Rui Marques preocupado com a demora na resposta aos refugiados

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FotoRuiMarquesA problemática dos refugiados foi tema de conversa, durante mais de uma hora, entre o coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) e os alunos da Escola Secundária Raul Proença, no passado dia 1 de Fevereiro. O dirigente da PAR considera que é uma obrigação moral da Europa receber os que procuram abrigo e mostrou a sua preocupação com a demora na tomada de medidas. “Se não conseguir, até Março, dar uma resposta consistente e capaz de organizar este fluxo de refugiados, teremos na Europa um problema muito grave”, alertou.

Chegaram à Europa no último ano um milhão de refugiados, mas estes países estão a mostrar dificuldades no seu acolhimento, uma situação que está a preocupar o coordenador da PAR, Rui Marques, que considera que a comunidade europeia não tem sabido controlar a situação e que isso causa sentimentos de medo e insegurança na opinião pública.
“Muitos refugiados arriscaram a sua vida ao passar o mar Mediterrâneo para chegar a um sítio seguro e com pessoas dispostas a ajudar”, referiu, acrescentando que depois não é isso que acontece. Tendo por base os exemplos vindos de países do centro e norte da Europa, onde estão a ser tomadas medidas bastante proteccionistas, o responsável alerta para os comportamentos racistas e xenófobos que estão a ganhar fôlego. “Quando vejo um discurso de ódio e violência não posso deixar de lembrar o que aconteceu nos anos 30 na Europa, em que também os nacionalismos, a linguagem do ódio e a manipulação das populações contra um grupo minoritário, geraram depois a guerra”, alerta.
Para Rui Marques só os valores da solidariedade e inter-ajuda entre os países europeus poderão estar na base da gestão desta crise humanitária com o padrão de respeito pelos direitos humanos. Realça que isso não está a acontecer neste momento e que “estamos sim, muito mais próximos de uma civilização bárbara, do século XVIII”.
Este egoísmo da Europa levará, na sua opinião, a danos graves no futuro. Dirigindo-se aos jovens que o ouviam, Rui Marques alertou para o facto das gerações futuras virem a perder o espaço Schengen, o euro, a União Europeia e, por fim, terem que se preparar para a guerra.
Até agora Portugal só recebeu 26 refugiados ao abrigo do programa de recolocação e para breve está prevista a vinda de mais, embora sem que haja uma data já definida. O coordenador da PAR lamenta esta atraso, lembrando que existem 4500 locais disponíveis para os acolher e que não estão a ser aproveitados devido à falta de organização das instancias europeias.
“Não tem havido capacidade para mobilizar os refugiados para os países que estão disponíveis para os acolher e isso deve-se a mau funcionamento europeu”, critica, adiantando que a Comissão Europeia tem mostrado uma “enorme incapacidade de gerir este fluxo de refugiados”.
Um problema que está longe de acabar porque a guerra continua e as pessoas têm que continuar a abandonar as suas casas. Garante que os refugiados não são terroristas, mas que estão a fugir dos terroristas, que atacam as suas cidades.
O  ex-alto comissário para a imigração  apelidou de “imbecil” a atitude dos países europeus que confundem as vitimas com terroristas e acrescenta que são os próprios terroristas os mais interessados em manter presente essa confusão.
Rui Marques reconheceu também o problema das crianças que chegam desacompanhadas e cujo rasto se perde, capturadas por redes de tráfico humano. “Nem delas estamos a conseguir cuidar”, disse, acrescentando que um dia, quando se fizer a história desta altura, será uma pagina muito negra.
À Gazeta das Caldas Rui Marques disse que o  presidente da Comissão Europeia (Jean-Claude Juncker) informou que a Europa tem dois meses para conseguir dar uma resposta consistente e capaz de organizar este fluxo de refugiados. “Se não o conseguir fazer até Março, temos um problema muito grave”, disse.
Aos jovens deixou uma provocação: “viram, ouviram, leram e ignoram? Não tem nada a ver convosco? De certeza que tem”.

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