Serra D’El-Rei, uma terra adorada pelos monarcas

D. Pedro I, que escolheu a localidade para vários encontros românticos com a amada, D. Inês de Castro, teve grande importância no desenvolvimento da localidade, que foi elevada a vila há duas décadas. Esta freguesia do concelho de Peniche pode orgulhar-se, entre outros aspetos, de um forte cariz cultural

A vila da Serra D’El-Rei é uma das mais antigas localidades da região, com atividade humana que pode ser rastreada até aos tempos da pré-história. Mas é, sobretudo, após o século XIV que ganhou maior relevo ao tornar-se um dos locais privilegiados pelo romance de D. Pedro e Inês de Castro que o poeta Luís Vaz de Camões imortalizou nos versos de “Os Lusíadas”.
Esta freguesia do concelho de Peniche é marcada pelas características geológicas do seu território, que inclui parte do Planalto das Cesaredas e uma zona de planície em aproximação ao mar, tipo de território que forneceria abrigo e recursos aos homens da pré-história, como o atestam as grutas da Malgasta, da Lapa Furada, da Casa da Moura e da Cova da Moura.
As características geográficas da freguesia foram também atrativo para os romanos, que fundaram um templo dedicado ao culto de Neptuno, deus dos Mares, no local onde hoje se ergue a Igreja de S. Sebastião.
Já com a nacionalidade constituída, a localidade, cuja origem certa se desconhece, começou por ser conhecida como “Serra da Pescaria”, ou “Serra a par d’Atouguia”, pela proximidade com o mar e com a sede de concelho à altura, a Atouguia da Baleia. É a partir de meados do século XIV que passa a chamar-se Serra d’El-Rei, com a ligação ao romance de Pedro e Inês, mas não só.
Além de D. Pedro I – que dá nome ao Museu da terra e ao Paço Real –, D. Fernando, D. João I, D. João III e D. Afonso V eram visitas regulares, em viagens em busca de diversão, nomeadamente caçadas e pescarias com os seus fidalgos. Além destas visitas, os reis atribuíram aos fregueses proteção real e diversas regalias e privilégios, como isenção de impostos atribuída por D. Pedro I em 1360, o que levou a população a atribuir a designação de Serra d’El-Rei à povoação.
Em 1393, a Serra D’El-Rei recebeu as Cortes em que se assinaram as tréguas com Castela e o despacho de agravamentos especiais dos concelhos. Em 1455, D. Afonso V confirmou a posse de uma herdade contígua ao Paço, cuja renda se destinava ao sustento dos pavões. Mais tarde, em meados do século XIX, no período das Lutas Liberais, a povoação foi palco de um episódio ligado à implantação do Regime Liberal no País, recebendo os soldados miguelistas derrotados pelos liberais.
A sede de freguesia, Serra d’El-Rei, beneficia do estatuto de vila desde 2003 e, segundo os Censos 2021, tem atualmente uma população de 1.342 habitantes, menos 59 do que no recenseamento de 2011 (-4,2%).
A freguesia tem uma atividade empresarial variada. A maior empresa com sede na Serra D’El-Rei é a Girassol Brilhante – comércio internacional, Lda, com um volume de negócios acima dos 2,5 milhões de euros e que se dedica em exclusivo à exportação de equipamentos e máquinas. Foi fundada em 2007 e tem vindo a afirmar-se no mercado.
A freguesia tem, contudo, uma atividade empresarial variada, que inclui empresas de indústria extrativa e transformadora, do ramo da construção civil e do comércio. Além disso, a freguesia tem atividade agrícola, que tem como face mais visível a Cooperativa Agrícola da Serra D’El-Rei
Com a proximidade ao mar e a componente de campo, o turismo é outro setor de atividade expressivo. Na vila há dois restaurantes de reconhecida qualidade, Tribeca e Em Banho Maria. Mas o turismo também tem relevo noutro tipo de serviços, como nas atividades de mediação imobiliária.
Uma das marcas distintivas da freguesia é o Museu de Serra d’ El-Rei D. Pedro I, o mais recente espaço museológico do concelho de Peniche, inaugurado a 14 de fevereiro de 2018, num novo edifício ligado ao Fórum da Serra. É ali que se pode ficar a conhecer mais sobre esta vila medieval. A exposição inaugural deste museu designou-se “Pedro e Inês na História de Serra d’ El-Rei”, na qual se focam os amores daquelas duas figuras incontornáveis da história portuguesa. A divulgação desta história de amor e lágrimas encontra-se ao abrigo do protocolo firmado entre a Fundação Inês de Castro, o Município de Peniche e a Freguesia de Serra d’ El-Rei.

Títulos no futebol
Ao nível associativo, a Serrana – Associação Desportiva Cultural e Recreativa também assume papel de destaque. Atualmente, a associação tem ginástica de competição que tem produzido alguns títulos regionais e nacionais, além de ter tido sucesso no futebol por altura da transição do milénio, com o título distrital da 2ª Divisão na época 1998/99 e o de vencedor da Taça Distrito de Leiria 1999/2000, numa final ganha diante do SL Marinha (1-0), no Estádio Municipal da Nazaré. A equipa era composta, sobretudo, por jovens penichenses e treinada por Francisco Rachão. ■