Foi sem problemas e sem queixas que o concelho da Nazaré e as freguesias de Alfeizerão e Cela, no concelho de Alcobaça, acolheram o desligamento do sinal analógico de televisão, no passado dia 13 de Outubro.
De acordo com os dados da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), das cerca de duas mil famílias afectadas pelo desligamento do retransmissor da Serra da Pescaria, apenas seis terão ficado sem televisão. Um número baixo, que prova que “a passagem da televisão analógica para a digital pode acontecer sem sobressaltos, sem perturbações de maior e com um número reduzido de situações em que as pessoas ficam sem ver televisão”, garante a ANACOM. Às Juntas de Freguesia da zona de influência do retransmissor, contactadas pela Gazeta das Caldas, também não chegaram queixas.
A informação divulgada nos últimos meses contribuiu em muito para que tudo corresse bem. Um inquérito realizado poucos dias antes do desligamento na zona de influência do retransmissor da Nazaré dava conta que 90% dos lares já estavam preparados para receber a Televisão Digital Terrestre (TDT) e que 5% dos que não estavam preparados contavam fazê-lo antes do desligamento. Já bem diferente era o caso das freguesias de Famalicão e de Alfeizerão, onde o sinal de televisão tem que ser recebido através de satélite, informação que na altura era apenas conhecida por 30% dos residentes.
À informação prévia juntou-se um outro factor inesperado, que permitiu um tão baixo número de queixas. É que alguns populares constataram que as suas velhas televisões, para as quais nem tinham comprado o descodificador, continuavam a receber imagem e som, como se nada se tivesse passado.
A explicação é simples. De acordo com a ANACOM, “muitas pessoas continuam a ver televisão porque têm as antenas orientadas para emissores analógicos que ainda estão ligados”. Mas deixa o alerta: “esses emissores serão desligados em Janeiro” e até lá todos devem garantir que estão em condições de receber o novo sinal, sob pena de não conseguirem ver televisão.
A Nazaré foi escolhida para a terceira zona piloto da migração para a TDT, que estará concluída em todo o território nacional já no próximo ano. E tal como já tinha acontecido no Cacém e em Alenquer, outras zonas piloto, também aqui não há problemas a registar com o desligamento do retransmissor, assinalado com uma pequena cerimónia em plena vila nazarena.
Minutos antes do apagão, o presidente da autarquia nazarena, Jorge Barroso, salientou o facto da migração para a TDT permitir a retirada das antigas e inestéticas antenas dos telhados da vila piscatória. Neste caso, foi pedido um reforço de sinal que permite uma cobertura indoor, ou seja, basta um pequeno aparelho dentro de portas, para o sinal de televisão chegar aos lares sem qualquer problema.
“Aqui, ganhámos efectivamente”, afirmou o autarca, lembrando que a retirada das antenas é “um desejo de há muito tempo”.
Jorge Barroso promete estar atento “para minimizar os incómodos que a migração possa trazer, sobretudo em Famalicão”, freguesia que dispõe apenas de cobertura por satélite.
Já para o presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, Paulo Inácio, a migração para a TDT é “um salto qualitativo”. Quanto ao facto de o seu concelho ser uma zona piloto neste processo, “isso é uma mais-valia, não um problema”, dada a maior atenção prestada pela ANACOM.
Presente na cerimónia esteve também o presidente da ANACOM, José Amado da Silva, que reconheceu que a migração para a TDT é “um sacrifício a que as populações se submeteram, mas com vantagens”, como a melhoria na qualidade de som e imagem e o acesso a funcionalidades que até agora só estavam disponíveis para quem tinha televisão paga, como a pausa da imagem, o guia de programação e a gravação de programas (dependendo do descodificador adquirido).
Sinal analógico desligado na maior parte do país em Janeiro
Reafirmando que a migração para a TDT é inevitável, José Amado da Silva diz que esta representa “um custo para as populações, uma mudança que não foi pedida, mas que tem que ser feita”. Por isso, é bom que todos estejam preparados, uma vez que a 12 de Janeiro serão desligados os emissores e retransmissores do litoral do país. Seguem-se as ilhas em Março e o resto do país (zonas junto à fronteira com Espanha) em Abril.
O exemplo das zonas piloto demonstra que “tanto em termos técnicos, como ao nível do mercado e do plano de comunicação, tudo está a funcionar, permitindo que as pessoas disponham de condições para preparar a migração para a televisão digital”, disse o mesmo responsável.
Quem tem um serviço de televisão pago não precisa de fazer nada. O mesmo acontece com as pessoas que têm um aparelho novo (de acordo com a norma MPEG4), que quanto muito terão que redireccionar a antena. Nos restantes casos, e em situações com cobertura terrestre, basta comprar um descodificador que permita receber o sinal digital, à venda em várias superfícies comerciais e fácil de instalar. Já para as zonas onde apenas existe cobertura por satélite, a migração demora mais tempo, sendo necessário substituir o sistema de captação.
A TDT é gratuita, sendo apenas necessário comprar o descodificador. Todas as informações podem ser consultadas no site tdt.telecom.pt ou através do Tel. 800200838.






























