Sabores do mar inspiraram almoço da EHTO dedicado à Nazaré

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2016-04-22 Primeira.inddSexta-feira, 1 de Abril, realizou-se mais um almoço “Sabores do Oeste” no restaurante pedagógico da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste, desta feita dedicado às iguarias da Nazaré. Sem propostas de carne na ementa, o grande destaque foi dado ao pescado. Começando pelas amêijoas com molho à portuguesa, seguiu-se o carapau seco servido com caldo verde e a típica caldeirada à pescador. Só a sobremesa não incorporava o peixe como ingrediente, embora este lhe desse forma na apresentação final do prato. As sardinhas doces têm como base massa folhada e creme de ovos. Actualmente, dedicam-se à secagem do carapau na praia da Nazaré cerca de 10 famílias. Um número redondo que tem vindo a diminuir pela avançada idade das peixeiras. Para manter viva esta tradição secular, o presidente da Câmara Walter Chicharro pretende criar o Museu Vivo do Peixe Seco. “Contamos que no próximo Inverno se iniciem as obras de requalificação na zona de secagem do peixe, em pleno areal da nossa vila piscatória”, afirmou, sublinhando que as intervenções se estendem à antiga lota (actual Centro Cultural), “um espaço que cumprirá todas as exigências de segurança alimentar para que as senhoras trabalhem o peixe nas melhores condições possíveis”. Álvaro Manso é o arquitecto paisagístico que está à frente do projecto. Adicionalmente, a Câmara da Nazaré tem reunido com a Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (Peniche) para em conjunto elaborarem um manual de boas práticas da secagem ou criarem uma certificação que possa ser atribuída a essas peixeiras. Ainda sobre o carapau seco, Walter Chicharro referiu que esta iguaria está presente em todos os eventos gastronómicos em que o município participa. A próxima edição da Festa Marítima Internacional de Brest, um evento para o qual Nazaré foi convidada e que junta mais de 1500 embarcações e atrai 700 mil visitantes, será uma “excelente” oportunidade para fazer chegar o carapau seco e enjoado às bocas do mundo. Mais: “outra prova que o carapau faz sucesso foi o interesse demonstrado pelos dois últimos programas televisivos de gastronomia que vieram à Nazaré conhecer o produto”. Neste caso, o MasterChef Portugal (TVI) e o Chef’s Academy (RTP). Segundo o chefe Luís Tarenta, 90% dos alunos responsáveis pelo almoço não sabiam confecionar o carapau seco e a maioria nem conhecia o ingrediente. “É um produto de excelente qualidade, mas mais difícil de trabalhar que os frescos”. Cozido, grelhado ou cru, este pescado tem a vantagem de passar por um processo de secagem que o conserva durante meses. O carapau seco servido no almoço foi fornecido pela empresa Maria da Nazaré e o restante pescado pela Nazaré Peixe Lda. e Luís Silvério e Filhos SA. Já os produtos hortícolas foram facultados pela Hortofrades. Embora seja famosa pelo seu mar “a Nazaré conta também com uma componente agrícola de elevada qualidade”, destacou Walter Chicharro, frisando que no sector da doçaria há ainda um longo caminho a trilhar. As sardinhas doces, por exemplo, pouco são comercializadas. “Quem sabe”, sugeriu o presidente, “se as ondas gigantes não poderão ser em breve motivo de inspiração para os pasteleiros”.
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