O secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, inaugurou a Frutos – Feira Nacional de Hortofruticultura, na tarde de 17 de Agosto. Depois de visitar todo o certame, o governante elogiou a autarquia, pela “excelente realização da feira, num espaço belíssimo”. O governante destacou a aposta feita nos frutos e hortícolas, dois produtos de excelência da agricultura portuguesa e informou que o governo pretende estender à fruta os seguros de colheita, até agora exclusivos à vinha. Esta medida vem na sequência das condições climatéricas que se têm feito sentir e que este ano levaram ao “escaldão” na pera e maçã.
O certame, que decorre até domingo, foi visitado por 25 mil pessoas durante o primeiro fim-de-semana, um número semelhante ao registado na edição do ano passado. A grande afluência registou-se sobretudo à hora dos espectáculos, que continua a ser uma das grandes apostas da organização.

O governante chegou à hora marcada, 18h00, de sexta-feira e demorou mais de duas horas a visitar todo o certame. Luís Medeiros Vieira começou por conhecer a cerâmica contemporânea caldense, numa visita guiada por João Serra pela “Tiragem”, a exposição da Molda 2018, que se encontra patente no Céu de Vidro. Já dentro do recinto da feira, cumprimentou os cerca de 200 expositores, provou alguma da fruta que por cá se produz e brindou ao sucesso do evento.
No final da visita não poupou elogios à autarquia, pela “excelente realização da feira, num espaço belíssimo”. O secretário de Estado da Agricultura destacou ainda que o certame dá destaque aos frutos e hortícolas, dois produtos de excelência da agricultura portuguesa. Aos jornalistas explicou que em 2017 o valor das exportações no sector atingiu os 135 milhões de euros e “tem estado num crescimento contínuo”.
De acordo com Luís Medeiros Vieira, no que respeita à fruta, nos primeiros seis meses deste ano registou-se um aumento na produção de 2,4%, com realce para os pequenos frutos. No entanto, o Verão tardio veio trazer algumas complicações no desenvolvimento da fruta e consequente aproveitamento de algumas oportunidades comerciais de exportação em mercados europeus, onde a fruta portuguesa chegava antes dos outros países.
Apesar desta “situação acidental”, o secretário de Estado considera que este é um sector de referência, com “excelentes organizações e bons produtores, que mostram que a nossa agricultura é cada vez mais inovadora, profissional e orientada para o mercado”.
Já o efeito das altas temperaturas, que recentemente se fizeram sentir, também teve influência na produção, provocando o chamado “escaldão” nos frutos. Uma situação que, no caso da vinha, é apoiada com um seguro de colheitas, mas que não está previsto para a fruta. “Estamos a pensar para próximo ano podermos incluir este risco no seguro de colheitas também ao nível da fruta”, disse o secretário de Estado.


Luís Medeiros Vieira defendeu que é fundamental produzir com qualidade e olhando para o mercado externo, com o objectivo de conseguir também melhores preços para a venda dos produtos. No caso da pera Rocha, em 2017 Portugal exportou 110 mil toneladas, que correspondeu a 95 milhões de euros. “É um ex-libris da fruticultura nacional em termos de exportação, mas que cada vez mais está associado a outras produções, nomeadamente os pequenos frutos”, especificou o governante.
O secretário de Estado defendeu ainda a aposta no reforço das organizações de produtores, pois só sendo mais fortes podem aproveitar os fundos operacionais na sua plenitude.
De acordo com o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, este ano, entre as novidades estão a alteração do espaço institucional, que o ano passado estava dentro de uma tenda e que este ano está a céu aberto, juntamente com outros espaços de exposição e a recriação da Praça da Fruta.
As bancas do artesanato ficam fora do certame, alinhadas na zona do coreto, permitindo aos visitantes do Parque terem acesso aos produtos sem ter que entrar na feira. Por outro lado, permite um maior desafogo no interior do recinto.
Tinta Ferreira explicou que houve uma preocupação com a conservação dos espaços verdes e que o certame pretende obter a certificação de ecossustentável.
APOSTA FORTE NOS CONCERTOS
Carolina Deslandes foi a primeira artista a subir a palco dos concertos e, acompanhada por alguns milhares de fãs, cantou alguns dos seus maiores êxitos, como “A vida toda” e “Avião de Papel”. Na noite seguinte, foi a vez de Aurea subir ao palco e nova enchente.
Os concertos continuam durante a semana com artistas nacionais, mas também com bandas e cantores caldenses. Para hoje está previsto um concerto com Matias Damásio, amanhã será a vez de Cuca Roseta subir ao palco. A feira encerra ao som dos Resistência.
Há também videomapping, animação itinerante, dj’s e já foi eleita a primeira Miss Frutos, Tânia Dinis.
Produtos biológicos
Entre os visitantes, a opinião é de que o certame está melhor do que nas edições anteriores. Mária Santos, de A-dos-Francos, considera que a parte da entrada está diferente e mais agradável, destacando também o facto desta se realizar no Parque D. Carlos I. A visitar a feira juntamente com a família, explicou que vêm sobretudo pelos expositores, pela parte biológica e pelo espaço de animação para a filha pequena.
Já o casal Carlos e Ana Duarte, de Lisboa, aproveitou a tarde de sábado para comprar alguns produtos e passear pelo recinto, antes de ver o concerto da Aurea. “É sempre uma oportunidade para levarmos fruta desta região e o facto de existir o serviço de estafetas também ajuda a que não tenhamos que andar carregados”, disse Ana Duarte.
Entre os expositores, Elsa Zenário, da Mercearia Zen, cativava os visitantes com o seu chá de sangria fresco. Trata-se de uma bebida feita à base de hibisco, frutas e canela, mas sem adição álcool nem açúcar. Olivia da Costa, de Lisboa, não resistiu a provar e aprovou. “É muito bom, nem sabia que existia. Sou apreciadora de sangria e esta novidade é óptima porque não tem o problema do álcool”, disse.
Também Maria João Lopes, de Vila de Rei, destaca que a feira está bem estruturada. A produtora de mel marcou presença nos anos anteriores com um stand próprio e este ano tem os seus produtos expostos na Mercearia Zen.
O espaço “Vamos à horta”, dinamizado pela Coagrical, permite ver as sementes a germinar e as plantas a crescer. Os mais novos podem pegar em pequenos vasos biodegradáveis, encher de substracto e plantar uma planta aromática à escolha entre manjericão, vermelho e verde, tomilho, cebolinho, salsa e coentros. “O manjericão vermelho tem sido a planta preferida por ser fora do vulgar”, explicava Mariana Henriques, do staff da Feira dos Frutos que está a dinamizar as actividades com as crianças.
Há também uma mostra de sementes e uma parede vertical feita com plantas aromáticas, que tem suscitado muito interesse entre os visitantes.
Ao lado, Susana Rodrigues, da Bio’s Mercado Biológico, uma loja de produtos biológicos nas Caldas da Rainha, preparava-se para mais uma demonstração, desta feita de águas aromatizadas. Já antes tinham sido dinamizadas acções sobre iogurtes vegan (feitos a partir de leite de aveia) e como reconhecer os ovos biológicos. Para amanhã está prevista uma demonstração sobre cogumelos shitake.
Susana Rodrigues nota que de ano para ano nota-se que há um crescendo de interesse relativamente aos produtos biológicos. Na sua opinião deveriam de haver “mais produtores para que haja também mais oferta e os preços possam ser mais competitivos em relação ao convencional”.
No telheiro realizam-se showcookings com chefs da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste e provas de vinhos. A zona de restauração conta com cinco bares e sete restaurantes.
Na inauguração da feira foi também apresentado um azulejo e um íman para o frigorífico inspirado na Praça da Fruta, da autoria da ceramista Mariana Sampaio. A peça é inspirada na calçada portuguesa que existe na Praça da Fruta e nos espaços em redor, nomeadamente nos edifícios e gradeamentos de Arte Nova. Possui ainda uma caixa da fruta a fazer coroa, uma couve e o ano de construção da praça (1883). O azulejo existe em várias cores, desde as típicas das Caldas como é o caso do verde Caldas, castanho manganês e amarelo mel, a que se juntam uma paleta de cores mais apelativas. No stand do Caldas Empreende, a jovem tem também expostas algumas das suas peças de cerâmica inspiradas no trabalho de costura e crochet das avós. “Não tinha jeito para a costura, mas como tenho para a cerâmica, adaptei as formas”, explicou.
Além das peças de cerâmica de autor o atelier também é especializado em produtos customizados ao cliente, como é o caso das caixas em cerâmica para colocar os pastéis Bordalo, ou os expositores de cerâmica que concebeu para Liliana Alves colocar as joias.
Também a designer de joias está a expor o seu trabalho no certame e dinamiza ateliers, no dia 24 de Agosto, entre as 19h00 e as 23h00, e no dia 25, entre as 17h00 e as 22h00. Em períodos de 30 minutos os visitantes podem experimentar, gratuitamente, o ofício da joalharia com a ajuda de Liliana Alves e perceber se têm aptidão para a área.

Uma mini praça da Fruta
Regina Carreira não tem mãos a medir por estes dias. De manhã faz o mercado na Praça da Fruta e à tarde segue para o Parque, onde monta de novo a banca e por lá se mantém noite dentro. É o segundo ano que a vendedora participa no certame e uma das que acederam ao convite da autarquia para ali vender os seus produtos. E diz que o faz porque gosta do evento e também para “ganhar alguns trocos”.
Na sua banca há uma grande variedade de frutas, tremoço caseiro, pevides, feijão, nozes e alhos, entre outros produtos. Alguns dos visitantes já são seus clientes na Praça e aproveitam a sua presença para comprar mais alguma coisa. “O primeiro dia foi bom ao nível das vendas e o espaço está muito lindo”, disse Regina Carreira, que apenas lamenta não poder deixar a banca montada para o dia seguinte.
No mesmo espaço está a estreante Ana Duarte a vender as suas frutas desidratadas. São 17 variedades entre maçã, pera Rocha, cogumelos, abacate, tomate, morangos, melancia, limão com chocolate branco ou laranja com chocolate negro.
“A Câmara convidou-me e ainda bem que aceitei porque ajuda-me a promover o produto, é uma experiência nova e muito boa”, disse a vendedora das Frutas d’Ana à Gazeta das Caldas.
Ana Duarte considera que o cenário está bastante apelativo e que os outros vendedores que não quiseram estar presentes depois de verem o resultado vão arrepender-se. “Estou muito contente e para o ano quero voltar”, assegura.

Oleiro trabalha ao vivo no Museu do Ciclismo durante a Frutos
O oleiro João Pinto está a trabalhar ao vivo, às sextas-feiras e sábados, entre as 20h30 e as 23h00, no período em que decorre a Feira dos Frutos. Na noite de sexta-feira, o artista criava assadores de castanhas em barro para uma peça da colecção de Mário Lino, enquanto esperava que o barro secasse para fazer os postais da terra.
João Pinto trabalha em diversas técnicas, com barro vermelho, pasta refractária e outro tipo de barro que utiliza para fazer instrumentos musicais. “O objectivo é criar animação e envolver as pessoas”, contou o oleiro, que ainda recentemente esteve no festival Bons Sons com os seus instrumentos musicais em barro.
A apreciar este trabalho manual estava um casal de espanhóis de férias nas Caldas pelo segundo ano consecutivo. Miguel Guzman conta que o ano passado ficaram encantados com a região e pessoas e que o filho pediu-lhes para voltar à zona onde tinham estado. O turista destaca a beleza da cerâmica portuguesa que descobriu numa visita à loja da Fábrica Bordallo Pinheiro.


































