Os afogamentos são a segunda causa de morte em Portugal em crianças e adolescentes, apenas ultrapassados pelos acidentes rodoviários. A alertar para os perigos do mar e com a água estiveram vários especialistas no âmbito do seminário “A criança e o Verão”, que decorreu no passado dia 10 de Junho nas Caldas e que reuniu mais de 70 pessoas.
Com o início da época balnear aumenta a preocupação com os acidentes nas praias. Preferir praias vigiadas, cumprir as indicações das autoridades, tomar banho nas zonas indicadas e não se afastar das margens se nadar mal, foram alguns dos conselhos deixados pelo capitão do porto de Peniche, Marco Augusto, durante o seminário que decorreu na sede da União de Freguesias de Nossa Sra do Pópulo, Coto e S. Gregório, onde a temática foi debatida.
Alguns dos avisos mais repetidos é que se deve respeitar o período de digestão e ter atenção os saltos para a água. Marco Augusto disse ainda que a praia Mar na Foz do Arelho “é muito perigosa” e que é preciso ter atenção aos agueiros (ou correntes perigosas perpendiculares à praia) que estão identificados e que devem ser evitados ao máximo pelos banhistas.
“Se formos arrastados, mais vale tentarmos ir até ao limite do canal, flutuando ou pedindo ajuda e depois nadar paralelamente ao agueiro e, com o auxílio da ondulação, regressar à costa”, explicou.
Na zona da aberta é impensável tomar banho devido às correntes que aí existem, disse o responsável, acrescentando que essas correntes atingem velocidades muito grandes e que, em muitos casos, é impossível contrariá-las.
Já dentro da lagoa podem haver zonas de fundões, que também são perigosas e devem ser evitadas. Deixou o conselho para que os banhistas procurem zonas vigiadas, vincando que a Foz tem uma zona grande de praia e com várias concessões.
Marco Augusto chamou ainda a atenção para a zona do cais, onde é comum haver saltos, realçando que ali existem fundões e que se trata de uma zona interdita.
“No ano passado foi criada mais uma concessão e existe mais um nadador salvador na zona da Lagoa. Agora estamos a trabalhar para ter dois postos de praia na praia do mar, com quatro nadadores salvadores”, explicou.
Curiosamente, na área de jurisdição da capitania do Porto de Peniche (que vai desde a Foz do Rio Sizandro até ao Bouro) Marco Augusto ainda não registou nenhum afogamento, desde que ali está em funções, há um ano e meio.
Demonstrações de Suporte Básico de Vida pela cidade
Mas nem só no mar se registam afogamentos. Nas crianças até aos 10 anos estes acidentes ocorrem muitas vezes perto de casa, nomeadamente em piscinas, poços e tanques, ou mesmo em banheiras e baldes. De acordo com Sandra Nascimento, da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI), a morte por afogamento é “muito rápida e silenciosa, e pode acontecer com pouca água”. A responsável explicou que um balde de água é suficiente para uma criança até aos quatro anos se afogar.
Em muitos dos casos a criança não se atira, antes desequilibra-se a cai porque a cabeça é muito pesada, proporcionalmente ao corpo, e o seu pescoço é frágil, o que leva a que tenha dificuldades depois em levantar a cabeça.
Para reduzir os afogamentos Sandra Nascimento aconselha a nunca deixarem a criança sozinha no banho e despejar a água da banheira logo que este termina, assim como a despejar todos os recipientes que tenham água e a colocar barreiras físicas nas piscinas e tanques. Para além disso, devem ter auxiliares de flutuação e de salvamento.
O seminário, organizado pela unidade caldense do Serviço de Pediatria do CHO, Viatura Médica de Emergência e Reanimação e CHO Caldas da Rainha, contou com a participação de mais de 70 pessoas. A iniciativa terminou com demonstrações de Suporte Básico de Vida (SBV) em mais de uma dezena de locais da cidade, entre a Rua das Montras e a Praça da Fruta.
Nuno Pedro, da organização do evento, salientou à Gazeta das Caldas que o objectivo foi mostrar às pessoas que pode acontecer uma pessoa sentir-se mal na rua e desmaiar, pelo que é importante que quem estiver a passar esteja preparado para actuar. Essa ajuda passa, por exemplo, por aprender a ligar o 112 e ter noção das condições de segurança da vítima.
Estão a ser pensadas novas actividades, uma sobre comportamentos alimentares, ergonomia e vacinação nas crianças, para o início das aulas, e outra dedicada a adultos, sobre sinais de alarme no AVC e enfarte. “Muitas vezes as pessoas ainda não detectam esses sinais e se for feito atempadamente pode salvar vidas”, disse Nuno Pedro, acrescentando que estas duas patologias são das principais causas de morte em Portugal.






























