Secretária de Estado inaugurou Espaço Turismo nas Caldas

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A secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, diz que não vai voltar atrás no modelo organizado pelo anterior governo que colocou o Oeste no Turismo do Centro. A governante falava nas Caldas, onde inaugurou, no passado dia 13 de Fevereiro, o edifício Espaço Turismo, localizado ao cimo da Praça da Fruta e apetrechado com quiosque e mesa interactiva, paredes meias com uma loja de produtos regionais, galeria de exposições e um restaurante.
O edifício, datado do século XVI e que já foi um hospício dos monges arrábidos instalados no convento das Gaeiras, cadeia e sede da PSP, foi alvo de uma requalificação de cerca de meio milhão de euros, comparticipada por fundos comunitários em 165 mil euros.

“Vivam as Caldas”. Esta a frase deixada pela secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, no quiosque de testemunhos de visitas, registando assim a visita ao novo edifício que acabara de inaugurar. Logo à frente viu como funcionava uma mesa e parede interactivas onde se pode aceder ao guia turístico da cidade e visualizar o seu património. Já no primeiro andar foi visitada a loja de produtos tradicionais e a galeria de exposições, que tem patentes trabalhos do artista plástico Mário Reis.
“Consumidora” da praça e da cerâmica caldense, a secretária de Estado disse que a inauguração daquele espaço, num edifício do século XVI que foi recuperado, é simbólica do que pretende que seja o seu trabalho na área do turismo. “Quero valorizar o que temos, assumir os nossos valores identitários culturais de património e fazer disso a alavanca para promovermos Portugal”, disse.
A governante falou ainda sobre os bons resultados apresentados pelo sector do turismo, reconhecendo que estes não beneficiam todo o país, mas apenas algumas zonas turísticas. Quer garantir que os turistas chegam a todos os lugares e não apenas aos destinos que “estão na moda”, como é o caso de Lisboa.
De acordo com Ana Mendes Godinho, o governo aposta forte na valorização dos recursos e património, assim como na democratização do seu uso. “Tem que estar acessível a todos e o seu uso tem que ser facilitado”, disse, defendendo a criação de mecanismos para que o investimento no património seja mais fácil e crie mais riqueza. Considera que é também necessário possibilitar a inovação ao nível do património e garantir um trabalho articulado entre o Estado e sector privado no sentido de dinamizar o investimento e criar condições para que este aconteça de uma forma rápida.
O sector do turismo deve ainda ter “a capacidade de comunicar” tudo aquilo que Portugal possui, pois um dos seus maiores problemas é a “falta de percepção” do turista estrangeiro sobre a “riqueza patrimonial do país”, disse. A governante aposta, para isso, no trabalho no terreno, nomeadamente através das entidades regionais de turismo.
Questionada pela Gazeta das Caldas sobre a manutenção da antiga Região de Turismo do Oeste no Turismo do Centro, Ana Mendes Godinho foi bem clara ao dizer que não pretende efectuar alterações ao nível das entidades de turismo que foram criadas pelo governo anterior, nomeadamente de voltar a haver um pólo no Oeste. “O meu objectivo é estabilizar o modelo existente para garantirmos que trabalhamos sem sobressaltos” disse.

“Um espaço para todos”

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A obra, que demorou cerca de cinco anos a concretizar por várias falências dos empreiteiros, “enche de orgulho” o presidente da Câmara. De acordo com Tinta Ferreira, o facto deste edifício acolher o posto de turismo municipal e tornar a primeira recepção de quem visita a cidade “agradável e hospitaleira” é muito importante, tendo em conta que as Caldas quer afirmar-se neste sector.
O autarca lembrou que houve várias ideias para o topo da praça, inclusive a demolição do edifício para permitir uma ligação directa à zona do Chafariz das 5 Bicas ou a continuidade do quartel da PSP, mas acabou por se tornar um “espaço para todos”, tanto turistas como caldenses, que podem tomar um café na esplanada ou uma refeição no restaurante.
Dirigindo-se à governante, Tinta Ferreira disse que as Caldas, pelas suas características, localização geográfica e suas gentes, tem todas as condições para fazer parte das rotas nacionais de turismo. Lembrou que a autarquia começou a promover iniciativas de dinamização cultural e que agora é a própria sociedade civil a “puxar” pelas Caldas, dando o exemplo de eventos como o concerto de tributo aos Beatles que decorreu nos telhados da cidade, os mercados de rua ou o festival de street food.
Mas para uma maior afirmação das Caldas falta a resolução dos seus três problemas crónicos: a modernização da Linha do Oeste, desassoreamento da Lagoa de Óbidos e o funcionamento do Hospital Termal, que o autarca acredita que possam estar resolvidos até 2020. “Com a sua resolução estamos convencidos que o clima de confiança e iniciativa será mais forte”, disse.
Já o vereador do Turismo, Hugo Oliveira, considera que este edifício impunha-se. “Urgia centralizar e modernizar a forma de receber os nossos turistas”, disse.
Também o ex-presidente da Câmara, Fernando Costa, foi convidado a usar da palavra por ter uma ligação emocional ao edifício. Esta foi, aliás, a primeira casa que conheceu, em 1964, quando chegou de Leiria com o pai, então agente da PSP que tinha sido promovido a sub-chefe para comandar a esquadra. Foi ali também que ensinou “alguns agentes para evoluir na Matemática e noutras áreas” para os exames, lembrou.
Fernando Costa falou ainda da “preocupação” que a Câmara sempre teve em preservar o essencial do edifício, no seu interior e exterior, um processo que teve início durante a sua gestão autárquica.

“Fruta da Casa” junta cultura e tradição com modernidade

O restaurante “Fruta da Casa”, situado no rés-do-chão do Espaço Turismo deverá abrir as suas portas em finais de Março, inícios de Abril. A data foi avançada pelo responsável pelo espaço, Jorge Magalhães, justificando que antes pretendem testar as ementas, que já foram criadas pelo chef.
No espaço, que pretende aliar cultura e tradição com modernidade, podem encontrar-se candeeiros feitos a partir de caixas da fruta e as paredes decoradas com fotografias antigas da Praça, algumas delas datadas do século XIX.
“Estamos a tentar “casar” essa cultura dos nossos antepassados com a modernidade das nossas artes”, disse Jorge Magalhães, numa referência ao artista plástico em andas e com asas de anjo, que animava o espaço durante o cocktail de inauguração do Espaço Turismo.
Eduardo Frade foi o decorador do espaço. Explicou à Gazeta das Caldas que este irá mudar periodicamente, até porque o conceito do restaurante a isso obriga. Anda agora à procura de projectos e imagens de como era o edifício antes para expor e também gostaria de fazer quadros com Gazetas antigas.
De acordo com Jorge Magalhães, haverá uma aposta nos produtos das Caldas e zona circundante, nomeadamente ao nível da fruta, vegetais e vinhos. Também a loiça e faqueiros foram adquiridos a empresas da região.
“Queremos ter uma oferta gastronómica em que as pessoas se identifiquem com o que estão a comer”, explicou o responsável sobre o espaço com capacidade para 52 pessoas sentadas.
A zona exterior ao restaurante funcionará durante a Primavera e Verão como espaço de espectáculos e haverá desde trapézio a tecidos chineses, cinema ao ar livre e musica ao vivo.
Jorge Magalhães é caldense, mas viveu vários anos fora, antes de regressar à terra natal. Teve, durante sete anos, uma experiência de gastronomia e bar em Santa Cruz e “era um bichinho que sempre ficou, a par dos laboratórios dentários e os cavalos”, contou.
O ano passado já tinha concorrido a uma concessão na Nazaré, que não conseguiu obter e quando soube desta, “fizemos uma proposta credível e ganhámos”, concretiza.

 

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