Ténis ilustrados por crianças nos 30 anos da Surfoz

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Inauguração desta iniciativa levou dezenas de pessoas à Surfoz na manhã do passado sábado

6Projeto da Academia de Desenhos do caldense Bruno Prates envolveu 78 crianças e jovens

Imagine sugerir a uma criança ou jovem que tenha uns ténis desenhados por ela mesma. O desafio foi esse e o resultado foi a exposição “Redley Ilustrados pelos Alunos da Desenhos do Bruno Academia”, que está patente na montra da Surfoz, assinalando o 30º aniversário da icónica loja caldense, até ao dia 12 de agosto.
São 78 pares de ténis de 78 alunos da academia com idades entre os sete e os 19 anos. “Para a maioria dos alunos esta foi a primeira vez que pintaram em tecido”, fez notar Bruno Prates, cartoonista que há anos colabora com a Gazeta.
A ideia surgiu quando viram uma aluna da academia que veio dos Estados Unidos da América viver para o Nadadouro com a família e que “vinha com ténis pintados”. Viriam depois a saber que ilustrava ténis para outras pessoas e surgiu a ideia de os alunos fazerem os seus ténis.
Na ideia inicial, cada aluno levaria o seu par de sapatos, mas depois conseguiram que uma marca se associasse à iniciativa, com um preço acessível num modelo específico. A partir daí foi desenhar e colorir com tinta e Posca, um tipo de caneta com tinta acrílica que agarra em qualquer superfície e que foram oferecidas pela Provoc’a Arte (num valor total de cerca de 250 euros). No final, os ténis levam um verniz.

Montra da loja recebe a exposição dos alunos da Desenhos do Bruno Academia até ao dia 12 de agosto

“Foi um dia de grande emoção, o Orlando [Rodrigues] é um grande amigo de há muitos anos e quem acompanha o percurso do comércio local percebe as dificuldades que eles passam e a Surfoz sobreviveu estes anos todos, é uma loja única, com carisma, e achámos que seria uma ajuda na sua divulgação e a trazer mais pessoas para a loja”, referiu Bruno Prates, recordando que “era um miúdo em 93, quando a loja abriu e foi aqui que comprei a minha primeira camisola de marca”.
Depois de ver a exposição o mentor mostrou-se emocionado. “Tinha visto os ténis um a um, mas ver todos juntos foi uma grande emoção, fazem um padrão belíssimo”, analisou o autor, que teve a sua exposição “O pão e o vinho”, inaugurada na Casa Antero, na quinta-feira e que já este sábado, 5 agosto, inaugura com os seus alunos um mural no espaço da CRAPAA. Este ano, em vez de terem uma grande exposição anual decidiram fazer várias intervenções, até porque atualmente, ao fim de seis anos, “as pessoas percebem o que estamos a fazer, estão mais disponíveis e vêm ter connosco a sugerir ideias e desafios”, pelo que “é a própria comunidade que nos reinventa”.
Constança Augusto, de dez anos, foi uma das participantes neste projeto e veio ver o seu trabalho exposto na montra da loja caldense. A jovem está no primeiro ano na Academia e diz que está a gostar. “Nunca tinha pintado ténis e foi giro, pintei, de um lado, o pôr-do-sol e, do outro, a noite, juntando com um planeta. Assim, em metade de cada um é de dia e na outra metade é de noite”, explicou, dizendo que “não foi difícil pintar nos ténis, até achei fácil e foi muito fixe e divertido, mas tive que ter cuidado para não pintar a sola”, contou.

Para a maioria dos jovens esta foi a primeira experiência com pintura em tecido
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Por sua vez, João Diogo, de 17 anos, já anda na Academia há seis anos, mas também “nunca tinha pintado uns ténis”. Ainda assim, “quando ouvi a ideia achei logo interessante e quis participar”. O jovem desenhou “algo que se assemelha a bactérias”, com as cores dominantes a serem o verde, o laranja e o rosa. “Pintar foi fácil, mas não estava habituado à superfície”, revelou. Sobre andar na Academia diz que “é bom, gosto muito, porque o Bruno ajuda-nos. Sempre gostei de desenhar, mas evolui a minha técnica e trabalhei outro tipo de desenhos”. ■

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