15%, quando nos outros anos, em Agosto, a taxa de ocupação rondava os 100%.































