Secretário de Estado do Emprego em cerimónia de entrega de diplomas do Cenfim

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Muitos dos 310 formandos do núcleo das Caldas da Rainha do Cenfim receberam, numa cerimónia que teve lugar a 23 de Maio, os seus diplomas das mãos do secretário de Estado do Emprego, Pedro Roque de Oliveira. Na entrega dos diplomas participaram ainda, entre outros dirigentes, o vereador Tinta Ferreira e Octávio Oliveira, presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional, que já foi o director do Cencal.
A grande maioria dos diplomas foi entregue aos adultos que concluíram recentemente os seus processos de certificação de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (296), mas também 18 alunos de dois cursos de aprendizagem, os quais encheram o grande auditório do CCC.
O secretário de Estado do Emprego saudou os formandos pela aposta que fizeram na sua valorização. “É importante que as pessoas tenham uma atitude permanente procura do conhecimento e de enriquecimento formativo”, afirmou.
Pedro Roque de Oliveira salientou que o ensino-aprendizagem “é um ensino de sucesso” e tem que estar articulado com o restante ensino. “Aquela expressão do ‘país de doutores’ foi chão que já deu uvas por força das circunstâncias. Há um conjunto de diplomados académicos que estão no desemprego e muitas vezes têm que recorrer à emigração”, afirmou.
O governante defende que se deve aproximar o ensino e a formação das necessidades reais do país e das empresas. “O país não pode dar-se ao luxo de desperdiçar capital humano e as empresas devem poder obter no mercado de trabalho os profissionais com os perfis que necessitam para aumentar a sua produtividade e competitividade, para enriquecerem este país”, referiu.
Pedro Roque de Oliveira avançou nesta cerimónia que em breve irá ser aprovado um diploma com vista a enquadrar o ensino profissionalizante “como uma verdadeira alternativa ao ensino formal”, salientando que a aposta do Cenfim no ensino-aprendizagem é também a aposta deste governo.
Numa altura em que os níveis de desemprego dos jovens atingem patamares históricos, o secretário de Estado considera muito importante que estes “procurem formar-se, qualificar-se, mas acima de tudo, realizarem-se enquanto seres humanos, isto é, através do trabalho”.
Na sua opinião, existe um “enorme desperdício” com uma taxa de desemprego jovem muito elevada (42%) “e muitas vezes vemos que há empresas que necessitam de profissionais com um determinado perfil e não os encontram”. Pedro Roque de Oliveira considera que em Portugal há uma grande desarticulação entre a oferta e a procura do mercado.

“Formação profissional tem um papel fulcral” no futuro do país

Antes do discurso do secretário de Estado do Emprego, António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), elogiou o Cenfim “que tem cumprido todos os objectivos a que se comprometeu, assegurando a qualificação dos recursos humanos de que as empresas necessitam para aumentar a produtividade e melhorar a sua competitividade”.
Para o dirigente, o Cenfim faz um trabalho fundamental na formação, ao responder às necessidades do mercado de trabalho, “suprindo uma das maiores carências do nosso sistema de ensino, que é a inadequação entre a oferta e a procura do mercado de trabalho”.
Na sua opinião, para Portugal aumentar a sua competitividade é essencial que haja uma mão-de-obra qualificada, competitiva e adaptável às novas exigências dos mercados. “Continuo convicto de que a qualificação da população portuguesa constitui um pilar essencial para o crescimento económico e para a promoção da coesão social”, afirmou.
António Saraiva criticou as políticas educativas em Portugal “que têm assentado muito mais em tentativas de implementação de concepção teóricas, do que em concepções concretas e integradas, baseadas num conhecimento prático e centrada nas necessidades da economia”.
No seu entender, o facto de existir um número muito elevado de jovens à procura do primeiro emprego, “que já ocorria antes da crise”, significa que o ensino não está em sintonia com a realidade e não contempla as verdadeiras necessidades das empresas e da economia.
Quanto aos milhares de licenciados no desemprego, considera que representam “um gravíssimo delapidar de dinheiros públicos”, defendendo um ensino mais prático e um apoio aos jovens sobre as oportunidades que existem no mercado, antes de decidirem o seu futuro de formação.
Em altura de crise, António Saraiva salientou que “nós não nos podemos resignar, sem confiança não há futuro e sem ousadia não há sucesso”. Dirigindo-se aos formandos, referiu que “o vosso diploma é uma ferramenta essencial para o vosso sucesso”, adiantando que “resulta de um trabalho sério e empenhado, aprenderam a fazer e sabem agora como fazer bem o que tem que ser feito”.
Para terminar, o dirigente empresarial destacou a importância da reindustrialização. “Portugal, e a própria Europa, não sairão da crise e da espiral recessiva que atravessamos, se não forem criadas as condições para o estabelecimento e posterior fortalecimento de uma sólida base industrial”, no qual considera que a formação profissional tem um papel fulcral. Palavras que viriam a ser usadas também pelo secretário de Estado do Emprego.
O vice-presidente da Câmara, Tinta Ferreira, elogiou quem aposta na sua formação e aproveitou a ocasião para destacar o sucesso das Caldas da Rainha ao nível da qualificação dos recursos humanos, na formação profissional e também na via ensino, o que torna o concelho mais atractivo para as empresas se instalarem. “Cinquenta por cento da oferta de ensino acima do 9º ano no concelho é de formação profissional ou ensino técnico-profissional”, referiu o vereador.
Por outro lado, salientou que o concelho está em primeiro lugar na média dos concelhos nos exames do ensino secundário.

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Um Cenfim de formações

Cristina Botas, directora do núcleo do Cenfim das Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, deixou um incentivo a todos que continuassem a apostar na sua aprendizagem. “Nós trabalhamos sempre na base da aprendizagem ao longo da vida”, referiu, lembrando que neste centro puderam perceber “que podem ir muito mais longe”.
O Cenfim está suportado em quatro grandes pilares: “o mercado, a formação profissional que gera competências, as competências criam emprego, permitem a fixação no mercado de trabalho, e depois o objectivo é que as pessoas voltem ao mercado e à formação”.
Com 28 anos de existência, o Cenfim é o maior e um dos mais antigos centros de formação de gestão participada do país. Criado para a qualificação e formação dos recursos humanos do sector metalúrgico e electro-mecânico, o centro faz continuamente um levantamento das necessidades de formação em contacto directo com as empresas. Cada um dos núcleos elabora os seus planos de formação baseados nessas necessidades, em articulação directa com as empresas e o catálogo nacional de formação. “É um trabalho de parceria e de colaboração”, explicou Cristina Botas.
Ao nível dos jovens foram dadas mais de 1,5 milhões de horas de formação e nas empresas 669 horas de formação. Isto embora 80% dos formandos sejam adultos no activo, uma vez que a formação dos jovens é de longa duração (dois a três anos). Os núcleos das Caldas, Torres e Peniche representam 18% da actividade total do Cenfim (301 mil horas para jovens e 91 mil para adultos).
Uma das grandes apostas do Cenfim é na formação da aprendizagem em alternância dos jovens. “É uma formação com muitas horas e muitas competências” e que tem uma grande procura por parte dos empresários que querem “uma mão-de-obra qualificada e com muito ‘know-how’”.
Os Cursos de Especialização Tecnológica (CET), em colaboração com escolas do ensino superior, têm tido também muita procura por parte dos jovens com o 12º ano.
Para os adultos há a formação contínua para os que já estão a trabalhar no sector, parte da qual é feita à medida de acordo com as necessidades das empresas.
Os cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA) têm tido muita procura devido ao aumento do desemprego. “Quando o desemprego aumenta há necessidade de dotar as pessoas de outras ferramentas e torná-las mais capazes”, explicou Cristina Botas. Há ainda as unidades de curta duração e a formação pedagógica de formadores.
Segundo Cristina Botas, o facto de haver menos alunos nas escolas faz com que os centros de formação sejam quase vistos como concorrentes. Por outro lado, salientou que a formação profissional “não é o parente pobre do ensino, mas sim uma outra via e é garantidamente melhor ao nível do ‘saber fazer’”. Pela formação prática e pelos estágios realizados em contexto de trabalho.
Por isso o Cenfim tem taxas de empregabilidade muito elevadas, tanto em relação aos jovens como nos adultos, mesmo numa altura em que há tanto desemprego. “É uma jóia coroa pouco divulgada e reconhecida”, considera.
Em nome dos formandos falou Timóteo Gabriel, que terminou o curso de aprendizagem de Refrigeração e Climatização. O jovem de 18 anos elogiou a formação que recebeu no Cenfim por ser muito prática e de acordo com o que o mercado de trabalho necessita. Timóteo Gabriel participou no Campeonato Nacional das Profissões, onde obteve o terceiro lugar em Electromecânica, e já está a trabalhar numa empresa da região. “No futuro espero frequentar mais formações e recomendo a todas as pessoas que o façam”, concluiu.

Pedro Antunes

pantunes@gazetadascaldas.pt

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