Direção Executiva do SNS confirma que encontra-se em análise a reversão da decisão de suspensão
O serviço de cirurgia da mama, suspenso desde 1 de abril, deverá voltar a funcionar no Hospital das Caldas. O Conselho de Administração “já foi informado verbalmente, mas ainda não foi formalizado”, disse a sua presidente, Elsa Baião. Também o diretor clínico dos cuidados de saúde hospitalares, Pedro Carvalho, está a contar com esta reversão, que entende ser de inteira justiça. “Seria uma grande perda para a nossa região ficar sem este serviço e era muito prejudicial para as utentes terem que se dirigir a outras ULS muito mais afastadas quando há recursos e temos condições de tratar bem”.
Pedro Carvalho acredita que a decisão será “posta no papel” para retomarem o trabalho, até porque “temos um bom grupo, que levou muitos anos a investir não só em parcerias como em formação. Estávamos precisamente a entrar na chamada velocidade cruzeiro quando aconteceu esta decisão, a nosso ver errada, e a nova Direção Executiva também está de acordo connosco, pelo que temos tudo para continuar”, salientou.
Questionada pela Gazeta das Caldas, a Direção Executiva (DE) do SNS confirma que encontra-se em análise a reversão da decisão de suspensão da atividade cirúrgica nesta área. Lembra que a Direção Executiva do SNS anterior deliberou suspender a atividade cirúrgica no âmbito da neoplasia da mama na ULS do Oeste, entre outras, com efeitos a 1 de abril, tendo em conta que o volume de intervenções cirúrgicas realizadas nesta Unidade era inferior ao recomendado. No entanto, “verifica-se que a ULS do Oeste conta com meios físicos e humanos que permitem tratar adequadamente os doentes com cancro de mama, seguindo as atuais guidelines, dispondo de uma equipa multidisciplinar com formação prático-científica, bem como de protocolos institucionais com outros Hospitais, para suprir as necessidades associadas a valências não disponíveis”. A DE do SNS regista ainda que a ULS do Oeste tem potencial para aumentar o número de doentes tratados anualmente com cancro de mama, cumprindo o requisito de volume recomendado, já que, até ao presente, trata apenas uma parte das utentes com esta patologia da área de influência respetiva, uma vez que muitas utentes da zona sul do oeste têm sido referenciadas para outras instituições de Lisboa. Para além disso, o tratamento do cancro de mama na ULS do Oeste “permite um alívio na sobrecarga dos hospitais centrais, promovendo a proximidade e sem tempos de espera”, concretiza.
A Unidade Local de Saúde do Oeste foi uma das sete ULS no país que, a 1 de abril, deixou de realizar cirurgias ao cancro da mama, devido ao número de cirurgias/ano. Em 2023 foram operadas 32 doentes, mas “nem todas as doentes com estas patologia têm indicação cirúrgica imediata. Encontram-se em tratamento na ULSO mais do dobro destas doentes”, explicava na altura Elsa Baião. Também António Curado, presidente do Conselho da Sub-Região Oeste da Ordem dos Médicos se manifestou contra esta decisão, dando nota dos investimentos recentes em tecnologias associadas à terapêutica cirúrgica na Unidade de Patologia da Mama que, “apesar de não ter atingido o número mínimo de 100 cirurgias em 2023, tem uma equipa completa de três cirurgiãs dedicadas e conta ainda com um cirurgião plástico recentemente contratado.
De acordo com o médico, muitos dos casos diagnosticados na região eram diretamente reportados para o IPO de Lisboa, agravando as listas de espera. Olhando para as estatísticas do cancro da mama (cerca de 7040 novos casos/ano), para uma população oestina é expectável um número estimado de cerca de 165 novos casos de cancro da mama, por ano, o que “justifica plenamente” a existência desta Unidade, concluía o responsável. ■































