São várias as mulheres das Caldas da Rainha que se dedicam a cortar cabelos e a aparar barbas a… homens. Algumas tiveram que enfrentar a estranheza de ver uma mulher num trabalho que, até há alguns anos, era sobretudo associado a homens. Os tempos são de mudança e há cada vez mais homens a recorrer a elas para lhes tratarem adequadamente da barba e do cabelo
Até há alguns anos, barbeiro era uma profissão de homem, mas nas Caldas há várias mulheres que agora se dedicam a esta profissão. Paula Martins, 48 anos, conta que foi uma das primeiras senhoras na cidade a dedicar-se à barbearia. “Já cortei muitos quilómetros de cabelos”, disse a cabeleireira, que iniciou a actividade com 21 anos. Hoje – com 25 anos de carreira – gere o seu próprio negócio há um ano no centro comercial que fica próximo do Chafariz das Cinco Bicas.
“Faço cortes de cabelo e barbas”, disse a profissional, que aprendeu com o pai da sua filha durante 12 anos na barbearia “Corte Clássico”. A cabeleireira caldense considera que a sa barbearia se localiza num ponto de passagem e, por isso, vai angariando novos clientes que se juntam a outros que a acompanham ao longo de 25 anos. “Tenho vários clientes estrangeiros sobretudo franceses que agora moram na região”, contou a cabeleireira caldense, que é do Chão da Parada.
Paula Martins prefere cortar cabelos do que fazer barbas, algo que recomeçou a fazer há um ano. Quanto aos cortes, tenta “cumprir o que o cliente pede, seja mais moderno ou mais clássico”, contou a cabeleireira, que que gere uma barbearia clássica. A maioria dos seus clientes tem mais de 40 anos, mas quando vêem os mais jovens não se nega a realizar cortes à Cristiano Ronaldo, com marcas de lado e tudo.
A primeira mulher dos Claras
Carla Farinha tem 46 anos e é da Lagoa Parceira. Ainda jovem, com 16 anos, começou por ser cabeleireira de senhoras. Ainda passou por outro salão mas depois tomou a decisão de ir trabalhar para a barbearia dos Claras, que então existia na Rodoviária. Foi preencher a vaga de um barbeiro que tinha falecido e, como tal, foi a primeira mulher a trabalhar naquele estabelecimento. Obteve o curso de oficial de barbeiro e tirou outras acções de formação em Lisboa e conta que ainda conserva clientes dos tempos dos Claras, ou seja, a quem corta o cabelo há pelo menos 30 anos.
Mais tarde teve outras colegas mulheres mas que iam saindo para se estabelecerem nos seus salões dedicados às senhoras. “No início não foi fácil de lidar com essa estranheza pois havia quem ficasse na montra a olhar para mim na barbearia”, contou Carla Farinha que há 12 anos possui o seu próprio espaço na Rua do Sacramento.
Na barbearia, com o marido
Valentina Soares, 38 anos, trabalha numa barbearia próxima da Praça da Fruta. Quando ficou desempregada veio ajudar o seu marido, António e como fazem uma boa equipa de trabalho, acabou por ficar. Formou-se em barbearia em Leiria e a sua carreira profissional já totaliza 15 anos, atendendo clientes com meses de idade até aos 90 e muitos anos.
“Temos clientes de Lisboa, que além de virem cortar o cabelo à barbearia aproveitam para fazer compras na Praça”, contou Valentina Soares que acha que os homens na actualidade têm mais preocupações com a sua aparência. A barbeira tanto faz cortes clássicos como modernos e tem algumas clientes mulheres, de várias idades, que vêm ao barbeiro porque gostam dos cortes bem curtos. Entre os clientes contam-se também vários estrangeiros que vivem na região e emigrantes caldenses que, quando chegam de férias, não dispensam o corte de cabelo no seu espaço.
Primeiros cortes em familiares
Paula Leandro tem 46 anos, é da Cumeira (Santa Catarina) e possui a sua barbearia em frente à ETEO. Primeiro, trabalhou numa barbearia clássica nas Caldas da Rainha, onde aperfeiçoou a sua técnica de corte pois sempre se lembra de ser a responsável pelos cortes de cabelo dos seus familiares com máquina e à tesoura.
Corta cabelos e apara barbas a clientes das mais variadas idades, incluindo estrangeiros que vivem na região. “Corto cabelos a pais, filhos e até já a alguns netos das mesmas famílias”, informou a barbeira que acha que a melhor publicidade é a que passa boca a boca.
“Faço os cortes e aparo as barbas conforme me pedem”, disse a barbeira, contando que tem clientes que lhe pedem desenhos na barba, alguns querem só “moscas”, outros pedem para deixar as badanas e até quem lhe pede para fazer “marcas” nas sobrancelhas…































