A União de Freguesias tem representados os cinco continentes entre os seus cerca de 13 mil fregueses, com cidadãos de 40 países. São 731 estrangeiros (5,41%), um número acima de média nacional. “Caldas do Mundo” é o nome do projecto que pretende conhecer para integrar e que deverá entrar numa segunda fase. A primeira parte do estudo teve um custo de 2500 euros
Na União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro existem, pelo menos, 731 estrangeiros de 40 países e com uma idade média de 43,3 anos. Por cada 56 indivíduos, um é menor, o que significa que ou já estão estruturados em família ou procuram formá-la. As principais motivações para virem para este destino são três: há os que vêm para estudar, aqueles que vieram para trabalhar e ainda os que escolhem este local para gozar a reforma. Também há quem, com idade mais avançada, tenha vindo para investir, mas isso sente-se principalmente na área da Serra do Bouro.
Estas são algumas das conclusões da Carta Local das Comunidades, que se iniciou com um estudo que incidiu sobre as interacções que os cidadãos estrangeiros necessitaram de ter com a Junta de Freguesia durante os últimos dois anos e meio (de 2017 até Abril de 2019). Os resultados foram apresentados na noite de sábado, 18 de Janeiro, na Biblioteca Municipal, pelo técnico, Ricardo Gomes, que apontou um pico de imigração em 2018.
A comunidade mais representada na União de Freguesias é a brasileira (296 pessoas) e é também a que tem mais menores registados. Nos 19 agregados existem 154 homens e 152 mulheres. E se a existência destes agregados demonstra a ponderação da escolha, numa ponta antagónica está a Nova Zelândia, com apenas um homem a residir na freguesia, que terá visto Portugal como um refúgio sazonal.
Entre os 731 imigrantes, a comunidade mais jovem é a búlgara (com uma média de 20 anos) e a mais velha a moçambicana (67,5 anos).
A existência de agregados demonstra que os imigrantes que vêm da Europa e da América vêm, na sua maioria, com um planeamento, enquanto que noutros países a saída é uma fuga a questões de tumultos e de instabilidade política e económica.
INCLUSÃO: UMA ESTRADA DE DUAS VIAS
Carla Branco, da Partnia (parceiro do projecto), alertou que “Portugal, à semelhança, de outros países da Europa, precisa de pessoas, porque senão o sistema económico colapsa”. Nesse sentido será preciso uma estratégia de marketing para atrair mais cidadãos.
A socióloga fez notar que o trabalho sazonal não cria projectos de vida e que o objectivo desta iniciativa é que “cada pessoa possa desenvolver o seu projecto de vida, independentemente da nacionalidade”.
Entre as acções concretas deu uma ideia: dar a conhecer a cozinha cigana, aproveitando o facto de existir uma grande comunidade desta etnia nas Caldas e possibilitando a sua descoberta.
O próximo passo do projecto “Caldas do Mundo” é realizar entrevistas e, em vez de dois anos e meio, analisar uma década, o que permitirá ter outra percepção do fenómeno, possibilitando saber, por exemplo, se a imigração é sazonal ou permanente.
A União de Freguesias já está a negociar essa segunda fase. O presidente da Junta, Jorge Varela, referiu que este primeiro estudo já é “uma base de trabalho para pensar em ideias concretas”.
Quando lançou este projecto, em conversa com a Gazeta das Caldas, o autarca havia referido que gostaria de organizar um festival de gastronomia do mundo, algo que agora poderá ganhar forma.
“A realidade superou as expectativas que tínhamos, não imaginava que existissem 40 comunidades e é simultaneamente um motivo de orgulho e algo que nos enriquece”, disse o autarca, fazendo notar que “a inclusão é uma estrada de duas ligações” e que o caminho “não é aportuguesar as pessoas que vêm de outros países, mas sim deixar que mantenham as suas tradições e cultura, para que em conjunto possamos valorizar essa diversidade”.
Maria João Domingos, vice-presidente da Câmara das Caldas, contou que já tinha sentido a diversidade nas escolas e que havia reunido com os directores dos agrupamentos para que estes tentassem perceber as principais necessidades.
A sessão foi moderada pelo director da Gazeta das Caldas, José Luiz Almeida Silva.































