Continua a dar que falar a presença da foca Martinha (como foi baptizada pela população) em São Martinho do Porto. O animal continua a fazer dos insufláveis instalados na baía a sua “residência”, atraindo muitos curiosos à vila balnear que nesta altura do ano, e mesmo sem foca, já costuma ser muito concorrida.
A presença da Martinha obrigou já a que fosse hasteada a bandeira vermelha, algo muito raro em São Martinho. Em comunicado conjunto, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, a Capitania do Porto da Nazaré e a Junta de Freguesia de São Martinho do Porto alertam que se trata “de um animal selvagem que não está habituado à presença humana. Apesar do seu ar ‘simpático’ e aparentemente sociável, uma aproximação excessiva de embarcações ou pessoas poderá originar comportamentos agressivos que poderão colocar em risco quem se aproximar demasiado”.
No documento divulgado na vila e na Internet, as entidades sublinham que esta é uma “situação excepcional, não só por não existirem colónias de focas em Portugal Continental, mas também pelo facto de o animal ter escolhido uma zona utilizada por um grande número de veraneantes”. E deixam algumas recomendações, que devem ser cumpridas por todos. Entre elas a de que “a Martinha precisa de descansar após as saídas para o mar, onde se vai alimentar”. Por isso, as autoridades pedem para que as pessoas não se aproximem do animal, quer ele esteja nos insufláveis ou no mar, e que não tentem tocá-lo ou alimentá-lo. Caso alguém se aperceba de algum comportamento estranho, ou se encontrar a foca doente ou ferida na praia, a indicação é para informar “imediatamente” a Polícia Marítima.
ESTRELA NAS REDES SOCIAIS
A Martinha é já estrela nas redes sociais, onde as opiniões quanto a este visitante inesperado se dividem. Alguns defendem que o animal já devia ter sido encaminhado para um local com pessoas formadas para lidar com ele, como o Oceanário de Lisboa ou o Zoo Marine, mas outros entendem que se deve deixar o animal o mais à vontade possível, sem grandes alaridos à sua volta.
Tratando-se de uma foca monge, como se suspeita, a Martinha é representante de uma das espécies de focas mais raras do mundo. Também conhecida por lobo-marinho, esta foi já abundante nas águas do Mediterrâneo, mas hoje estima-se que a espécie esteja reduzida a menos de meio milhar de indivíduos. A protecção da espécie esteve na base da criação da Reserva Natural das Desertas, na Madeira, onde existe uma colónia com cerca de 30 animais.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt































