
O cluster termal Caldas e Óbidos tem que ser diferenciado e dirigido a públicos diferentes. A cidade deve apostar na reabilitação e a vila na área do bem-estar. Foi o que defendeu João Pinto Barbosa, secretário-geral da Associação das Termas Portuguesas no ciclo “Regresso às Termas”. Na sua opinião o destino até deve ser pensado em conjunto, sem esquecer que é preciso apostar nos produtos da região.“Usem e abusem do que é local”, disse o convidado, que é também da área do marketing, e que vê também um potencial de atracção raro na piscina da Rainha. “Há turistas que pagariam bom preço pela experiência de mergulhar naquele espaço histórico”, disse.
Caldas da Rainha “não pode perder a sua identidade histórica e deve dedicar-se à terapêutica e à recuperação enquanto que Óbidos poderia dedicar-se ao bem-estar”. O convidado considera que seria trágico se os dois concelhos fizessem a mesma coisa.
“Faz sentido que trabalhem o destino em conjunto e que tenham motivações e até públicos diferentes”, comentou João Pinto Barbosa, secretário-geral da Associação das Termas Portuguesas. O convidado recordou que entre 2018 a 2020 haverá uma realidade termal nas Caldas e em Óbidos e é preciso pensar na melhor forma de as aliar para criar um cluster atractivo, tão próximo da capital. Foi esta uma das principais interrogações que João Pinto Barbosa, secretário-geral da Associação das Termas Portuguesas, trouxe à Eira Branca, a 18 de Junho. Segundo aquele responsável, também docente universitário na área do marketing, há vários anos que o Ministério da Saúde “nada ou quase nada fazia” pela estrutura termal caldense e por isso, congratulou-se com o facto de ser agora a Câmara a gerir esta realidade.
“O foco tem que ser na reabilitação no Hospital Termal e não apenas a nível nacional mas também internacional”, disse o convidado que considera que “seria trágico fechar o hospital e inventar qualquer outra coisa. Disso, não tenho dúvidas”, afirmou. Uma das apostas poderia ser o turismo médico. Portugal poderia tentar cativar público que precisa de recuperar de intervenções cirúrgicas em ambiente termal. Seria uma ideia para as Caldas que, à semelhança de estâncias termais da Hungria, já o estão a fazer com êxito. “Convalescer em ambiente termal é muito mais barato do que numa cama de hospital, além de que é muito mais saudável”, disse o orador. A questão da vida e dos hábitos saudáveis estão também muito em voga e pelos 34 espaços termais lusos estão a surgir propostas na área da saúde e da prevenção que pretendem captar mais turistas. Além de diversificar a oferta das estâncias, procura-se que também ajudem a desenvolver as regiões mais desfavorecidas do país onde estão as estâncias termais. “São programas que se inspiram nas mini-curas francesas e que decorrem em programas de sete dias”, explicou João Pinto Barbosa, acrescentando que estes programas também querem captar população mais urbana e activa.
A piscina da rainha
Durante a sua intervenção, o orador destacou uma pérola do património termal caldense: a piscina da Rainha. “Quando mostro esta piscina nos congressos internacionais, perguntam-me logo se é possível tomar ali banho”, comentou João Pinto Barbosa, enquanto mostrava uma bela fotografia desta piscina ancestral, existente no Hospital Termal das Caldas. “E porque não tirar proveito do património? Poderia ser uma espécie de ritual, caro, pois é algo único que merece ser vivido. Estou em crer que muita gente gostaria de o fazer”. Na sua opinião, nunca poderia custar menos de 500 euros (e poderia chegar ao dobro) pois é algo que tem uma “capacidade de atracção invulgar”. E deixou ainda outros conselhos: apostar na produção local e saber vender o que é autêntico e singular. “Faz todo o sentido fazer uma exfoliação com rosas da Bulgária naquele país. Por cá é preciso descobrir o que a localidade tem para oferecer. Usem e abusem do que é local”, afirmou o secretário-geral, recordando que os turistas vão sempre à procura do que as localidades têm de diferente para lhes oferecer.
Na anterior sessão deste ciclo sobre as termas, a convidada foi a professora universitária Manuela Hasse que fez uma reflexão sobre o património e sobre a simbologia da água. Na sua intervenção deixou clara a necessidade manter, actualizar e salvaguardar o património termal. Salientou o dever de todos na manutenção e conservação dos espaços.
TINTA FERREIRA ENCERRA CICLO DAS TERMAS
O ciclo “Regresso às Termas” termina amanhã, 2 de Julho, pelas 16h00, no Museu Malhoa com a participação do presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, que fará a apresentação “Caldas da Rainha: Que caminho para o termalismo?”. Será o final de um ciclo de sessões organizadas pelo Casal da Eira Branca e coordenadas por Jorge Mangorrinha.






























