Na próxima quinta-feira, dia 13 de Outubro, cessam as emissões de televisão do retransmissor da Serra da Pescaria, o que vai fazer com que o concelho da Nazaré e as freguesias de Alfeizerão e Cela, no concelho de Alcobaça, deixem de receber sinal analógico de televisão. Até lá, quem não tiver televisão paga (por cabo) ou um aparelho que permita receber a Televisão Digital Terrestre (TDT), deve assegurar a compra do descodificador que permite a recepção do novo sinal pelos aparelhos mais antigos. Em Famalicão e Alfeizerão a cobertura não será terrestre, mas sim via satélite, o que obriga a maiores cuidados na migração para a TDT.
O concelho da Nazaré, e as freguesias de Alfeizerão e Cela compõem a terceira zona piloto (além de Alenquer e Cacém, onde o desligamento já foi feito) de um processo que tem várias fases. A 12 de Janeiro de 2012 é desligado o sinal analógico numa faixa de território no litoral, que abrange cerca de 70% da população portuguesa e onde se incluem os distritos de Leiria, Lisboa e uma parte do distrito de Santarém. A 26 de Abril já não haverá sinal analógico em nenhuma zona do país.
Até agora, muitas eram as localidades onde as pessoas não recebiam os quatro canais generalistas de televisão ou a televisão lhes chegava sem qualidade. Em muitos casos os moradores tinham mesmo que recorrer a diversas antenas para poderem ver televisão. Com a Televisão Digital Terrestre (TDT) isto vai acabar.
Já a funcionar no território nacional desde final do ano passado, a TDT assegura um sinal de televisão com mais qualidade, sem falhas e com funcionalidades que até agora eram exclusivas dos serviços de televisão paga por cabo ou satélite. Mas apenas os aparelhos de televisão mais recentes (que seguem a norma MPEG4) conseguem receber o novo sinal. Por isso, quem tiver aparelhos mais antigos, e caso não tenha televisão paga, tem que comprar um descodificador que permita a recepção da TDT, à venda em várias lojas, por diversos preços.
O desligamento do sinal analógico, ainda a funcionar, será feito de forma faseada, depois de três zonas piloto.
A primeira foi Alenquer (a 12 de Maio), depois o Cacém (a 16 de Junho). Segue-se o concelho da Nazaré, ao qual se juntam as freguesias de Alfeizerão e Cela, que perde o sinal analógico no dia 13 de Outubro. Os moradores desta zona que não tenham televisões recentes, televisão paga ou não tenham assegurado a migração até à data do desligamento vão pura e simplesmente deixar de ter televisão.
O processo da TDT foi explicado à população em duas sessões públicas realizadas na Nazaré e em Alfeizerão na tarde do passado dia 28 de Setembro. Além disso, foi já distribuído um guia na zona piloto, devendo a publicação chegar a todas as habitações do país até ao final do ano. De acordo com o administrador da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) com o pelouro da TDT, Eduardo Cardadeiro, “a estimativa é que haja cerca de 2000 famílias que, no concelho da Nazaré e nas duas freguesias de Alcobaça, tenham que fazer a migração porque todas as famílias que já tenham televisão paga não têm que fazer nada”. É que “apenas vai ter que se preparar quem receber os quatro canais de televisão pela tradicional antena em cima do telhado. Todas as outras famílias que recebam o sinal de qualquer outra forma, por cabo ou satélite, não têm que fazer nada”.
QUANTO CUSTAM OS DESCODIFICADORES?
Como se faz a migração? Nas zonas onde o sinal analógico era recebido sem problemas, basta comprar um descodificador. Um equipamento fácil de montar, que pode se encontrado em diversas superfícies comerciais e a preços muito variados. Os mais baratos não chegam aos 30 euros. Os mais caros podem custar 100 euros e permitem, entre outras funcionalidades, gravar programas de televisão.
“Os dados que temos de venda de descodificadores mostram que 30% dos que estão a ser vendidos têm um custo inferior a 30 euros e 87% têm um custo inferior a 50 euros”, explicou aos jornalistas o administrador da ANACOM com o pelouro da TDT, Eduardo Cardadeiro.
Existe um programa de subsidiação que permite um apoio até 22 euros para as famílias que sejam beneficiárias do Rendimento Social de Inserção, para os reformados e para as pessoas que tenham um nível de deficiência igual ou superior a 60%.
“Para acederem ao apoio basta recolher a factura da compra de equipamento, juntar um documento comprovativo da sua situação e uma prova de residência, enviar para um apartado” consoante as informações disponibilizadas no site www.tdt.telecom.pt ou através do telefone 800200838, esclarece o responsável.
Mas há pelo menos duas freguesias – Alfeizerão e Famalicão – em que a recepção da TDT terá que ser feita via satélite. Nestes casos a migração torna-se mais complexa, com custos mais elevados e mais morosa, dado que é necessário substituir a antena e o sistema de captação. Nestes casos, deve contactar-se a Portugal Telecom. “Às populações destas duas freguesias fazemos um apelo acrescido para que vejam qual é a sua situação e garantam que a instalação seja feita atempadamente” alerta Eduardo Cardadeiro.
Também nos casos em que a recepção terá que ser por satélite há um programa de apoios. “Os custos que em média um cidadão nacional tem que suportar para fazer esta migração numa zona com cobertura terrestre serão semelhantes aos custos que terá que suportar numa zona com cobertura por satélite”, aponta o responsável.
Experiências têm sido bem sucedidas
De acordo com Eduardo Cardadeiro, o desligamento já efectuado nas zonas piloto correu bem. “Não houve nenhum caso crítico de pessoas que ficaram durante muito tempo sem televisão. Pelo contrário, nós temos tido um feedback muito positivo por parte das pessoas que fizeram a migração, não só nas zonas piloto mas por esse país fora”, diz.
Reforçando o apelo para que todos os residentes em Portugal fazem a migração atempada, e não estejam à espera do dia do desligamento do sinal analógico, o administrador da ANACOM ressalva a parceria com a Deco Proteste que tem testado os diferentes descodificadores à venda no mercado e os preços praticados pelas diferentes lojas. Informação útil que pode ser consultada em www.deco.proteste.pt.
Admitindo que o processo de migração tem alguns custos, Eduardo Cardadeiro garante que “vamos ter algo muito melhor do que tínhamos antes”. No encontro com os jornalistas estiveram também presentes os presidentes das autarquias de Alcobaça e Nazaré, Paulo Inácio e Jorge Barroso. Os autarcas são unânimes em considerar que a migração para a TDT é uma mais-valia.






























