Roberto Barreiras
Caldas da Rainha
34 Anos
Windsor – Inglaterra
Gerente de restauração
Percurso escolar: Escola Secundária
Rafael bordado Pinheiro,
Escola Secundária Raul Proença
Heathrow Academy
Do que mais gosta no pais onde vive?
Dos imensos parques que são realmente das pessoas, onde pode pisar-se a relva e desfrutar ao máximo sem o senhor guarda nos perseguir com o apito. Recordo a minha infância no Parque D. Carlos, embora provavelmente hoje já não seja assim.
Das oportunidades de trabalho, do não se olhar em demasia à formação académica, mas sim ao indivíduo e à sua personalidade, capacidade de trabalho e progresso.
Do poder de compra que mesmo um ordenado baixo permite. Gosto da cortesia que as pessoas têm ao volante. Gosto do rio Tamisa, do pôr do sol visto do Royal Festival Hall com o Big Ben radiante à sua frente. Gosto da Ale, cerveja tradicional inglesa sem ou com pouco gás, de sabores mais complexos e apurados do que uma cerveja normal.
O que menos aprecia?
Toda a gente sabe que o número de horas com céu limpo não abundam, o que se reflecte na qualidade dos alimentos, para não falar no meu mau humor pela manhã, mas fora isso tenho dificuldade em enumerar coisas de que não gosto.
De que é que tem mais saudades de Portugal?
Tenho a imensa sorte de ir aí várias vezes por ano, mas ainda assim, tenho saudades da Praça da Fruta e de toda a zona histórica em redor do complexo termal. De ir beber um cafezinho com o meu pai e desfolharmos a Gazeta juntos. De ir até à Foz do Arelho sempre que me desse na gana mesmo que esteja aquele dia de nevoeiro, de fazer percursos de bicicleta pela lagoa de Óbidos com amigos e fazermos uma paragem para uma mini e uma chamussa na aldeia do Arelho. A lista é interminável…
A sua vida vai continuar por aí ou espera regressar?
Acho que se estivesse bastante longe teria esse desejo, mas a duas horas de voo, provavelmente só depois de reformado.
“A minha ligação com a Inglaterra começa na verdade
à nascença pois os meus pais conheceram-se e viveram em Londres”
Foi em 2000 que vim para Inglaterra, onde dois amigos já se tinham aventurado alguns meses antes e estavam a adorar, e muito facilitaram a minha adaptação. A multicultural e enorme cidade foi como chegar a outra dimensão. Comecei logo como empregado em restaurantes em Heathrow e trabalhei em várias companhias até chegar à actual onde estou desde 2010.
Na Caviar House & Prunier, no recentemente remodelado terminal 2 do aeroporto de Heathrow, sou responsável por uma equipa de 15 pessoas e por assegurarmos um serviço que tenta ser de excelência. Fundada em 1950 em Copenhaga, pertence ainda hoje à mesma família. A clientela inclui bastantes multimilionários e onde facilmente se gasta mais de mil libras [1400 euros] em porções individuais de caviar, conhecido como ouro preto que se extrai do esturjão, um peixe pré-histórico. Especializa-se também em salmão fumado de marca própria, mas temos pratos para todas as carteiras.
Este bar é o maior de cerca de 20 que a companhia tem espalhados pelo mundo. A estrutura com luzes, feita parcialmente em fibra de carbono, custou 600 mil libras [838 mil euros] e já ganhou prémios, com centenas de combinações de luzes diferentes, a mais espectacular quando imita cardumes de peixes super rápidos. Comemora também 30 anos de parceria com Heathrow.
Por coincidência, o portão de embarque normalmente usado pela TAP fica mesmo junto ao nosso bar. Desloco-me de scooter para o aeroporto, que é a melhor maneira de vencer o trânsito.
A minha ligação com a Inglaterra começa na verdade à nascença pois os meus pais conheceram-se e viveram em Londres durante década e meia, onde tiveram o meu irmão em 1972. Oito anos depois a minha chegada coincide com o desejo de voltarem a Portugal. Tinha eu apenas dois meses quando a família vai viver para a aldeia de Tornada. Em 1986 mudamo-nos definitivamente para as Caldas onde abrem o já extinto Café Brasil, junto da antiga Vinoeste. Aí cresci vendo e aprendendo, todo o espírito de trabalho, equipa e sacrifício, que me ajudaram a singrar neste ramo.
Casei com uma madeirense, tal qual o meu pai, e a história repete-se.
Roberto Barreiras






























