Serviço de Ginecologia reduzido a três camas para mulheres de todo o Oeste

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O serviço, a funcionar no Hospital das Caldas e que serve um universo de 151.366 mulheres, está reduzido a três camas, mas a administração garante que “nunca foi equacionado o seu encerramento”

 

O Serviço de Ginecologia, que funciona desde 2013 no hospital das Caldas da Rainha, dando resposta a toda a área da abrangência do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) tem a sua lotação condicionada. Inicialmente com 13 camas, a lotação, devido à situação pandémica foi temporariamente reduzida para cinco, e posteriormente, para três camas. Questionado sobre esta manifesta insuficiência, o conselho de administração do CHO justifica a situação com a necessidade de reestruturação para dar resposta à pandemia e garante que “nunca foi equacionado o seu encerramento”.
Este condicionamento afeta também o Serviço de Obstetrícia, outra das valências dos cuidados de Saúde Materna do CHO, instalada desde 2013 no hospital caldense, inicialmente com 27 camas, actualmente reduzidas a 20. Destas, duas estão destinadas a doentes com covid-19, “por força do ajustamento de espaço imposto pelas necessidades de dar resposta aos utentes Covid”, especifica o conselho de administração.
Na semana passada chegaram à Gazeta das Caldas denúncias de que mulheres que tiveram bebés se encontravam em macas no corredor porque não havia camas disponíveis nos quartos. A situação foi confirmada pela administração, justificando tratar-se de “um pico na procura”.
Outro dos constrangimentos manifestado pelas mulheres que permanecem no hospital é a falta de privacidade e ambiente tranquilo no pré e pós-operatório. A administração do CHO salienta que as utentes encontram-se em enfermarias distintas, sendo que têm que partilhar espaços comuns. “Não é a solução ideal, mas é a possível neste contexto e tendo em conta as carências de espaço do Hospital”, explica à Gazeta das Caldas. O CHO adianta ainda que está a ser elaborado um projeto de remodelação da área materno-infantil, visando a melhoria das condições estruturais.
Entidades preocupadas
Conhecedora da situação, a Comissão Cívica de Utentes do CHO já solicitou uma reunião, e vai estar com a administração na próxima semana, altura em que fará uma visita à maternidade para ver as condições atuais e possíveis alterações, contou o seu porta-voz Vitor Dinis, à Gazeta das Caldas.
De acordo com o responsável, chegaram à comissão várias denuncias sobre as dificuldades do serviço, algo que o “preocupa”, tendo já contactado a presidente do conselho de administração, Elsa Baião. Vitor Dinis afirma que há recetividade e que foi informado que esta semana “será determinante para se conhecerem as consequências da Páscoa ao nível do agravamento de casos Covid e, a partir daí, estudarem-se soluções”.
Também o presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, diz estar preocupado com o facto de haver um número de camas muito reduzido na Ginecologia. “Sabemos que resulta das alterações impostas pela covid mas, para garantir a qualidade de serviços para a comunidade, era importante que este processo fosse alargado e que o número de camas aumentasse”, considera. O autarca foi informado pelo CHO de que “nas próximas semanas isso possa vir a acontecer”.
Entretanto, o deputado Hugo Oliveira (PSD) já questionou a ministra da Saúde se tem conhecimento desta situação e se concorda com a redução da capacidade instalada. Na pergunta que entregou, na Assembleia da República, questiona ainda sobre quantas mulheres tiveram de se deslocar para outras unidades por redução da capacidade instalada e qual a data prevista para recuperar a sua capacidade instalada nestes serviços.
De acordo com informações do centro hospitalar, em 2020 foram realizados 1.338 partos, o que corresponde a um total de 1.356 nascimentos, numa área de influência que serve 151.366 mulheres.
No que respeita ao serviço de Ginecologia, em 2019 estiveram internadas 551 utentes e 409 no ano seguinte. Este serviço teve nestes dois anos uma taxa de ocupação de 46% e 58%, respetivamente. Já o serviço de Obstetrícia, teve em 2019 e 2020 uma taxa de ocupação de 52% e 57%, respetivamente. ■

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